Escute vídeos e áudios da delação de Mauro Cid

Sigilo da transcrição da delação de Mauro Cid já tinha sido derrubado na última quarta-feira (19)

Moraes torna públicos vídeos e áudios da delação de Mauro Cid

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), derrubou o sigilo e tornou públicos os vídeos e áudios da delação premiada do ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, Mauro Cid. A decisão foi tomada na manhã desta quinta-feira (20).

O sigilo da transcrição da delação de Mauro Cid já tinha sido derrubado na última quarta-feira (19). Os depoimentos foram colhidos no ano passado pela Polícia Federal (PF).

Em um dos primeiros vídeos divulgados, o tenente-coronel Mauro Cid relata que o ex-presidente Jair Bolsonaro pressionou o general Paulo Sérgio Nogueira, então ministro da Defesa, a escrever em um relatório sobre as urnas eletrônicas que fraudes haviam sido encontradas nos sistemas de votação.

 

Após a pressão, foi feita uma “construção” textual que apontava que o sistema eletrônico de votação não é auditável. “O presidente queria que ele [o então ministro da Defesa] escrevesse que tivesse fraude”, afirmou o militar.

Em outro vídeo, Cid diz que recebia milhares de mensagens de apoiadores e aliados do ex-presidente cobrando que Bolsonaro e as Forças Armadas tomassem alguma atitude para permanecer no poder. Após as eleições, Bolsonaro mantinha a “chama acesa” de que alguma coisa poderia acontecer, segundo Cid.

Mauro Cid e o ex-presidente Jair bolsonaro

Mauro Cid relata que o ex-presidente Jair Bolsonaro pressionou o general Paulo Sérgio Nogueira, então ministro da Defesa, a escrever em um relatório sobre as urnas eletrônicas

Denúncia da PGR

Na última terça-feira (18), a Procuradoria-Geral da República denunciou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ao STF por integrar uma organização criminosa que liderou uma tentativa de golpe de Estado no Brasil após a sua derrota nas eleições de 2022.

A PGR denunciou o ex-presidente pelos crimes de: liderança de organização criminosa armada; tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito; golpe de Estado; dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio da união; deterioração de patrimônio tombado.

O documento é baseado no relatório final da Polícia Federal, que já tinha indiciado o ex-presidente. Agora, o STF (Supremo Tribunal Federal) analisará o documento na Primeira Turma e decidirá se instaura um processo criminal contra Bolsonaro e os demais acusados. Avalia-se que apenas a abertura do processo se dará na Primeira Turma, onde está o ministro Alexandre de Moraes, relator do caso.

Se a denúncia for aceita pelo Supremo Tribunal Federal (STF), Bolsonaro se tornará réu e passará a responder a um processo penal no tribunal. A expectativa é que o julgamento do mérito, ainda esse ano, ocorra no Plenário do STF com todos os ministros.

A PGR decidiu denunciar todos os envolvidos apontados pela PF na tentativa de golpe, mas optou por separar as denúncias contra os envolvidos a partir de núcleos de atuação.

Delação de Mauro Cid

Cid foi ouvido ao menos 12 vezes pela Polícia Federal de agosto de 2023 a dezembro de 2024. Nelas, o militar afirmou que foi o próprio Bolsonaro quem ordenou o monitoramento dos passos de Moraes, a falsificação de cartões de vacina e a venda de joias oficiais, essa com o objetivo de pagar dívidas.

Mauro Cid

Sigilo da transcrição da delação de Mauro Cid já tinha sido derrubado na última quarta-feira (19)

O militar confirmou também que o cartão corporativo da Presidência bancou os custos das motociatas promovidas pelo ex-presidente e que era o ex-mandatário quem enviava notícias falsas de seu celular, parte delas fabricadas pelo que ficou conhecido como “gabinete do ódio”.

O documento, divulgado por Moraes um dia após o procurador-geral da República, Paulo Gonet, denunciar Bolsonaro sob a acusação de liderar uma tentativa de golpe de Estado — ainda mostra que a gestão anterior da PGR foi contra a assinatura da delação premiada de Cid por falta de provas. Na época o órgão era chefiado por Augusto Aras, criticado pela omissão em investigações relacionadas ao ex-presidente.

Por Ultima Hora em 20/02/2025
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