Humberto Ademi defende reparação histórica e igualdade racial no IV Seminário do Instituto Silva Neto

  Durante o seminário quarto do Instituto Silva Neto, realizado em Brasília, o jurista Humberto Ademi deu uma palestra marcante sobre o preconceito racial, igualdade e as peças da escravidão no Brasil. Divergindo de alguns juristas, como o ministro André Mendonça, Ademi destacou a importância de abordar os 350 anos de escravidão como um crime imprescritível, conforme tratados internacionais assinados pelo Brasil.

Ademi criticou a manutenção de valores sociais que perpetuam a desigualdade racial, lembrando que a maioria da população brasileira, composta por negros e pardos, vive sob o peso histórico da escravidão. “A escravidão é um crime imprescritível, e a expectativa de peças é um direito legítimo dessa população”, afirmou. Ele também destacou que a dívida histórica da escravidão continua impactando a sociedade brasileira até hoje, e que o debate sobre as peças já está avançado em outros países, como os Estados Unidos e a França.

Além de abordar a questão dos acessórios, Ademi criticou a estrutura carcerária que, segundo ele, penaliza de forma desproporcional a juventude negra. “Um jovem da zona sul do Rio com dois quilos de maconha é considerado usuário, enquanto um jovem negro de favela com três bases é visto como traficante e encarcerado”, exemplificou.

O jurista também trouxe à tona o debate sobre a legalização da cannabis, citando decisões recentes do Supremo Tribunal Federal que destacam as discrepâncias no tratamento legal entre diferentes classes sociais. Segundo Ademi, a legalização poderia reduzir a criminalização e a corrupção, além de gerar impostos.

Por fim, Humberto Ademi destacou que o Brasil precisa enfrentar suas desigualdades raciais de forma mais séria e proativa, com políticas que incluam não apenas os componentes, mas também a educação sobre a história da África e da cultura afro-brasileira, além de medidas que reduzem a criminalização e o encarceramento da juventude negra.

Por Jéssica Porto e Robson Talber/ Repórter Ralph Lichotti
 

Por Ultima Hora em 03/10/2024
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