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Ecos do Cerrado: A saga do rock na capital contada por Mário Pazcheco
Na semana do rock em Brasília, o Ultima Hora foi conhecer uma figura emblemática da cena musical da capital: Mário Pazcheco, dono do Museu do Rock e um dos maiores conhecedores da história do gênero no Brasil.
Com 43 anos dedicados ao rock, Pazcheco transformou sua própria casa em um santuário para os amantes da música. "Aqui é o museu do rock mesmo", afirma orgulhoso, mostrando seu vasto acervo de discos, revistas e memorabilia.
A jornada de Pazcheco começou aos 10 anos, quando comprou seu primeiro compacto dos Beatles. "Para mim foi revolucionário", relembra. Desde então, ele acompanhou de perto o nascimento e ascensão do rock brasiliense, testemunhando shows históricos de bandas como Legião Urbana, Capital Inicial, Plebe Rude, Paralamas do Sucesso e Raimundos, entre outras.
O colecionador destaca o papel crucial de Brasília na formação do rock nacional: "Brasília teve que compor o seu próprio painel". Ele explica como a cidade, com sua atmosfera universitária e efervescência cultural, foi berço de inúmeros talentos que mais tarde conquistariam o Brasil.
Pazcheco também abordou as dificuldades enfrentadas pelos músicos durante o período da ditadura militar. "A gente eh tinha uma coisa ideologicamente, a gente era conduzido a não gostar da polícia", lembra ele, destacando como a repressão acabou inspirando muitas das letras e atitudes rebeldes do rock nacional.
Pazcheco não se limita apenas a colecionar. Seu museu é um espaço vivo, que recebe artistas, pesquisadores e fãs. "É aberto de coração", diz sobre as visitas ao acervo. Ele faz questão de compartilhar suas raridades e histórias com as novas gerações.
Entre as relíquias mais preciosas do acervo, Pazcheco guarda com carinho os primeiros lançamentos de bandas icônicas. "Eu posso falar para você que a minha vida mudou em 75 quando eu ouvi os Beatles e quando eu vi a Legião Urbana em 82 aqui no Guará", revela, com os olhos brilhando de emoção.
O entusiasta ressalta a importância da preservação da memória musical: "O que eu tô preparando agora é uma pessoa que esteja na casa de 11 até 15 anos". Seu sonho é que o material, que remonta ao início do século XX, sobreviva por mais 50 anos.
Pazcheco também destaca a importância do movimento punk na formação do rock brasiliense. "A mosca na sopa foram os punks e viraram de cabeça para baixo. Já era um prenúncio da democracia que tava voltando ao Brasil depois de 21 anos", explica, contextualizando o surgimento dessas bandas com o momento político do país.
Mesmo diante das mudanças na indústria musical, Pazcheco mantém-se otimista sobre o futuro do rock. "Não acredite que morreu, que é censurado", afirma. Para ele, o espírito do rock permanece vivo na atitude e na criatividade dos jovens músicos.
O Museu do Rock não se limita apenas ao passado. Pazcheco está sempre atento às novas tendências e artistas emergentes. "Há um movimento político aqui na capital aonde tem a associação, aonde está tendo datas nacionais que estão sendo comemoradas", comenta sobre a cena atual.
Sobre os desafios enfrentados pelos artistas contemporâneos, especialmente em relação à divulgação e produção independente, Pazcheco observa: "Hoje a música tá mais fácil dela ser transitada. Você vive hoje pelo número de fãs que você tem nas redes sociais".
Apesar das mudanças, Pazcheco mantém-se fiel à essência do rock. "Eu sou roqueiro e vou morrer roqueiro", afirma com convicção. Sua paixão pela música é evidente em cada palavra e gesto, tornando-o não apenas um colecionador, mas um verdadeiro embaixador do gênero.
Para aqueles interessados em visitar o Museu do Rock, Pazcheco faz questão de ressaltar que as portas estão sempre abertas. "É só chegar assim: 'Olha eu vou lá cara.' E aí eu falo: 'Eu recebo'", convida, demonstrando seu desejo de compartilhar seu tesouro musical com todos os interessados.
Durante a entrevista, Pazcheco compartilhou histórias fascinantes sobre suas interações com ícones do rock nacional e internacional. "Eu vi eu vi o show do Luiz Caldas esses dias ele tocando Rock", conta ele, destacando a versatilidade dos músicos brasileiros.
O colecionador também relembrou momentos marcantes com figuras lendárias do rock, como Serguei, conhecido como o "Príncipe Maldito do Rock Brasileiro". "Eu fui íntimo, eu fui amigo do Serguei, cara. É uma das pessoas assim... o amor do Serguei é uma coisa assim universal", relata Pazcheco com admiração.
Sobre a cena musical atual de Brasília, Pazcheco se mostra otimista. "Hoje eu tenho em mente aqui em casa 500 shows de 276 artistas", revela, evidenciando a vitalidade do cenário musical da capital. Ele menciona nomes como Renato Matos, Mariana Camelo, e bandas como Os Cabeloduro e Bartô Galeno, demonstrando que o rock brasiliense continua vivo e pulsante.
O museólogo improvisado não se limita apenas ao rock. Ele conta que sua esposa, Marisan Fontinelli, é produtora de MPB e Bossa Nova, e que seu acervo também inclui outros gêneros musicais. "Eu jamais pensei em ter Célia Rabelo e Márcia Tauil, que são as divas da música popular de Brasília", diz ele, mostrando a amplitude de seu amor pela música.
Sobre o futuro do rock e da música em geral, Pazcheco se mostra confiante. "Os melhores músicos sempre são os roqueiros, né?", afirma. Ele encoraja os jovens a serem autênticos e a abraçarem a música com paixão. "Você que é jovem, seja o que você é. Não deixe, não tente ser mal interpretado. Não tem muito tempo pra gente ficar de picuinha", aconselha.
O Museu do Rock de Mário Pazcheco não é apenas um depósito de relíquias musicais, mas um espaço vivo de memória e inspiração. Cada item em seu acervo conta uma história, cada disco uma jornada musical. É um testemunho do poder transformador do rock e de como a música pode moldar gerações.
Para Pazcheco, o rock é mais que um gênero musical; é uma forma de vida, uma atitude perante o mundo. Seu museu é um tributo a essa filosofia, um espaço onde o passado e o presente do rock se encontram, e onde as novas gerações podem se conectar com as raízes de um movimento que continua a influenciar a cultura brasileira.
Ao final da visita, fica claro que Mário Pazcheco não é apenas um colecionador, mas um verdadeiro guardião da história do rock brasileiro. Seu trabalho incansável de preservação e divulgação é fundamental para manter viva a memória e o espírito do rock, não só em Brasília, mas em todo o Brasil.
O Museu do Rock de Mário Pazcheco é mais que um acervo; é um convite para uma viagem musical através do tempo, um testemunho da rica história do rock brasileiro e um farol para os amantes da música que desejam conhecer e preservar esse importante capítulo da cultura nacional.
"Seja o que você é. Não deixe não tente ser mal interpretado. Seja livre, seja claro, seja resolvido".
Seu trabalho de preservação e divulgação do rock nacional é um serviço inestimável para as gerações presentes e futuras, mantendo viva a chama do rock na capital federal e em todo o Brasil.
Repórter Ralph Lichotti - Advogado e Jornalista, Editor do Ultima Hora Online e Jornal da República, Foi Sócio Diretor do Jornal O Fluminense e acionista majoritário do Tribuna da Imprensa, Secretário Geral da Associação Nacional, Internacional de Imprensa - ANI, Ex- Secretário Municipal de Receita de Itaperuna-RJ, Ex-Presidente da Comissão de Sindicância e Conselheiro da Associação Brasileira de Imprensa - ABI - MTb 31.335/RJ
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