Filiação de mulher morta vira munição na disputa pela presidência do PT

Filiação de mulher morta vira munição na disputa pela presidência do PT

Prefeito de Maricá nega e dispara contra Valter Pomar, que disputa comando do partido por corrente de esquerda: ‘não consegue filiar nem um vivo’

O prefeito de Maricá (RJ), Washington Quaquá (PT)

O prefeito de Maricá (RJ), Washington Quaquá (PT) — Foto: Renato Araújo/Câmara dos Deputados

O prefeito de Maricá (RJ) e vice-presidente nacional do PT, Washington Quaquá, está sendo acusado por um correligionário de filiar uma mulher já falecida ao partido às vésperas da eleição interna que decidirá o próximo comando da legenda. A denúncia partiu de Valter Pomar, petista histórico e candidato à presidência da sigla, que diz ver indícios de que foi feito um “processo industrial de filiações”.

Pomar, que lidera a corrente interna Articulação de Esquerda, divulgou em seu blog a ficha de filiação de Jucélia Ramos Cardoso de Souza, que foi registrada no dia 21 de fevereiro deste ano, a uma semana do prazo limite do PT, e abonada pelo próprio Quaquá.

Segundo dados da Receita Federal, porém, Jucélia faleceu em 2024. Embora o nome do prefeito conste nos registros do partido como o responsável, ele nega ter realizado a filiação. Como antecipamos no blog na última quinta-feira, Quaquá também disputará o comando do PT.

Moradora de Maricá, a mulher foi cadastrada dentro do PT como pedagoga, evangélica e indígena. À equipe da coluna, Pomar diz que descobriu o caso de Jucélia através de um correligionário que pediu para não ser identificado.

O candidato à presidência apresentou no mês passado um recurso dentro do partido questionando a distribuição desproporcional de filiações em alguns estados e municípios e pedindo que fosse realizado um pente-fino para corrigir eventuais irregularidades. Um dos focos das denúncias de Pomar é justamente Maricá, onde houve um crescimento de 112% nas adesões.

Como mostrou o colunista Lauro Jardim, o diretório fluminense do PT, sob influência de Quaquá, foi responsável por 83 mil das 341 mil novas filiações ao partido, praticamente um quarto do total.

Procurado pela equipe do blog, Quaquá negou ter chancelado a ficha e disse não ter conhecido Jucélia.

“Foi usada uma senha do abonador do sistema que deve estar em meu nome. Mas eu não assino fichas, a não ser de quem vem me pedir a assinatura ou de quem conheço”, disse o prefeito, ponderando que pode haver uma discrepância no registro caso o filiado morra pouco tempo após a filiação.

“É bom que se verifique o que houve, mas provavelmente é alguém que morreu entre o ato de se filiar e a entrada no sistema”.

O vice-presidente do PT também disparou contra Pomar.

“Isso é uma bobagem do Valter Pomar. Ele não consegue filiar nem um vivo ao partido e fica reclamando de um morto que pode ter sido um problema burocrático qualquer. Coitados dos mortos”.

O recurso de Pomar foi negado nesta quinta-feira por sete votos a um.

O caso de Jucélia não chegou a integrar o requerimento inicial, mas o dirigente confirmou à equipe do blog que o episódio foi discutido no encontro como um argumento de que houve um volume excessivo e irregular de filiações. A tese, no entanto, foi rejeitada pela maioria.

Pomar também declarou ter enviado uma carta ao presidente interino do partido, o senador Humberto Costa (PE), e ter discutido o caso de Jucélia com outros dois candidatos à presidência do PT, o deputado Rui Falcão (SP) e o secretário de Relações Internacionais da legenda, Romênio Pereira, mas não com o favorito do presidente Lula, o ex-prefeito de Araraquara (SP) Edinho Silva, que está na mira de diferentes correntes petistas.

“Não falei com o Edinho, de quem sigo esperando resposta acerca de dois assuntos – se ele efetivamente utilizou um jatinho para deslocamento [de campanha] e nesse caso quem pagou e sobre o impulsionamento pago de propaganda dele, pago pelo diretório municipal do PT de Araraquara”, alfinetou.

O candidato à presidência da legenda diz não descartar que a filiação de Jucélia possa ter sido fruto de um equívoco burocrático, mas diz que o caso demonstra a necessidade de um recadastramento dos filiados.

“Pode ser um homônimo, pode ser um erro de boa fé, pode ser que a pessoa tenha se filiado antes e morrido depois. O que importa é que precisamos recadastrar”.

Fonte O GLOBO

Por Ultima Hora em 16/04/2025
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