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Igrejas da região de Lyon, França, estão removendo vitrais criados pelo padre Louis Ribes, considerado o “Picasso das igrejas” por causa de seus traços tanto em vidro com em tela.
Há uma ironia involuntária nessa definição, porque Picasso teve um comportamento abusivo com mulheres e Ribes foi acusado após a sua morte, em 1994, de ter abusado sexualmente de crianças e adolescentes. Em 2022, na Arquidiocese de Lyon, houve protesto de 49 vítimas.
Acobertado pela Igreja, Ribes morreu sem que fosse levado à Justiça |
Nos últimos meses, é o segundo padre-artista cujo legado se tornou um fardo para a Igreja Católica, devido a um histórico de violência física e psicológica.
O padre Marko Ivan Rupnik é o mais famoso dos dois. Ele foi expulso da Companhia de Jesus e afastado de suas atribuições sacerdotais por ter abusado de dezenas de mulheres, incluindo freiras.
Os mosaicos de Rupnik estão espalhados em igrejas de vários países, entre eles o Brasil e França.
Na fachada norte da Basílica de Aparecida está o maior mosaico do mundo de autoria do padre esloveno radicado em Roma. A Igreja do Brasil ainda não se manifestou formalmente sobre as obras de Rupnik.
Os vitrais de Ribes estão sendo desmontados por profissionais especializados, para que as obras não se quebrem. Até agora, houve a remoção de seis peças. A igreja Católica não informa qual será o destino delas.
Tem havido resistência de sacerdotes e de políticos para a retirada dos vitais.
Na comuna de Dième, com menos de mil habitantes, a igreja local inicialmente só admitia cobrir a assinatura de Ribes nos vitrais, o que chegou a ser feito, mas ela acabou cedendo às pressões das vítimas do padre.
O prefeito da cidade de Givors, Mohamed Boudjellaba, ignorando o trauma das vítimas, argumenta que a remoção dos vitrais não resolverá o problema dos abusos.
Ele escreveu uma carta a Francisco sobre os vitrais, e até agora não falou sobre a resposta, ficando subentendido, assim, que a permanência da arte de Ribes nas igrejas não tem o apoio do papa. Até porque, segundo algumas vítimas, a Igreja sempre soube dos abusos do padre e nada fez.
Óleo sobre madeira e verniz poliéster produzido pelo padre Ribes em 1964 |
> Com informação do site Auvergne-Rhône-Alpes e de outras fontes.
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