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A juíza Simone Ramalho Novaes, da 72ª Zona Eleitoral de Niterói, concedeu no domingo (15.09) liminar impugnando o registro e a divulgação da pesquisa contratada pelo jornal O Fluminense por suspeita de manipulação de dados para distorcer o resultado.
O responsável pelo levantamento é o Intelligence Pesquisa e Comunicação, registrado sob o CNPJ de Costa e Mariath Ltda, um instituto envolvido em diversas denúncias de fraude eleitoral nos municípios fluminenses de Duque de Caxias, Resende, Rio Bonito, Rio das Ostras e Cachoeiras de Macacu. Um dos sócios da empresa é Ricardo Machado Mariath, que já tinha sido denunciado, em 2019, pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO) do Ministério Público do RJ por envolvimento numa quadrilha acusada de fraude em licitação na prefeitura de Silva Jardim, no interior do Estado. Além disso, o instituto de pesquisa também é suspeito de irregularidades em São Paulo e no Espírito Santo.
A decisão acolhe pedido do Ministério Público Eleitoral, acionado pelos advogados do PDT, que apontaram erros grosseiros e significativos na amostra de renda e escolaridade dos eleitores da cidade, o que provocaria distorção dos resultados com a finalidade de atender interesses políticos e influenciar a opinião pública. Na tabela apresentada pelo instituto Intelligence, das 1100 entrevistas, quase 400 estariam fora do perfil da cidade. Niterói ostenta o maior nível de renda per capita e o maior número de eleitores com curso superior do estado, mas na pesquisa suspeita de fraude o número de analfabetos e semiletrados disparou de menos de 3% para mais de 30%, enquanto o número de eleitores com curso universitário caiu de quase 40% para apenas 10%. Além disso, cerca de 30 mil pessoas com renda acima de 5 salários mínimos foram classificadas como moradores sem renda ou com rendimentos de até 2 salários mínimos. Todas essas estranhas e incomuns distorções apontam para uma suspeita de fraude eleitoral.
A Justiça entendeu que o pedido de liminar está fundamentado na urgência ou evidência e que encontra amparo legal devido ao perigo da demora em impedir a divulgação antes da devida apuração dos erros, o que poderia gerar prejuízos ao processo eleitoral. Caso o instituto e o jornal descumpram a decisão, serão multados em R$ 5.000,00 (cinco mil reais) por dia.
Instituto Intelligence que fez levantamento eleitoral em Caxias, Resende e outros municípios é investigada pelo judiciário por pesquisas fraudulentas
MP investiga instituto de Pesquisa por pesquisa fraudulenta
O Instituto Intelligence Pesquisa e Comunicação, que fez levantamento eleitoral em Duque de Caxias sobre a sucessão municipal deste ano, teve o seu trabalho questionado pelo Ministério Público Eleitoral, por suspeita de fraude. No último dia 4, a campanha de José Camilo dos Santos, o Zito candidato a prefeito pelo PL, entrou com ação de investigação judicial eleitoral na 126ª ZE. Não é a primeira vez que a empresa, cuja razão social é Costa e Mariath Ltda, é alvo de acusação semelhante. Em outras cidades fluminenses e até em cidades de São Paulo e Espírito Santo há processos similares contra ela.
No último dia 4, a advogada da campanha de Zito, Vânia Siciliano Aieta, impetrou ação contra o instituto por “abuso de poder de mídia e econômico, por divulgação de pesquisa com indícios fraudulentos, diante da ausência de seriedade dos meios empregados e com financiadores ocultos”, contra o candidato do MDB, Netinho Reis e os donos da empresa Costa e Mariath, Ricardo Machado Mariath e Marcio Bartolomeu Azevedo da Costa.
O que despertou a suspeita é que o levantamento da Intelligence apresentou resultado muito diferente de duas pesquisas feitas pela Quaest, Ipec (ex-Ibope) e Paraná. A ação cita que Ricardo Mariath, dono da Costa e Mariath já foi investigado em diversos municípios pela realização de pesquisas suspeitas.
De acordo ainda com o processo, há “fortes indícios de que a referida pesquisa não foi custeada com recursos da empresa Costa e Mariath, podendo ter sido custeada por terceiros, atualmente ocultos, com interesse em beneficiar a candidatura que apareceu em primeiro lugar no levantamento em questão”.
Nos dados da empresa no Serasa consta o endereço Rua Raul de Carvalho, 1686, no bairro Boa Vista, no município de São José do Rio Preto, no estado de São Paulo. Porém, no local está sediado o salão de beleza London Studio Beauty. O telefone informado também não confere.
Há outras denúncias no Ministério Público Estadual contra pesquisas feitas pela empresa em Rio Bonito, Rio das Ostras, Resende, Casimiro de Abreu e Cachoeiras de Macacu. Em Resende, o juiz Hindenburg Köhler Brasil Cabral Pinto da Silva, determinou que o instituto de pesquisa envie à 31ª Zona Eleitoral dados completos da pesquisa cadastrada no Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (TRE-RJ), como controle e verificação de coleta de dados, identificação dos entrevistadores, planilhas individuais e quaisquer outros documentos que permitam a auditoria dos dados publicados. Na sexta-feira, 13, segundo o órgão, foram enviados documentos pela empresa, que ainda não foram analisados.
Em São Bernardo do Campo, o juiz da 409ª ZE, Maurício Tini Garcia, determinou a suspensão de pesquisa feita pela empresa, pois quer a comprovação dos valores e origem dos recursos despendidos no levantamento. Além disso, o questionário apresentou nome errado de um candidato.
Ricardo Mariath foi denunciado pelo MP por um suposto esquema de fraude em licitações quando atuava como subsecretário de Comunicação em Silva Jardim, no interior fluminense. Ele perdeu o cargo em 2013, após a denúncia, para a contratação do serviço de publicação de atos oficiais.
Em 15 de abril de 2014, o Grupo de Atuação Especial de Combate Crime Organizado do Ministério Público Estadual cumpriu mandados de busca e apreensão de documentos e computadores na Prefeitura de Silva Jardim, por suspeita de que quatro pessoas, entre elas Ricardo Machado Mariath, subsecretário municipal de Comunicação, e a esposa dele, teriam fraudado processos licitatórios.
As investigações começaram em agosto de 2013, depois que moradores de Silva Jardim denunciaram ao MP a não publicação dos editais de licitação do município. Os promotores descobriram que o então subsecretário Ricardo Machado Mariath, abriu o seu próprio jornal, o "Tribuna Carioca", para publicar os atos oficiais do município. Ele teria fraudado a contratação da própria empresa.
O jornal não tinha circulação e tinha como sede um escritório em Cabo Frio. Ricardo Mariath também era dono do jornal Nova Imprensa, no Centro de Nova Friburgo, mas, segundo o Ministério Público, o veículo não tem relação com o caso. O MP pediu o afastamento dele à Justiça.
Fonte A Tribuna RJ
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