FUP revela que 94% do petróleo refinado no país é nacional; PPI o ignora

FUP revela que 94% do petróleo refinado no país é nacional; PPI o ignora

Tecnicamente, a presença do produto nacional poderia chegar a até 100%, atendendo às necessidades de derivados do país. Isso só não ocorre porque algumas refinarias utilizam o óleo importado, não por insuficiência da produção ou da oferta nacional, mas como opção para otimizar processo industrial específico.

A observação faz parte de estudo da área econômica da Federação Única dos Petroleiros (FUP) sobre a autossuficiência do Brasil na produção de petróleo, seus impactos sobre o refino, e a política de Preço de Paridade de Importação (PPI), adotada pela gestão da Petrobrás, que não leva em conta os custos nacionais de produção do petróleo e derivados. O PPI, implantado em outubro de 2016, reajusta os preços dos combustíveis com base na cotação do petróleo no mercado internacional, variação cambial e custo de importação.

“Se houvesse dificuldades de importação de petróleo, as refinarias brasileiras não teriam problema de suprimento, pois poderiam operar com 100% de petróleo nacional”, afirma o documento, destacando que as refinarias brasileiras estão adaptadas para processar os vários tipos de petróleo nacional e produzirem derivados, com exceção de lubrificantes.

“Com as refinarias trabalhando em plena carga operacional, em torno de 95% da capacidade instalada, poderiam atender inteiramente o mercado brasileiro”, garante o estudo da FUP. O fator de utilização total (FUT) das refinarias da Petrobrás atingiu a média de 88% no último trimestre de 2021, segundo informações da empresa.

“Cai por terra a falsa tese da dependência do Brasil pelo petróleo importado”, destaca o coordenador-geral da FUP, Deyvid Bacelar, lembrando que a Arábia Saudita é o principal exportador de óleo para o país.

Segundo o dirigente da FUP, a Petrobrás, sem o PPI, praticaria preços justos, e continuaria tendo alta lucratividade, devido à elevada produtividade e o baixo custo operacional do pré-sal, que não chega a US$ 28 por barril”, destaca ele, observando, porém, que “isso reduziria lucro de importadores e dividendos de acionistas, os quais atingiram o recorde absurdo de R$ 101,4 bilhões em 2021”.

Hoje, a grande parte das refinarias do país – com exceção da Refinaria Isaac Sabbá (Reman), em Manaus/AM; Refinaria Lubrificantes e Derivados do Nordeste (Lubnor), em Fortaleza/CE; e Refinaria Potiguar Clara Camarão (RPCC), em Guamaré/RN –, pode operar com quase todos os tipos de petróleo, exceto os óleos ultra-ultra pesados da Venezuela, porque as unidades foram projetadas inicialmente para óleos médios e leves.

Com o aparecimento dos óleos pesados da Bacia de Campos (RJ), foram feitas adaptações para o processamento desse tipo de óleo. Porém, com o surgimento dos petróleos da Bacia de Santos, voltamos a contar com óleos médios, muito similares aos petróleos do Oriente Médio, mas com a vantagem de serem de baixo teor de enxofre. São óleos de excelente qualidade para o refino.

Menores custos, maiores preços
Por conta da grande produtividade dos campos do pré-sal, descobertos em 2006, e dos investimentos nas melhorias operacionais das refinarias brasileiras, a Petrobrás registra queda expressiva nos custos de extração do petróleo e de produção de derivados.

Em 2021, a empresa teve um custo médio de extração de petróleo e produção de derivado de R$ 114,89 por barril, ao mesmo tempo, vendeu esse produto no mercado interno por R$ 416,40 o barril, garantindo lucro de R$ 301,51 por cada barril comercializado no país no ano passado. Os cálculos são do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômico (Dieese/subseção FUP), com base nas informações dos relatórios de desempenho financeiro da Petrobrás de 2019, 2020 e 2021. Na composição desses custos, entram as participações governamentais (royalties e participações especiais) e todos os custos operacionais (na extração do petróleo e refino).

Os dados mostram que o valor de venda doméstica de derivados praticado pela gestão da Petrobrás em 2021 (R$ 416,40/barril) foi 63% acima do realizado em 2020 (R$ 254,40/barril), ao mesmo tempo em que o custo de extração e refino, em real, caiu.

Por trás da diferença entre custo de produção e valor de venda doméstica está o PPI, que desconsidera custos internos de produção.

Análises do Dieese /FUP mostram que o valor médio do barril de derivado comercializado pela Petrobrás no país cresceu 40,7%, entre 2019 a 2021, acima das variações do câmbio (36,7%) e do barril do óleo no mercado internacional (10%). Enquanto isso, no mesmo período, a empresa teve redução de custos de extração, em todas as alternativas (terra, pós sal, pré-sal, com ou sem participações governamentais e com ou sem afretamento).

Em relação ao refino, também houve redução significativa dos custos de produção, de 32,5% no período 2019/2021, se considerado em dólar; e de 8,5% em reais. (Da Assessoria da FUP)

Por Ultima Hora em 24/03/2022

Comentários

  • Nenhum comentário. Seja o primeiro a comentar!

Notícias Relacionadas

Tolentino tem 6 CPFs inscritos na Receita Federal, diz Randolfe Rodrigues na CPI
14 de Setembro de 2021

Tolentino tem 6 CPFs inscritos na Receita Federal, diz Randolfe Rodrigues na CPI

Daniela de Lívia comemora aniversário com grande comício no bairro Areal
27 de Setembro de 2024

Daniela de Lívia comemora aniversário com grande comício no bairro Areal

Licitação da de 1,6 bilhões da Cedae movimenta Gigantes do Saneamento Básico
15 de Janeiro de 2025

Licitação da de 1,6 bilhões da Cedae movimenta Gigantes do Saneamento Básico

Alerj aprova Adopho Konder (presidente DETRAN) para conselheiro AGETRANSP
07 de Junho de 2023

Alerj aprova Adopho Konder (presidente DETRAN) para conselheiro AGETRANSP

Aguarde..