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São Paulo, SP - A Igreja Universal do Reino de Deus está sendo acusada de manter pastores em cárcere privado e quebrar sigilos bancários em uma investigação interna sobre a venda de boletos de doações. As informações foram reveladas pelo site Intercept Brasil, que teve acesso a um processo trabalhista movido por um ex-pastor da instituição.
Detalhes da Acusação
Segundo o processo, a Igreja Universal teria conduzido uma investigação própria, mantendo pastores retidos por oito horas e obrigando-os a entregar celulares e senhas bancárias. A denúncia aponta que a igreja suspeitava que os religiosos estariam desviando dinheiro de boletos de doações de fiéis para colegas de outros templos que não conseguiam atingir metas de arrecadação.
Contexto da Investigação
Na madrugada de 24 de maio de 2023, 60 pastores foram convocados às pressas para uma reunião na Catedral da Avenida João Dias, na zona sul de São Paulo. Ao chegarem, foram separados de suas esposas e levados para diferentes andares, onde tiveram que entregar seus pertences pessoais. Segundo Carlos, ex-pastor e autor da denúncia, os religiosos foram obrigados a fornecer suas senhas bancárias para que membros da igreja pudessem vasculhar suas movimentações financeiras.
Depoimentos e Relatos
Carlos relatou que durante a reunião houve gritos, ameaças e pressões psicológicas. Ele afirmou que foi proibido de sair da sala e não conseguia se comunicar com sua esposa, que também estava retida. A esposa de Carlos, Luciana, contou que ouviu gritos de desespero dos pastores e xingamentos por parte do bispo Renato Cardoso, que acusava os religiosos de formar uma quadrilha.
Consequências e Ações Judiciais
Carlos entrou com uma ação judicial pedindo indenização por danos morais e materiais, alegando que foi obrigado pela igreja a realizar uma cirurgia de vasectomia aos 20 anos de idade. Ele perdeu em primeira instância e agora recorrerá ao Tribunal Regional do Trabalho. A Igreja Universal não respondeu aos questionamentos do Intercept Brasil sobre o caso.
Esquema de Metas e Recompensas
A denúncia também revela que a Igreja Universal estabelece metas de arrecadação para cada templo, variando de acordo com o tamanho e localização. Os pastores que se destacam recebem recompensas, como aumento salarial, apartamentos e carros luxuosos. Aqueles que não atingem as metas são transferidos para igrejas menores e afastadas.
Boletim de Ocorrência e Inquérito Policial
A Igreja Universal registrou um boletim de ocorrência relatando a suposta fraude praticada pelos pastores. O inquérito policial foi aberto para investigar se a instituição foi vítima de estelionato. Entre os depoentes estão pastores e ex-pastores que negam a venda de boletos de doações, mas confirmam que foram obrigados a fornecer acesso a seus celulares e senhas bancárias.
Outras Denúncias de Quebra de Sigilo
Denúncias semelhantes já haviam sido feitas em 2021, quando ex-pastores afirmaram que seus sigilos bancários foram quebrados ilegalmente pela igreja. Eles suspeitam que a Universal utilizou uma empresa de tecnologia especializada em mineração de dados para obter informações pessoais e financeiras.
Fonte: The intercept
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