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DA REDAÇÃO - Um dossiê mostrou que o plano de saúde Prevent Senior ocultou mortes de participantes de um estudo realizado para testar a eficácia da hidroxicloroquina, associada à azitromicina, com o objetivo de tratar a Covid-19. Nove deles morreram durante a pesquisa, mas os autores mencionaram duas mortes. A informação foi publicada pela GloboNews.
Jair Bolsonaro apoiou a pesquisa, usada pelos defensores da cloroquina para justificar a prescrição do medicamento, mesmo não havendo comprovação científica. A própria Prevent Senior também estaria usando a pesquisa para justificar a prescrição da cloroquina aos seus associados. A operadora é investigada pela CPI da Covid e o seu diretor-executivo, Pedro Benedito Batista Júnior, informou que não comparecerá à Comissão Parlamentar de Inquérito nesta quinta-feira (16), pois a empresa disse que não teve tempo para preparar o depoente.
De acordo com a planilha dos pacientes do estudo, dos 636 participantes, apenas 266 fizeram eletrocardiograma, recomendado para pacientes tratados com cloroquina por conta do risco de problemas cardíacos. Somente 93 pacientes (14,7% do total) realizaram teste para saber se estavam com Covid ou não. Foram 62 casos positivos, menos de 10% do total de participantes.
A Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) aprovou o estudo, mas depois suspendeu por constatar que a investigação começou a ser feita antes da aprovação legal.
De acordo com um médico que trabalhava na Prevent e mantinha contato frequente com os diretores da operadora na época, o estudo foi manipulado para demonstrar a eficácia da cloroquina. Segundo ele, o resultado já estava pronto bem antes da conclusão do estudo.
A pesquisa começou a ser feita em 25 de março. Em mensagem em grupos de aplicativos de mensagem, o diretor da Prevent, Fernando Oikawa, orientou subordinados a não avisar os pacientes e familiares sobre a medicação. "Iremos iniciar o protocolo de HIDROXICLOROQUINA + AZITROMICINA. Por favor, NÃO INFORMAR O PACIENTE ou FAMILIAR, (sic) sobre a medicação e nem sobre o programa", dizia a mensagem.
Dos nove pacientes que morreram, seis estavam no grupo que tomou hidroxicloroquina e azitromicina. Dois estavam no grupo que não consumiu as medicações. Há um paciente cuja tabela não informou se ingeriu ou não a medicação.
Outro diretor da Prevent determinou aos coordenadores das unidades a alteração do código de diagnóstico (CID) dos pacientes que deram entrada com Covid-19 após algumas semanas de internação.
"Após 14 dias do início dos sintomas (pacientes de enfermaria/apto) ou 21 dias (pacientes com passagem em UTI/Leito híbrido), o CID deve ser modificado para qualquer outro exceto o B34.2 (código da Covid-19) para que possamos identificar os pacientes que já não tem mais necessidade de isolamento. Início imediato".
Em nota, a operadora disse que "sempre atuou dentro dos parâmetros éticos e legais e, sobretudo, com muito respeito aos beneficiários".
Os médicos sempre tiveram a autonomia respeitada, e que atuam para salvar milhares de vidas. (Do G1, com informações do Brasil 247)
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