Entidades repudiam a Moeda Araribóia em Niterói

Entidades repudiam a Moeda Araribóia em Niterói

Movimento Social de Economia Solidária de Niterói faz carta de repúdio ao Prefeito de Niterói, por não discutir implementação da moeda Araribóia veja na íntegra:

"EXMO. SR.. AXEL GRAEL
M.D. PREFEITO DO MUNICIPIO DE NITEROI

O Movimento Social de Economia Solidária de Niterói, representado pelo Fórum de Economia Solidária – FES NIT, por sua Secretaria Executiva, vem, inicialmente, saudar o Município de Niterói,  cumprimentando na pessoa do Exmo. Sr.  Prefeito Axel Grael, bem como à Secretaria Municipal de Assistência Social e Economia Solidária e demais Secretarias envolvidas, pelo lançamento do Projeto da Moeda Social Araribóia e a entrega da respectiva mensagem-executiva para aprovação na Câmara de Vereadores deste projeto. 

Esta iniciativa do Município de Niterói, trata-se de um modelo de cooperativismo de crédito, que  tornou-se  referência para o mundo no desenvolvimento do setor, tanto é, que diversas cidades brasileiras já aderiram à Moeda Social, caracterizado pela livre associação, conquistando um espaço próprio, definido por uma nova forma de pensar o homem, o trabalho e o desenvolvimento social. Por sua forma igualitária e social,  o cooperativismo é aceito por todos os governos e reconhecido como fórmula democrática para a solução de problemas sócio-econômicos.

A exemplo de outros municípios que implantaram moedas sociais e deram certo, dentro da estratégia e princípios do Movimento de Economia Solidária, a moeda social de Niterói poderá ajudar na promoção do desenvolvimento local, pois através de sua circulação se propiciará o fortalecimento desse comércio, o que poderá gerar prosperidade econômica e social. 

Incentivando a movimentação da moeda social,  se trabalha na perspectiva de que o dinheiro fique nas nossas comunidades e que se fortaleçam os Bancos Comunitários de Desenvolvimento a serem criados, que por sua vez investirão mais em ações sociais e novos serviços financeiros nas comunidades, ajudando aos empreendedores com finanças que sejam cada vez mais solidárias. 

 Em segundo momento, podemos afirmar que o Movimento Social de Economia Solidária, que atua neste  Município há mais de uma década, acredita que o projeto tem um grande perfil de potencializar benefícios para o nosso território e abrir novas perspectivas para os empreendimentos da economia solidária, em tempos tão difíceis de pandemia e recessão econômica pelos quais estamos passando.

O Movimento Social de Economia Solidária de Niterói sempre esteve engajado na perspectiva de inclusão social de todas as classes, em especial aquelas mais vulneráveis, sendo uma economia essencialmente feminista, formando parcerias com o setor público e acadêmicos, que muito nos têm honrado, porém, desconhece a justa causa de V.Exa. não ter oportunizado a participação deste Movimento Social nessa construção, que se pauta nos princípios da Economia Solidária.

Assim, foi com surpresa que recebemos o anúncio do lançamento do projeto, pelas mídias sociais, sem que pudéssemos efetivamente contribuir com nossas experiências acumuladas durante todos estes anos, de árduo trabalho engajado socialmente, portanto, fomos alijados totalmente do  processo de construção da Moeda Social desde seus estudos, planejamento até seu lançamento. 

O coletivo de Economia Solidária, aqui representado pelo seu Fórum de Economia Solidária de Niterói,  que se desdobra em grupos de trabalho, inclusive possui um GT que é justamente sobre Finanças Solidárias, possui um acúmulo, prática e reflexão sobre Bancos Comunitários e Moedas Sociais, e sempre disponibilizou poder atuar em conjunto com a gestão pública, pro bono, visando contribuir efetivamente.

Nossa surpresa fica ainda mais evidente, por conta de um projeto tão importante no campo social e econômico,  que tanto ansiávamos construir juntos, de forma voluntária, quando alijados totalmente do processo de construção,  nos causando um sentimento de que nosso trabalho foi menosprezado. 

Nunca é demais recordar que no Primeiro Fórum Social Mundial, foi criado um Grupo de Trabalho. O chamado Gt Brasileiro composto por 12 organizações e redes de apoio à economia solidária. Com apoio dos governos de esquerda em junho de 2003 foi realizada a III reunião plenária, quando  foi criado o Fórum Brasileiro de Economia Solidária (FBES). A Secretaria Nacional de Economia Solidária, SENAES foi constituída pouco antes da ocasião. 
Por conta desta construção de governos progressistas é que nossa economia solidária tem se fortalecido ao longo do tempo, recebendo apoio direto em nossas empreitadas, e muito nos honraria ter contribuído com esse novo Governo de V.Exa., que também é progressista, cuja tendência é de aglutinar experiências acumuladas, em especial aquelas que deram certo. 

Durante todos estes anos o movimento social da economia solidaria deste Município tem se pautado numa construção coletiva,  na expectativa de também poder contribuir com o Poder Público, buscando alternativas e soluções para a inclusão social,  portanto, não podemos nos comportar como meros observadores, o que já expressamos publicamente à gestão pública por mais de uns pares de vezes, de um trabalho que traz as marcas de tudo o que acreditamos e procuramos construir na sociedade. 

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Numa terceira análise, observamos que, além do Movimento Social de Economia Solidária de Niterói não ter sido contemplado com sua escuta e participação, não houve sequer convite para o lançamento deste referido projeto junto aos Conselhos Municipal e Estadual de Economia Solidária, das Frentes Parlamentares Municipais e Estaduais da Economia Solidária e, ainda, dos Fóruns Estadual e Municipal de Economia Solidária de Niteró, nos remetendo, novamente, a uma condição de meros expectadores das iniciativas públicas, sem que os movimentos sociais sejam ouvidos, em tratando-se de um governo que se diz democrático e progressista, o que fere totalmente a nossa compreensão. 

 Seguimos firmes com nossas convicções, diante das diversas narrativas acima,  posto que argumentos não faltam,  e, ainda, nos perguntamos o motivo dessa supressão da participação dos entes envolvidos, mormente dos movimentos sociais, seja na construção, na escuta, na troca de experiências e na participação do lançamento,  uma vez que sempre acreditamos que os canais de comunicação com a Coordenadoria Municipal de Economia Solidária estavam todos abertos, bem como com a Secretaria Municipal de Assistência Social e Economia Solidária e, inclusive, com o Exmo.  Sr. Prefeito Axel Grael, que nos recebeu em audiência no dia 15 de janeiro do corrente ano, sinalizando o desejo de que o Movimento Social de Economia Solidária contribuísse cada vez mais com a cidade, sobretudo na retomada da economia, pós-pandemia.

Aguardamos, ansiosos(as), uma resposta elucidativa, que nos seja razoável para interpretar o motivo do alijamento deste processo de construção coletiva da sociedade civil junto ao poder público, momento tão importante da retomada econômica da Cidade de Niterói.

SECRETARIA EXECUTIVA 
DO FORUM DE ECONOMINA SOLIDARIA DE NITEROI"

Da Redação 

Por Ultima Hora em 25/06/2021
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