Em notícia-crime, autores brasileiros acusam Shakira de plágio na música que levou o Grammy

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A cantora colombiana Shakira, que faz show no Rio nesta terça-feira (11) e em São Paulo na quinta-feira (13), acabou tendo uma recepção nada agradável no Brasil. Acusada de plágio por quatro compositores brasileiros, a pop star é uma das citadas em notícia-crime encaminhada esta tarde Ministério Público do Rio de Janeiro. Um processo na área penal será o próximo passo.

Além de Shakira, três artistas que trabalharam com ela em uma música com provocações ao ex-marido, Gerard Piqué, são alvo da mesma acusação. Trata-se do sucesso “Bzrp Music Sessions vol. 53”, lançado em janeiro de 2023, ano em que foi premiada como “Canção do Ano”, no Grammy Latino.

Além disso, a composição integra o álbum “Las Mujeres ya no lloran”, com que a colombiana venceu o Grammy de melhor disco pop latino deste ano.

Segundo a acusação, a música seria cópia “categórica, cabal, evidente e impressionante” da canção sertaneja “Tu, Tu, Tu”, gravada em 2020 por Mariana Fagundes e Leo Santana.

O refrão criado pelos brasileiros diz: “Agora fala com tu tu tu tu / Foi me trair tomou no tu tu tu”. Um efeito sonoro bem parecido com a música de Shakira e do produtor argentino Bizarrap, que repete: “Pa’ tipos como tú, uh, uh, uh, uh” (“Pra tipos como tu”).

Em dezembro, a Sony foi notificada pelos compositores Ruan Prado, Luana Matos, Patrick Graue e Calixto Afiune por e-mail. Relatavam a insatisfação com o “cenário cabuloso de cópia de refrão e tema poético”. Também reclamam da “ênfase no vocábulo tu”, idêntica à  composição brasileira, que também tem a traição como tema.

A defesa dos compositores brasileiros não só fez comparações entre as partituras, mas também notou semelhanças bem claras entre os clipes das duas músicas.

Veja as similaridades detectadas:

O objetivo inicial era obter uma reparação material e moral pelos danos que teriam sido causados pelo plágio. O advogado dos compositores brasileiros, Fredímio Biasotto Trotta, tentou um acordo extrajudicial.

Trotta tem experiência nesse tipo de disputa com gigantes do pop internacional. Ele representa o sambista Toninho Geraes no processo movido contra Adele que trata de uma cópia da famosa música “Mulheres”, que fez sucesso na voz de Martinho da Vila.

A tentativa de acordo foi infrutífera.

De acordo com a defesa dos autores brasileiros, a música “Bzrp Music Sessions vol. 53” teve 2.441.718.672 (dois bilhões quatrocentos e quarenta e um milhões setecentos e dezoito mil seiscentos e setenta e dois) streams e visualizações (Spotify, YouTube, Apple Music, Amazon Music, Pandora, Deezer e Tidal) até 20 de dezembro de 2024.

O advogado estima que só em streams, Shakira e os demais signatários de “BZRP M. S. V. 53” (sem contar com o lucro das gravadoras, bem maior) auferiram em média U$ 0,00361 por stream (coeficiente do Spotify, tomado pela média), o que perfaz U$ 8.814.604,40 (oito milhões oitocentos e quatorze mil seiscentos e quatro dólares e quarenta cents) ou R$ 55.443.861,67 (cinquenta e cinco milhões quatrocentos e quarenta e três mil oitocentos e sessenta e um reais e sessenta e sete centavos) até 20 dezembro de 2024.

Shakira já foi acusada de plágio outras vezes. Em 2014, o músico francês Yoann Lemoine — conhecido como Woodkid — disse que ela copiou o clipe de sua música “Iron” na performance em vídeo da composição  “Dare (La La La)”, que foi trabalhada pela colombiana para a Copa do Mundo.

Antes, houve processo judicial movido um por compositor dominicano que acusa Shakira de plagiar seu trabalho no sucesso “Loca”, de 2010. Ela acabou inocentada. Há pelo menos 14 outras acusações parecidas contra ela.

Por Chico Alves -  ICL

Por Ultima Hora em 13/02/2025
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