Facada ou Fakeada e o homem que esfaqueou a esquerda e a extrema-direita

DA REDAÇÃO -  O lançamento do documentário ‘Bolsonaro e Adélio - uma fakeada no coração do Brasil’, produzido pelo canal progressista Brasil247 e conduzido pelo jornalista Joaquim de Carvalho, ressuscitou uma das histórias mais mal esclarecidas desses tempos cinzentos de histórias mal contadas e mentiras aplicadas como método que vive o Brasil.

Como não poderia deixar de ser, o documentário está gerando muita polêmica nas redes ou, como gostam dizer os mais jovens, muita treta.

José Nêumanne, jornalista conservador do Estadão, elogiou Joaquim de Carvalho e seu documentário, já Rafael Moro Martins, editor do site progressista The Intercept Brasil, chamou Joaquim e sua obra de canalhas, mas esses são apenas dois exemplos de como o Brasil está de cabeça para baixo.

E com um país de cabeça para baixo quem saiu da tumba foi Michel Miguel Elias Temer Lulia, um dos personagens mais controversos da vida política nacional, mais conhecido como Michel Temer, vulgo Vampirão para os detratores.

Político habilidoso e ardiloso, Temer ganhou um protagonismo forçado pelos desesperados da terceira via que não se cansam de tentar soluções para se livrar do Frankenstein que criaram, ao mesmo tempo que querem evitar o ex-presidente Lula assim como o diabo foge da cruz ou os vampiros têm horror a alho.

Se foi facada real ou fakeada a história dirá, mas o certo é que o retorno do “Fora Temer” à cena mexeu com o tabuleiro político de uma forma inédita.

Tudo começou quando Temer foi à Brasília, na última quinta-feira (9/9), para ajudar o presidente de extrema-direita Jair Bolsonaro a escrever uma nota de pacificação entre os poderes depois de discursos em tom ameaçador durante as manifestações de 7 de Setembro. No documento, Bolsonaro afirmou que não teve “intenção de agredir quaisquer dos poderes”.

Porém, menos de uma semana após a carta que derrubou a já decadente popularidade do ‘Mito’, encarada como um recuo vergonhoso pela sua ‘matilha’ que a esquerda carinhosamente chama de ‘gado’, viralizou nas redes um vídeo em que Temer dá gargalhadas de uma imitação feita por Andre Marinho, filho do empresário Paulo Marinho, em jantar na casa do empresário Naji Nahas.

A cena escancarou a principal característica do deputado emedebista: a traição.

Aos que ainda hoje não acreditam que o golpe de Estado de 2016 que derrubou a presidenta Dilma Rousseff não foi golpe um lembrete: até o protagonista do golpe, Michel Temer, assumiu mais de uma vez que foi golpe.

Pouco mais de 5 anos da articulação que destruiu a institucionalidade nacional e colocou o país nas mão de um histórico apologista da tortura e adorador da ditadura, Temer esfaqueou de uma só vez Bolsonaro, as instituições, a oposição e empurrou para debaixo do tapete um confronto que estava se desenhando favoravelmente para o lado da democracia, mas que cedo ou tarde vai ter que acontecer.

Como estamos falando do mundo dos horrores da Era Temer-Bolsonaro, vamos por partes como Jack o estripador.

Até Temeroso ressurgir das cinzas como o mais novo conciliador da política nacional, o octógono político nacional se apresentava com um Bolsonaro acuado como um rato após a péssima repercussão de sua performance no Dia 7 de Setembro. As reações contrárias da esquerda à direita, passando pelo Centrão que cogitou se reunir para avaliar o apoio ao impeachment foram inéditas.

Na quarta, dia 8, os tucanos desceram do muro como nunca antes na história desse país e anunciaram que apoiariam a destituição do confuso e ameaçador presidente da República. Gilberto Kassab, presidente nacional do PSD, que já estava anunciando dia sim outro também seu encanto com o presidente Lula, que lidera todas as pesquisas, e sua decepção com o Tenente Arruaceiro, anunciou a criação de uma comissão para a avaliar a possibilidade de impedimento de Bolsonaro.

Mas a melhor reação foi a de Luís Roberto Barroso, presidente do TSE e ministro do STF, um dos personagens mais atacados pelo ‘Messias’. Adaptando João 8:32, Barroso proferiu em seu discurso-resposta um direto e reto “Conhecerei a mentira e a mentira te aprisionarás” e emendou dizendo que “todos sabem quem é o farsante e covarde” entre outras tantas falas dirigidas na lata do presidente da República.

No dia 9, quinta-feira, os seguidores do ‘Mito’ que anunciaram o patético Estado de Sítio no Dia da Independência aguardavam uma reação à altura do ‘Imbroxável, Incomível e Incorruptível’, mas o que se viu foi uma reação covarde típica de um moleque de 66 anos que é muito valente com as mulheres. Só com as mulheres.

Quando Bolsonaro disse que “Barroso bateu forte em mim” em sua tradicional e bizarra Live de Quinta o que se revelou para a devota militância foi um frouxo. Entre choros e velas seus seguidores demonstraram decepção inédita com seu ídolo e os números da pesquisa da Consultoria Quaest, que mede popularidade digital, não deixaram margem para dúvidas de que o ‘Mito’ ruiu.

Segundo o Índice de Popularidade Digital, medido pela consultoria, Bolsonaro cresceu com os atos de apoiadores no dia 7, chegando ao seu segundo melhor patamar desde o início do ano, com 81,8 pontos.

Mas logo no dia 8 de setembro, o índice cai para 62,4 e segue em queda livre para 53,7 na quinta-feira (9), dia da divulgação da carta, redigida com o apoio de Michel Temer, e 37,1 na sexta-feira (10), que é a pior marca de Bolsonaro em 2021.

Com esse diagnóstico era a chance que as instituições — STF à frente —, e as oposições de esquerda e de direita precisavam para enquadrar Bolsonaro, mas eis que aparece Temer para “salvar o país” e seu movimento acabou preservando Bolsonaro de uma vergonha ainda maior.

Todos que se articulavam para enquadrar ou derrubar um presidente cada vez mais fraco recuaram. Recolhido em sua toca, Bolsonaro pode se reorganizar para voltar em sua escalada golpista com a energia renovada. Já Michel Temer está se regozijando da sua atitude que evidenciou sua intenção de apenas se autopromover e não ‘para o bem do país’ como os apressados da imprensa oligárquica acreditaram.

Nesta terça-feira (14/9), o ex-presidente Michel Temer (MDB) ligou para Jair Bolsonaro para explicar o vídeo em que aparece dando risadas de uma imitação do atual chefe do Executivo. De acordo com informações do jornal O Globo, durante o telefonema, o emedebista minimizou o episódio e disse que o humorista André Marinho também havia imitado outras figuras do mundo político na ocasião, como o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), Ciro Gomes (PDT) e o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump.

"Não esquenta a cabeça", disse o ex-presidente para o atual ocupante do cargo, segundo um interlocutor do Planalto.

"Esse rapaz me imita sempre na Jovem Pan. Conheço ele", disse o chefe do Executivo. O comunicador é filho do empresário Paulo Marinho, que é suplente do senador Flávio Bolsonaro (Patriotas-RJ), cedeu sua casa no Rio de Janeiro para a campanha de Bolsonaro e agora estão rompidos, o que reforça ainda mais a facada de Temer em Bolsonaro.

A seguir, cenas das próximas facadas.

Por Ultima Hora em 15/09/2021
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