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O prefeito Eduardo Paes vem gravando vídeos e como um dissimulado afirmando e reafirmando que segurança pública não é com ele e é tudo culpa do Governador, mas o chefe do executivo fluminense em um evento do 'Esfera Brasil' resolveu colocar uns pingos nos "is" e traçou histórico da origem das milícias e crime organizado no Rio:
"As milícias, por exemplo, no Rio de Janeiro, começaram com transporte irregular e com ocupação ilegal do solo. O problema do Senhor Prefeito que deixou fazer", afirmou o governador, numa clara referência às administrações municipais passadas, incluindo a gestão do atual prefeito Eduardo Paes.
O Seminário Esfera Brasil Rio de Janeiro, trouxe à tona importantes discussões sobre o potencial econômico e as oportunidades de investimento no estado fluminense. O evento, organizado pela Esfera Brasil, um think tank que reúne empresários e empreendedores, contou com a participação do governador Cláudio Castro (PL), que abordou questões cruciais sobre segurança pública e o combate ao crime organizado.
Durante sua participação, Castro enfatizou a necessidade de uma coordenação nacional no enfrentamento ao crime organizado, destacando que este problema não se restringe apenas ao Rio de Janeiro, mas afeta todo o país. "O PCC hoje está em 24 capitais e o Comando Vermelho em 21. Não é mais um problema só da Maré ou do Alemão. Esse é um problema do Brasil", afirmou o governador.
O chefe do executivo fluminense também criticou a legislação penal vigente, considerando-a desatualizada para lidar com as complexidades do crime moderno. "Nosso código penal é de 1940 e o nosso código de processo penal é de 1941. Nós estamos em 2024", ressaltou Castro, defendendo a inclusão do tráfico e da milícia no rol de crimes para um tratamento mais eficaz dessas questões.
Castro também abordou a questão do fluxo de armas e dinheiro ilegal, destacando a necessidade de uma atuação mais integrada entre os diferentes níveis de governo. "90% das armas apreendidas foram fabricadas fora do país. O dinheiro saiu daqui para comprá-las, mas não pelo sistema financeiro nacional", explicou o governador, enfatizando a importância do controle de fronteiras e da atuação de órgãos como o COAF.
O governador aproveitou a oportunidade para destacar os avanços recentes na área de segurança, mencionando a apreensão de 500 fuzis em um ano pelas polícias estaduais. Contudo, ele ressaltou que esse número também evidencia a magnitude do problema enfrentado pelo estado. "Agora você pergunta: Ok, então o problema do Rio é arma? De onde essas armas vêm?", questionou Castro, apontando para a complexidade do desafio que envolve questões internacionais e de controle de fronteiras.
Ao abordar o papel das milícias no cenário de segurança do Rio, Castro traçou um histórico de como esses grupos criminosos se estabeleceram. "As milícias, por exemplo, no Rio de Janeiro, começaram com transporte irregular e com ocupação ilegal do solo. O problema do Senhor Prefeito que deixou fazer", afirmou o governador, numa clara referência às administrações municipais passadas, incluindo a gestão do atual prefeito Eduardo Paes.
A discussão sobre a coordenação nacional no combate ao crime organizado ganhou destaque, com Castro defendendo um papel mais ativo da União. "A quem cabe coordenar deveria ser a União, mas não é dela só o problema", argumentou o governador, ressaltando a necessidade de uma abordagem integrada que envolva todos os níveis de governo.
O governador criticou a morosidade do sistema judicial em lidar com casos relacionados ao crime organizado. "Nós fechamos [as fábricas de gelo controladas pelo tráfico e milícia] no dia seguinte, ela se acertou com a Light, se acertou com Águas do Rio e voltou a funcionar. Só uma decisão judicial transitada em julgado demonstrando que aquele dinheiro vai para o crime organizado... isso vai levar 15 anos com recurso judicial", lamentou Castro.
A questão da lavagem de dinheiro também foi abordada, com o governador citando exemplos de como o crime organizado utiliza empresas aparentemente legítimas para movimentar recursos ilícitos. Castro defendeu uma atuação mais ágil e eficiente dos órgãos de controle financeiro, como o COAF, para identificar e combater essas práticas.
O governador defendeu uma maior cooperação entre os entes federativos, criticando a tendência de "empurrar o problema" de um para o outro. "A coordenação tem que ter, mas o problema é de todos. Não adianta ficar um querendo empurrar o problema pro outro. Nós temos que nos unir para fazer a verdadeira Segurança Pública", concluiu Castro.
O Seminário Esfera Brasil Rio de Janeiro também contou com a participação de outros líderes políticos e empresariais, que debateram sobre as perspectivas de crescimento econômico do estado. Foram discutidas oportunidades em setores como energia, infraestrutura e turismo, com ênfase na necessidade de um ambiente seguro e estável para atrair investimentos.
Ao final do evento, ficou evidente que o desafio da segurança pública no Rio de Janeiro está intrinsecamente ligado ao seu desenvolvimento econômico. A busca por soluções integradas, que envolvam diferentes esferas do poder público e a iniciativa privada, foi apontada como caminho necessário para superar os obstáculos e impulsionar o crescimento do estado.
O Seminário Esfera Brasil Rio de Janeiro, em sua segunda edição, reafirmou-se como um importante fórum de debates sobre os rumos do estado, unindo a visão do setor produtivo às perspectivas do poder público. As discussões realizadas durante o evento prometem influenciar as políticas públicas e as estratégias de desenvolvimento do Rio de Janeiro nos próximos anos.
Por Ralph Lichotti