Leia e assista o depoimento de Tacla Duran na CPMI de 2017, o homem que desnudou Moro

O ex-advogado da Odebrecht, Tacla Duran, revelou em detalhes a suposta atuação ilegal do juiz Sérgio Moro para conseguir acordos de delação premiada na operação Lava Jato. Confira a íntegra de seu depoimento à CPI do Senado

Confira o depoimento bomba, que será repetido dia 19 de junho, após o STF conceder habeas corpus para Tacla Duran falar à Câmara dos Deputados, para desespero de Moro e Dallagnol

O depoimento do ex-advogado da Odebrecht, Rodrigo Tacla Duran, à CPI da JBS no Senado, abalou a chamada "república de Curitiba". Duran, em seu depoimento, desnudou os métodos de Moro para conseguir delações premiadas na Lava Jato. Acusado de lavagem de dinheiro, o ex-advogado recebeu de um intermediador de Moro propostas ilegais de delação premiada e tem provas que colocam em xeque a atuação do juiz de Curitiba. 

Confira. 30/11/2017 - 16ª - Comissão Parlamentar Mista de Inquérito da JBS Horário (Texto com revisão.) 09:21 R O SR. PRESIDENTE (Wadih Damous. PT - RJ) – Senhoras e senhores; Srªs Deputadas; Srs. Deputados, havendo número regimental, declaro aberta a 16ª Reunião da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito, criada pelo Requerimento do Congresso Nacional nº 1, de 2017, para investigar supostas irregularidades envolvendo as empresas JBS e J&F, em operações realizadas com o BNDES e BNDESPAR, ocorridas entre os anos 2007 a 2016, que geraram prejuízos ao interesse público; além disso, investigar os procedimentos do acordo de colaboração premiada celebrado entre o Ministério Público Federal e os acionistas da empresas JBS e J&F. Conforme convocação, a presente reunião destina-se à oitiva do Sr. Rodrigo Tacla Duran por videoconferência, de modo que solicito à Secretaria que adote as providências cabíveis para o início da conexão com o depoente. 

09:25 R Eu quero também esclarecer que esta parte, este depoimento do Dr. Rodrigo Tacla Duran, diz respeito a um segmento aqui desta CPMI, no sentido de coletar informações e contribuições para o aperfeiçoamento do processo legislativo pertinente ao vazamento de informações sigilosas em operações policiais e processos judiciais, bem como o aperfeiçoamento do processo legislativo no que diz respeito ao instituto da delação premiada. Bom dia, Dr. Rodrigo Tacla Duran. O SR. RODRIGO TACLA DURAN – Bom dia, Deputado. O SR. PRESIDENTE (Wadih Damous. PT - RJ) – Dr. Duran, antes de lhe passar a palavra, eu vou apenas fazer um pedido, no sentido de que nós estamos sendo assistidos, provavelmente, por muita gente. Então, são pessoas, assim como nós... Nós, Parlamentares – alguns de nós, pelo menos –, não somos versados em algumas questões de natureza técnica, não temos afinidade com determinados termos. Então, é muito importante, quando entrarmos na fase de dirigirmos perguntas, indagações, que o senhor seja muito claro e, de uma certa forma, didático, no sentido de permitir que as pessoas entendam aquilo que está sendo dito, aquilo que está sendo narrado. Perfeito? O SR. RODRIGO TACLA DURAN – Perfeito. O SR. PRESIDENTE (Wadih Damous. PT - RJ) – Então, eu vou lhe passar a palavra para suas considerações iniciais. O senhor fique à vontade para falar, se pronunciar da melhor maneira. Após isso, os Parlamentares aqui presentes vão lhe dirigir algumas perguntas, algumas indagações. Está claro? O SR. RODRIGO TACLA DURAN – Está claro. O SR. PRESIDENTE (Wadih Damous. PT - RJ) – Então, o senhor tem a palavra. O SR. RODRIGO TACLA DURAN – Bom dia, Srs. Parlamentares, senhoras e senhores. Em primeiro lugar, eu gostaria de agradecer a oportunidade de poder prestar esclarecimentos a esta CPI. Por diversas vezes, tentei prestar esclarecimentos ao Ministério Público, mas nunca quiseram ouvir a minha versão dos fatos. Sou advogado há 20 anos. Especializei-me em Direito Internacional e das Telecomunicações. Trabalhei como advogado para a Odebrecht e também para o grupo UTC. Essas duas empresas fizeram acusações contra mim para atender a interesse do Ministério Público, mas nunca provaram nada, nunca exibiram uma prova sequer. Para que eu pudesse me defender dessas acusações desses dois clientes, eu me vi obrigado a abrir mão do sigilo profissional, conforme previsto no art. 25 do Código de Ética e Disciplina da Ordem dos Advogados do Brasil. Quanto aos demais clientes, Srs. Deputados e Srs. Senadores, gostaria da sua compreensão, porque serei obrigado a manter o sigilo profissional. 

09:29 R Eu venho aqui, Srs. Parlamentares, porque eu tenho compromisso com a verdade. É por esse motivo que apresentei a esta Comissão Parlamentar Mista de Inquérito os relatórios periciais referentes à denúncia contra o Senhor Presidente da República, formulada pelo ex-Procurador-Geral Rodrigo Janot, e também as conversas que mantive com o advogado Carlos Zucolotto. Em relação à denúncia contra o Senhor Presidente da República, a qual envolve meu nome, a perícia comprova que os extratos supostamente emitidos pelo Meinl Bank AG (Aktiengesellschaft) são falsos. Comprova também que o sistema Drousys da Odebrecht foi manipulado e adulterado antes, durante e depois do seu bloqueio pelas autoridades suíças. Isso quer dizer que todas as informações e documentos desse sistema não se prestam a ser usados como prova para incriminar quem quer que seja, muito menos Deputados, Senadores e a Presidência da República; ou seja, a prova é viciada e nula. Em relação à perícia da minha conversa com o advogado Carlos Zucolotto, a conclusão é de que os registros são íntegros, não foram manipulados e não contêm vícios. Por fim, eu gostaria de informar a esta Comissão que recentemente prestei depoimento à Polícia Federal. Nesse depoimento que estou encaminhando à presidência desta CPMI, prestei esclarecimentos sobre a minha relação com a Odebrecht e a UTC. Contestei as acusações caluniosas de que fui vítima e juntei uma série de documentos que comprovam a minha versão dos fatos. Mais uma vez, agradeço a oportunidade de estar aqui e me coloco à disposição dos senhores. Muito obrigado. O SR. PRESIDENTE (Wadih Damous. PT - RJ) – Obrigado, Dr. Rodrigo. Vamos dar início, então, à tomada de depoimento, mas, antes, como eu pretendo encaminhar também perguntas, dirigir perguntas ao Sr. Tacla Duran, vou pedir ao Senador Paulo Rocha, membro efetivo desta CPMI, que faça a gentileza de assumir a presidência dos trabalhos, para que eu possa, do plenário, mais à vontade, dirigir as perguntas que tenho ao Dr. Tacla Duran. Por favor, Senador Paulo Rocha. Muito obrigado desde já. (Pausa.) O SR. PRESIDENTE (Paulo Rocha. PT - PA) – Dando continuidade, portanto, à nossa oitiva através de teleconferência, Dr. Rodrigo, nós vamos entrar agora na fase de perguntas e respostas pelos Parlamentares inscritos, e é importante aquilo que já foi chamado atenção pelo Presidente anterior, Deputado Wadih, que as respostas sejam claras e, de preferência, sucintas, para que possamos dirimir... E é a oportunidade que V. Sª tem de esclarecer essa questão importante, o que, com certeza, vai contribuir muito para a nossa CPI, para as investigações que estão em curso na CPI, mas, ao mesmo tempo também, ajudar naquilo que é um papel da CPI, isto é, propor legislação que melhore ainda mais o nosso arcabouço jurídico na transparência da gestão pública, no combate a desvio do dinheiro público, enfim. Então, o depoimento de V. Exª tem muito a contribuir para a nossa CPI. 

09:33 R Como o nosso Relator está atrasado, passo a palavra ao primeiro inscrito, Deputado Wadih da Damous. V. Exª tem o tempo necessário para as suas perguntas. O SR. WADIH DAMOUS (PT - RJ) – Obrigado, Presidente. Sr. Rodrigo Tacla Duran, vou começar a partir das suas considerações iniciais. O senhor mencionou um sistema de nome Drousys – se não me engano o nome é esse, se não for, por favor, corrija-me – e também fez menção a um banco. Então, gostaria que o senhor me esclarecesse o que vem a ser esse Sistema Drousys, o que é isso, para que as pessoas entendam com clareza, e por que o senhor fez menção a um banco nas suas considerações iniciais. Não ouvi direito, então, eu gostaria que o senhor, por favor, esclarecesse a nós e a todos que estão nos assistindo essas duas questões. O SR. RODRIGO TACLA DURAN – Pois não. Eu encaminhei à Comissão dois relatórios periciais: um trata do Sistema Drousys e de extratos bancários emitidos pelo Meinl Bank Antígua, que era um banco da companhia Odebrecht. E o Sistema Drousys é um sistema também da própria companhia; uma intranet, onde se podia armazenar documentos e comunicações, tanto de chat como de e-mail. Como fui citado na denúncia do Presidente Michel Temer, apesar de eu não ser acusado, mas vi meu nome envolvido, eu decidi procurar saber por que eu estava envolvido no assunto. Consegui a cópia da denúncia e vi que os documentos estavam adulterados, falsificados. Levei à Associação Espanhola de Peritos, que é um organismo oficial de perícia aqui na Espanha, e foi sorteado um perito que constatou que, além dos documentos que foram aportados na denúncia pela Procuradoria-Geral, na ocasião, pelo ex-Procurador-Geral Rodrigo Janot, esses extratos foram adulterados e falsificados. E, a partir dessa falsificação, constatou-se que a data de emissão deles é do ano de 2017, sendo que o Sistema Drousys foi bloqueado em 2016. Na página 73 da denúncia, o ex-Procurador Rodrigo Janot afirma que todos os documentos que constam como provas nessa denúncia foram obtidos junto ao Sistema Drousys. Se o Sistema Drousys foi bloqueado em 2016, não faz o menor sentido nem poderia ser possível um documento emitido em 2017 estar dentro do Sistema Drousys, e, pior, documento falsificado. Por isso que a perícia chegou a essa conclusão. Eu encaminhei a perícia à Comissão ontem. 

09:37 R O Sistema Drousys era um sistema de comunicação, intranet da empresa. E a questão do Meinl que eu havia citado, o Meinl Bank, era em relação às duas coisas, em relação a esse perícia na denúncia do Presidente Michel Temer. O SR. WADIH DAMOUS (PT - RJ) – Só para que tenhamos claro, Sr. Rodrigo: sobre esses documentos acostados em autos de processos, de inquéritos, que foram obtidos mediante acesso a esse sistema Drousys, o senhor afirma que a totalidade desses documentos é falsa ou que alguns documentos são falsos? Só para que tenhamos isso claro. E que documentos? Esses documentos serviram de prova para corroborar delações premiadas? Eles serviram de provas para condenar pessoas? Esclareça isso para nós. O SR. RODRIGO TACLA DURAN – Se todos os documentos são falsos, eu não sei porque estou me referindo aos documentos a que tive acesso, que são esses da denúncia do Presidente Michel Temer, porque citavam o meu nome; e, por exemplo, também, o que foi aportado pela Odebrecht no Inquérito nº 4.435, que envolve o Deputado Pedro Paulo e o ex-Prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes. Esses extratos são falsos e já foram periciados. No caso da denúncia do Presidente Michel Temer, esses extratos que foram aportados demonstram que o sistema foi manipulado. A partir do momento em que o sistema foi manipulado antes, durante e depois do bloqueio, as provas, no meu entender, são viciadas. Todas as provas que saem daquele sistema, a partir daí, são viciadas. O SR. WADIH DAMOUS (PT - RJ) – Só para nos esclarecer e esclarecer também às pessoas que nos assistem, Dr. Duran, o senhor aqui não é investigado; o senhor, aqui, está colaborando com a CPMI, por tudo aquilo o que o senhor sabe, por tudo aquilo que já foi divulgado acerca de declarações suas. Na verdade, o senhor está colaborando com esta CPMI. Obviamente, não na condição de investigado ou de testemunha. Está certo? O SR. RODRIGO TACLA DURAN – Perfeito. O SR. WADIH DAMOUS (PT - RJ) – Embora o que nós esperemos do senhor seja a pura e cristalina verdade. Também acho que é um compromisso que o senhor pode assumir aqui conosco e com o povo brasileiro. Doutor Tacla Duran... O SR. RODRIGO TACLA DURAN – Deputado, desculpa. O SR. WADIH DAMOUS (PT - RJ) – Pois não. O SR. RODRIGO TACLA DURAN – Essa foi sempre a minha conduta, com os diversos países com os quais já colaborei. Não seria, jamais, de minha parte, diferente com o Brasil. O SR. WADIH DAMOUS (PT - RJ) – Está certo. É o que nós esperamos aqui. Dr. Tacla Duran, tenho conhecimento de que o Juiz Sérgio Moro, que é o Juiz que conduz os processos da chamada Operação Lava Jato, rejeitou uma denúncia feita contra o senhor. O senhor pode nos esclarecer por quê? Quais foram as razões de ele haver rejeitado essa denúncia? O SR. RODRIGO TACLA DURAN – Ele...Eu tomei conhecimento pela imprensa de que ela foi rejeitada. Pelo que eu li é porque não tenho nada a ver com a Petrobras. O SR. WADIH DAMOUS (PT - RJ) – De qualquer maneira, ele fez declarações acerca do senhor desairosas. E o fato de o senhor estar depondo aqui por vídeo conferência, se não me engano, é para evitar uma medida de constrição por parte do Juiz Sérgio Moro. Então, como é que se explica isso? 

09:41 R De um lado, ele rejeita uma denúncia; por outro lado, o senhor se sente ameaçado de vir ao Brasil por conta de uma possível ação do Juiz Sérgio Moro? O SR. RODRIGO TACLA DURAN – Deputado, eu respondi a um processo de extradição aqui na Espanha formulado pelo Brasil. A minha extradição foi negada. Eu não tenho nenhum problema com a Justiça, tenho meus passaportes aqui, eu não tenho restrição nenhuma. A questão é que o meu pedido de prisão preventiva, para fins de extradição, que ele havia requerido à 13ª Vara de Curitiba, não foi baixado. E o meu processo não é encaminhado... As provas, a investigação etc. não são encaminhadas à Espanha. Por qual razão, eu não sei. O Pleno da Audiência Nacional, que são 17 magistrados aqui em Madri, decidiu por unanimidade que eu não seria extraditado e que o Brasil deveria remeter as provas com base na Convenção de Palermo, de que o Brasil é signatário, e nos tratados de extradição e de cooperação mútua entre Brasil e Espanha. E isso até hoje não aconteceu. Enquanto isso, o pedido de prisão preventiva não foi baixado, para fins de extradição. O SR. WADIH DAMOUS (PT - RJ) – O senhor foi delatado, o senhor foi objeto de uma delação por parte de executivos da Odebrecht ou de um determinado executivo? Enfim, houve uma delação contra o senhor? O SR. RODRIGO TACLA DURAN – Sim; a primeira delação foi da UTC. Só complementando a pergunta anterior do senhor, é importante frisar que o Ministério Público, por meio da SCI, Secretaria de Cooperação Internacional, deu o parecer no sentido de que o processo deveria ser remetido à Espanha, com fulcro na Convenção de Palermo e nos tratados internacionais. Então, a posição do Ministério Público também é de que se envie o processo para cá, ou provas, o que seja – eu não sei o que há –, então teria que vir. E, mesmo com o parecer do Ministério Público, isso não aconteceu. Com relação à delação, a primeira delação que aconteceu foi da UTC, do Sr. Ricardo Pessoa e do Sr. Walmir Pinheiro, que eu não conheço. Eu trabalhei para a UTC, mas a quem eu me reportava, que me contratou e tratava de honorários etc. era o advogado Ivan Carratu. Na verdade, essa delação dos dois – do Ricardo Pessoa e do Walmir Pinheiro – aconteceu praticamente um ano depois – em relação a mim – que a delação deles foi homologada pelo Supremo Tribunal Federal. E eles foram questionados pelo Procurador em Curitiba, o Roberson Pozzobon, que lhes perguntou a meu respeito. Como eu era advogado da empresa, foi feito um contato, o Sr. Ivan Carratu fez contato comigo, dizendo que estavam pressionando para que falasse a meu respeito. E eu falei: "Mas falar o quê?" Inclusive, eu salvei as mensagens que eu troquei com o Dr. Ivan e encaminhei à CPMI. Essas mensagens são da mesma data do, vamos dizer, "depoimento" prestado pelo Sr. Ricardo e pelo Sr. Walmir Pinheiro aos seus próprios advogados no seu escritório, na UTC. Não havia presença de nenhuma autoridade, de nenhum procurador, delegado de polícia, nada. Eles falaram com os advogados deles, fizeram um carta, assinaram e encaminharam essa carta à Procuradoria, dizendo que, em resumo, parte dos honorários que eu recebi eu devolvia em dinheiro em espécie na garagem da UTC. 

09:45 R A Procuradoria da Lava Jato, ao invés de fazer uma investigação para checar essas informações... E eu quero ressaltar que, até onde eu tenho conhecimento, eu nunca tive um inquérito policial até então. A Procuradoria, ao invés de fazer diligências, procurar as operadoras de telefonia celular para verificar se o meu celular esteve algum dia naquele endereço e, mais, verificar se o meu celular esteve ao mesmo tempo em que os telefones celulares do Walmir Pinheiro que diz isso. Não foi nada disso que foi feito. Então, essas delações dos dois, de que eu devolvia dinheiro lá na garagem da UTC, é uma mentira, uma calúnia. Eles mesmos dizem, na própria carta, que não há registro da minha entrada no prédio... O SR. WADIH DAMOUS (PT - RJ) – Está certo, mas ... O SR. RODRIGO TACLA DURAN – ... que não há vídeo etc. E assim começou. Dessa delação da UTC, a Procuradoria soube que eu trabalhava para a Odebrecht, começou a pressionar, porque naquele momento eles não tinham informações da Odebrecht... O SR. WADIH DAMOUS (PT - RJ) – Não; está certo, mas... O SR. RODRIGO TACLA DURAN – ... e queriam obtê-las através de mim. O SR. WADIH DAMOUS (PT - RJ) – Por delação, enfim, mas abriu-se... O Ministério Público Federal, por conta da UTC, por conta da Odebrecht, abriu uma investigação sobre o senhor lá em Curitiba. E, a partir daí, quando o senhor tomou conhecimento desses fatos, o senhor partiu para a contratação de advogados que promovessem um acompanhamento e promovessem a sua defesa nesse curso das investigações. Que advogado ou que advogados o senhor procurou e contratou? O SR. RODRIGO TACLA DURAN – Inicialmente me acompanhou nas tratativas o Leonardo Pantaleão. Como percebi que havia uma dificuldade nas negociações e eu já tinha, em meu escritório, correspondente em Curitiba, o Dr. Carlos Zucolotto, aí eu o procurei para tentar auxilar, porque eu percebi que o advogado de São Paulo estava tendo dificuldade e não estava tendo uma boa entrada para a negociação. O SR. WADIH DAMOUS (PT - RJ) – Foi oferecido ... Ofereceu-se ao senhor a oportunidade de um acordo de colaboração premiada? O SR. RODRIGO TACLA DURAN – Sim. O SR. WADIH DAMOUS (PT - RJ) – O Ministério Público Federal disse que isso é mentira, que eles não quiseram saber de qualquer tratativa com o senhor. O SR. RODRIGO TACLA DURAN – Isso não é verdade. Eu encaminhei a esta Comissão a cópia do e-mail que eu recebi da rede do próprio Ministério Público Federal, enviado pelos Srs. Procurador Roberson Pozzobon, Procurador Júlio Noronha e copiado também ao Procurador Carlos Fernando dos Santos Lima. Eles encaminharam a cópia da minuta do acordo, marcando para – era uma sexta-feira, se não me engano – a segunda-feira seguinte para que eu fosse ao Ministério Público para assinar o acordo. O SR. WADIH DAMOUS (PT - RJ) – E o senhor não... O SR. RODRIGO TACLA DURAN – Eu que não fui; eu que rejeitei o acordo. O SR. WADIH DAMOUS (PT - RJ) – E rejeitou por quê? O SR. RODRIGO TACLA DURAN – Eu rejeitei porque eles queriam criminalizar a minha profissão e me imputar crimes que eu não cometi. Eu refleti e, mesmo sabendo das dificuldades que eu iria enfrentar, o que eu sofri, eu decidi que eu não iria assinar. 

09:49 R Também, nesse ínterim aí que o Dr. Zucolotto intermediou, é importante frisar, embora eu tenha encaminhado à CPMI, eu troquei algumas mensagens com ele, que, somadas... O SR. WADIH DAMOUS (PT - RJ) – Só um momentinho, antes do Dr. Zucolotto. Apenas para o senhor ter conhecimento, o Procurador Carlos Fernando dos Santos Lima disse que o senhor mentiu e que jamais lhe foi oferecida ou houve qualquer tratativa no sentido de lhe oferecer a oportunidade de assinar um termo de acordo de colaboração premiada. O senhor está afirmando aqui que quem está faltando com a verdade é o Procurador Carlos Fernando. O senhor tem documentos e esses documentos já foram enviados à CPMI, que comprovam a sua versão? O SR. RODRIGO TACLA DURAN – Sim; eu encaminhei esse e-mail e o arquivo da minuta... O SR. WADIH DAMOUS (PT - RJ) – Já está aqui, na CPMI. O SR. RODRIGO TACLA DURAN – ... do Ministério Público. O SR. WADIH DAMOUS (PT - RJ) – Está certo. O SR. RODRIGO TACLA DURAN – Já. O SR. WADIH DAMOUS (PT - RJ) – Perfeito. O SR. RODRIGO TACLA DURAN – Isso foi encaminhado ao meu advogado; o meu advogado tem copiado também, o Leonardo Pantaleão. O SR. WADIH DAMOUS (PT - RJ) – Perfeito. Agora, eu gostaria de que o senhor aqui nos informasse por que o senhor procurou o escritório do Dr. Carlos Zucolotto para promover aí o acompanhamento da sua investigação? O senhor já o conhecia previamente? O senhor já o conhecia antes dessas investigações das quais o senhor é alvo? O SR. RODRIGO TACLA DURAN – Sim; ele era correspondente do meu escritório, em Curitiba. Então, ele tratava de processos do escritório normalmente. Eu tive esse problema particular, e, nada mais normal, do que eu procurar o meu correspondente em Curitiba, porque eu sentia que necessitava de uma pessoa dali, da cidade, para tentar ter uma negociação melhor. O SR. WADIH DAMOUS (PT - RJ) – Mas o senhor já havia demandado os serviços profissionais do Dr. Carlos Zucolotto em alguma ação judicial? Eu me refiro à período anterior, ou, enfim, a período que não diga respeitos a essas investigações do Ministério Público Federal. O SR. RODRIGO TACLA DURAN – Sim, ele atuou em um processo de clientes do meu escritório e, inclusive, da minha família, que é de Curitiba. O SR. WADIH DAMOUS (PT - RJ) – Ele atuou nesses processos? O senhor outorgou procuração a ele? O SR. RODRIGO TACLA DURAN – Não; foi ´por substabelecimento. Nós substabelecemos a ele, não é, em alguns processos. Inclusive, eu tive problema porque, ainda em janeiro, quando eu estava respondendo a processos de extradição – e eu não sabia o desfecho –, eu poderia ter que verificar o impedimento, suspeição etc., como exceções e estratégias de defesa possíveis. Então, eu decidi tirar as certidões de objeto e pé de processos que havia substabelecido a ele. É estranho, é realmente estranho, porque essas certidões de objeto e pé demoraram coisa de três, quatro meses, enfim, um prazo muito longo; e, quando ficaram prontas, não constava o nome dele e dos outros advogados do escritório dele como clientes. 

09:53 R Quando indagaram o servidor cartorário sobre isso, deram uma resposta estranha, dizendo que esses subestabelecimentos haviam sido desentranhados à época porque os substabelecidos não haviam autorizado essa juntada. Se isso fosse verdade – na época, os processos não eram digitais –, deveria haver a publicação no Diário Oficial e uma decisão de desentranhamento. Nós não recebemos nenhuma publicação e também nunca vi cópia dessa decisão do desentranhamento. O SR. WADIH DAMOUS (PT - RJ) – Por que o senhor acha que aconteceu isso? Por que um advogado teria desentranhado... Desentranhar, para quem não sabe, é retirar, é tirar dos autos aquilo que lá estava. Por que o escritório Zucolotto teria feito isso? O senhor não pagou honorários? O que houve? O SR. RODRIGO TACLA DURAN – Importante é que o cartorário disse que não havia autorização do substabelecido, no caso o escritório do Dr. Zucolotto. Só que eu tenho os e-mails dele, encaminhados ao meu escritório, com a relação dos advogados autorizando o substabelecimento. O SR. WADIH DAMOUS (PT - RJ) – Tudo bem. Por que ele... O SR. RODRIGO TACLA DURAN – Isso daí estranhamente sumiu do processo. É um caso que tem que ser investigado como supressão de documentos, porque isso tem consequências gravíssimas, como perda de prazo etc. O SR. WADIH DAMOUS (PT - RJ) – O senhor acha que ele quer apagar registros do relacionamento profissional de vocês? É isso? Ele não quer que as pessoas saibam que o senhor já teve um vínculo profissional com ele? É isso? Eu quero entender por que ele desentranhou esse substabelecimento. O SR. RODRIGO TACLA DURAN – Pela explicação do cartorário de que o substabelecido não autorizou, eu creio que sim. Agora, o problema é esse documento sair dos autos extraoficialmente e ninguém ter cópia do documento. O SR. WADIH DAMOUS (PT - RJ) – Perfeito. O senhor provavelmente vai adotar medidas que o senhor entender cabíveis. Eu só quero ter claro se, na sua opinião, ele fez isso porque não queria deixar público, transparecer publicamente que vocês mantinham ou mantiveram um vínculo profissional em determinada época. É essa a sua conclusão? O SR. RODRIGO TACLA DURAN – Sim, foi a conclusão a que eu cheguei. O SR. WADIH DAMOUS (PT - RJ) – Agora, voltando aqui ao cenário das investigações: eu me lembro de que o senhor deu uma entrevista ou saiu uma matéria algum tempo atrás na Folha de S.Paulo – se não me engano era uma matéria assinada pela jornalista Mônica Bergamo – em que o senhor faz uma série de declarações em relação ao Dr. Zucolotto – e nós vamos chegar a elas. Mas eu me lembro também de que o Juiz Sergio Moro veio em socorro do advogado Zucolotto, desmentindo o senhor, dizendo que os senhores não tinham, que o suposto diálogo que o senhor manteve com o advogado Zucolotto nunca aconteceu e que ele nem sequer era criminalista, ele era um advogado trabalhista. Então, o que eu quero saber do senhor é: primeiro, por que o senhor contratou... Segundo, o Dr. Sergio Moro, ele é um advogado trabalhista. Por que o senhor o contratou ou tentou contratá-lo para atuar num processo de natureza penal? Que tratativas foram essas com o Dr. Zucolotto? O SR. RODRIGO TACLA DURAN – Essa questão de ele ser advogado criminalista fica clara quando ele tem, no próprio portfólio do escritório, no site do escritório dele, que ele atua na área penal. 09:57 R Com relação às afirmações do Juiz Sergio Moro, eu não vou comentar. Entretanto... O SR. WADIH DAMOUS (PT - RJ) – Mas ele disse que o senhor está mentindo. O SR. RODRIGO TACLA DURAN – Entretanto, se eu for confrontar o próprio Tribunal de Justiça e o próprio site da Justiça Federal em Curitiba, no Paraná, pode-se constatar que Zucolotto foi advogado do próprio Juiz Sergio Moro em ação de matéria penal. O SR. WADIH DAMOUS (PT - RJ) – O senhor está dizendo que o escritório Zucolotto já advogou para o o Juiz Sergio Moro? O SR. RODRIGO TACLA DURAN – Sim, essa informação é pública. No Tribunal se pode localizar. Em processo penal. O SR. WADIH DAMOUS (PT - RJ) – O senhor teve conhecimento de que, na época, a esposa do Dr. Sergio Moro, que é advogada, era sócia do Dr. Carlos Zucolotto? Isso é fato? O senhor teve conhecimento disso? O SR. RODRIGO TACLA DURAN – Não quando eu o contratei. Depois eu tive conhecimento pela imprensa. O SR. WADIH DAMOUS (PT - RJ) – O senhor também, se não me engano, se não na matéria da Folha, em outra matéria jornalística, disse que o Dr. Zucolotto advogou para o Procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, aquele mesmo que disse que o senhor mentiu no que diz respeito às tratativas para o acordo de delação premiada. Ele é um procurador da força-tarefa da Lava Jato. Isso é fato também? O senhor tem conhecimento desse fato? O SR. RODRIGO TACLA DURAN – Eu li nessa matéria; eu não sabia antes. E li também que, no dia seguinte ou dias depois, ele também renunciou ao mandato. O SR. WADIH DAMOUS (PT - RJ) – O Dr. Zucolotto renunciou ao mandato? O SR. RODRIGO TACLA DURAN – Exato. Eu li isso também. As duas informações pela matéria do jornal. O SR. WADIH DAMOUS (PT - RJ) – Eu qual foi o teor das tratativas com o Dr. Zucolotto? O senhor, se não me engano, revelou nessa matéria jornalística que foi um diálogo travado em um aplicativo, em um programa. Enfim, eu quero que o senhor diga que programa é esse, que aplicativo é esse e se o senhor capturou esse diálogo e qual é o teor desse diálogo com o Dr. Zucolotto acerca dessas tratativas para sua contratação. O SR. RODRIGO TACLA DURAN – As mensagem foram trocadas em um aplicativo que chama Wickr, porque ele deleta, ele apaga as mensagens conforme o tempo que é programado. Você não pode tirar foto, um print screen, como é conhecido, porque ele avisa o interlocutor do outro lado. Então, as fotos foram tiradas de outro aparelho celular, o que eu entreguei para a perícia, que constatou que as fotos são daquela data. O SR. WADIH DAMOUS (PT - RJ) – Mas por que o senhor sentiu necessidade de fotografar o diálogo? O SR. RODRIGO TACLA DURAN – Porque eu já estava... Quando eu percebi que a intenção não era das melhores, para onde estava caminhando a conversa, eu achei melhor me resguardar. O SR. WADIH DAMOUS (PT - RJ) – Para onde estava caminhando a conversa? É verdade que o senhor disse que ele teria lhe pedido US$5 milhões e que haveria uma negociação por fora, que ele teria um bom acesso lá aos membros da Operação Lava Jato e que teria dito, inclusive, que incluiria o DD – "d" de dado, "d" de dado, que parece ser a sigla de um nome – nas negociações. O senhor quer esclarecer melhor isso? Como é que foi isso? O SR. RODRIGO TACLA DURAN – 10:01 R O SR. RODRIGO TACLA DURAN – Naquele momento, pela pressão dos procuradores, que era muito grande... Ameaçaram a minha família; eu tinha muita preocupação com a minha reputação; clientes; vida; profissão... Naquele momento, quando o Zucolotto me enviou as mensagens, eu percebi que havia uma preocupação, vamos dizer assim, essencialmente financeira. E, com relação ao que estava acontecendo – às pressões na negociação –, isso não estava em nada modificado. Naquela conversa, ele propôs reduzir a multa que havia sido solicitada, de US$15 milhões, para US$5 milhões e que eu pagasse 5 milhões de honorários. E, aí, ele disse que eu iria entender quando recebesse a minuta. O SR. WADIH DAMOUS (PT - RJ) – A minuta do acordo de colaboração. O SR. RODRIGO TACLA DURAN – Do acordo. Exato. Dois dias depois dessas mensagens... E é importante frisar, Deputado – e eu encaminhei a perícia para a CPI –, que o laudo constata que as mensagens foram trocadas nessa data. Não houve alteração, manipulação em nada desse material. Dois dias depois dessa troca de mensagens, eu recebi um e-mail, que eu encaminhei também à CPMI, e a minuta. Essa minuta, do Ministério Público, previa a multa de US$15 milhões, que deveria ser paga com recursos de uma conta em Andorra. Caso não fosse viável esse bloqueio, por qualquer razão, e fosse provado e justificado, esse valor de US$15 milhões, ao câmbio da época, seria reduzido para um terço – US$5 milhões –, que deveriam ser pagos com outros recursos. A Procuradoria sempre soube que eu não tinha dinheiro em Andorra. Eu anexei, encaminhei à CPI o relatório da polícia de Andorra que prova isso. Eu nunca tive dinheiro em Andorra. Ou seja: cobrar US$15 milhões para serem descontados de uma conta em Andorra... Era juridicamente impossível essa minuta. Então, era fato que o que seria pago seriam US$5 milhões, e não US$15 milhões. Por outro lado, a Procuradoria também sabia, tanto por mim como pelas minhas declarações de renda e de bens e capitais estrangeiros, que eu tinha uma conta em Singapura com recursos suficientes para fazer frente a esses pagamentos. E foi o que aconteceu. A sequência dos fatos dessas mensagens se prendeu a isso, e eu não aceitei, porque, na verdade, me vi constrangido. O SR. WADIH DAMOUS (PT - RJ) – Dr. Tacla, eu li a matéria da Folha de S.Paulo em que o senhor fala desse assunto, e, naquela matéria, o senhor diz que, no diálogo – porque são fatos gravíssimos, não é? – com o Dr. Carlos Zucolotto, usou-se a expressão "isso aqui você paga por fora." "Isto aqui você paga por fora." É isso? É isso? O SR. RODRIGO TACLA DURAN – Sim. O SR. WADIH DAMOUS (PT - RJ) – É isso? O SR. RODRIGO TACLA DURAN – Exato. O SR. WADIH DAMOUS (PT - RJ) – E está no diálogo? O SR. RODRIGO TACLA DURAN – Sim. O SR. WADIH DAMOUS (PT - RJ) – Isso saiu... O SR. RODRIGO TACLA DURAN – É isto. O SR. WADIH DAMOUS (PT - RJ) – ... isso foi escrito pelo Dr. Zucolotto? O SR. RODRIGO TACLA DURAN – Foi solicitado dessa forma. O SR. WADIH DAMOUS (PT - RJ) – E qual foi a justificativa para esse pagamento por fora? Que justificativa ele usou para o senhor? O SR. RODRIGO TACLA DURAN – Nenhuma. Eu também não procurei saber, porque eu não gostei. O SR. WADIH DAMOUS (PT - RJ) – Bom, o senhor não gostou por algum motivo. Qual foi o motivo de o senhor não ter gostado? 10:05 R O SR. RODRIGO TACLA DURAN – Porque, com essas mensagens, somadas ao histórico que eu vinha já sofrendo na Procuradoria, as pressões, eu me senti constrangido. Aquilo ali estava mais parecendo uma extorsão. O SR. WADIH DAMOUS (PT - RJ) – Uhum. Mas, no diálogo, ele não diz por que ele queria aquele pagamento por fora? Seria para quê? Para viabilizar o quê? O SR. RODRIGO TACLA DURAN – Seria em troca da atuação dele na intermediação da negociação para reduzir a multa, de 15 para 5. O SR. WADIH DAMOUS (PT - RJ) – O senhor sentiu que aquele dinheiro não seria destinado exclusivamente para ele? Ele teria que usar aquele dinheiro? Foi essa a sua percepção? O SR. RODRIGO TACLA DURAN – Ele diz que o valor era para ele e para quem o estava ajudando. O SR. WADIH DAMOUS (PT - RJ) – Perfeito. Perfeito. E só para a gente confirmar... O SR. RODRIGO TACLA DURAN – E quem estava ajudando eu não sei. Teria que perguntar a ele. O SR. WADIH DAMOUS (PT - RJ) – Não. Certo. Está certo. E o senhor obviamente, como já disse, não assinou, se recusou a assinar esse termo de colaboração em que teria que assumir crimes que o senhor alega não ter cometido? O SR. RODRIGO TACLA DURAN – Correto. Não cometi crime nenhum. O SR. WADIH DAMOUS (PT - RJ) – De fato, chamou-me a atenção, na época dessa matéria, o fato de o Juiz Sergio Moro ter vindo a público defender o advogado, quer dizer, o advogado não foi ouvido na matéria, quem foi ouvido foi o Dr. Moro. A que o senhor atribui isso? Eles são muito amigos? O senhor tem conhecimento? Quer dizer, a esposa do Dr. Moro era sócia dele. O senhor tem conhecimento de uma relação de amizade? Porque parece que o próprio Juiz Moro na matéria disse isto: que eles são muito amigos, que eram muito amigos. Por isso, o Sergio Moro vem em socorro ao advogado? O SR. RODRIGO TACLA DURAN – Deputado, dessa relação deles próxima eu não tinha conhecimento. Eu tomei conhecimento pela matéria, e cabe melhor ao Dr. Zucolotto esclarecer. Eu, de verdade, fui surpreendido, inclusive, como o senhor está colocando aí, pela forma como foi respondida a matéria. O SR. WADIH DAMOUS (PT - RJ) – O senhor também contratou o advogado Marlus Arns para negociar acordo de colaboração com os procuradores lá em Curitiba? O SR. RODRIGO TACLA DURAN – Contratei, depois do... O SR. WADIH DAMOUS (PT - RJ) – Por quê? Porque o senhor tinha o Dr. Pantaleão, o senhor procurou o Dr. Zucolotto. O Dr. Zucolotto... Aliás, se não me engano, o senhor revelou isto também, não sei quem, parece que um executivo desses, ou da UTC, ou da Odebrecht, teria recomendado o senhor contratar advogados – e a expressão utilizada foi essa – da 'panela de Curitiba'". É isso? Foi usada essa expressão? Este aconselhamento que o senhor recebeu: contratar advogados da "panela de Curitiba"? O SR. RODRIGO TACLA DURAN – Sim, essas mensagens de indicação de advogados da "panela de Curitiba" são as mensagens que o Dr. Ivan Carratu, na ocasião em que ele estava tentando coordenar os depoimentos dessas delações do Ricardo Pessoa e do Walmir Pinheiro contra mim... Ele enviou diversas mensagens tentando coordenar esse depoimento e que eu aceitasse, que eu admitisse que eles estavam fazendo em razão da pressão do Ministério Público. O SR. WADIH DAMOUS (PT - RJ) – O Dr. Ivan Carratu coordenava a defesa desses executivos da UTC? O SR. RODRIGO TACLA DURAN – Não a defesa; ele era um advogado, vamos dizer, de muita confiança e que há muitos anos trabalhava com a empresa. O SR. WADIH DAMOUS (PT - RJ) – Entendi. Como é que o senhor interpretou o termo "panela de Curitiba", advogados da "panela de Curitiba"? 10:09 R O SR. RODRIGO TACLA DURAN – Primeiro, somado a isso, que o Sr. Ricardo Pessoa e o Sr. Walmir Pinheiro já haviam feito acordo e também o acordo da UTC – e eles estavam falando com experiência, não é? –, então, eu entendi que aquilo ali tinha um fundo de verdade, que eu teria que contratar... O SR. WADIH DAMOUS (PT - RJ) – Não. O SR. RODRIGO TACLA DURAN – ... um profissional ali de Curitiba... O SR. WADIH DAMOUS (PT - RJ) – Não, tudo... O SR. RODRIGO TACLA DURAN – ... que tivesse ligações com a força-tarefa. O SR. WADIH DAMOUS (PT - RJ) – Tudo bem. Uma coisa é assim: "Olha, essa causa é muito complexa e tal, o senhor tem que contratar um Sobral Pinto, o senhor tem que contratar um Evandro Lins e Silva, o senhor tem que contratar um grande advogado". Isso é absolutamente plausível. Agora, o termo "panela" me parece ser um termo pejorativo e que demonstraria uma relação entre profissionais, determinados profissionais da advocacia, e a chamada Operação Lava Jato, relações mais, enfim, íntimas. Então, o que eu quero saber é isto: como o senhor interpretou o termo "panela de Curitiba"? Porque parece que o senhor seguiu o conselho. O senhor procurou... O SR. RODRIGO TACLA DURAN – Segui. O SR. WADIH DAMOUS (PT - RJ) – ... o Dr. Zucolotto e procurou o Dr. Marlus Arns, que seriam integrantes dessa "panela de Curitiba". Como o senhor... Isso que eu quero saber do senhor: como o senhor interpretou ali a "panela de Curitiba"? "Panelinha"... O que é uma "panelinha"? O SR. RODRIGO TACLA DURAN – Que se eu conseguisse... Para que eu conseguisse fazer um acordo dentro de condições satisfatórias, em Curitiba, era necessário um profissional que tivesse bom trânsito e bom acesso à força-tarefa da Lava Jato em Curitiba. O SR. WADIH DAMOUS (PT - RJ) – Perfeito. O SR. RODRIGO TACLA DURAN – Foi assim que eu interpretei... O SR. WADIH DAMOUS (PT - RJ) – Perfeito. O SR. RODRIGO TACLA DURAN – ... e assim que eu tentei algumas vezes. O SR. WADIH DAMOUS (PT - RJ) – O senhor sabe se o advogado Marlus Arns é parente de algum Procurador ou membro do Poder Judiciário? O senhor tem conhecimento? O SR. RODRIGO TACLA DURAN – Não. Não. O SR. WADIH DAMOUS (PT - RJ) – Ele não seria marido da Juíza Tani Maria Wurster? Juíza Federal? O SR. RODRIGO TACLA DURAN – Eu não sei; ele nunca me falou o nome da esposa. O SR. WADIH DAMOUS (PT - RJ) – Como? O SR. RODRIGO TACLA DURAN – Eu nunca perguntei o nome da esposa e ele também nunca me colocou o nome da esposa dele. O SR. WADIH DAMOUS (PT - RJ) – Uhum. Mas por que ele seria alguém da "panela de Curitiba"? O SR. RODRIGO TACLA DURAN – É... Na verdade... O SR. WADIH DAMOUS (PT - RJ) – É verdade que ele tem... O SR. RODRIGO TACLA DURAN – ... não sei se ele seria da panela... O SR. WADIH DAMOUS (PT - RJ) – O senhor teve conhecimento de que ele tem um curso de Direito, lá em Curitiba, em que membros da Operação Lava Jato, Procuradores, e o Juiz Sergio Moro lecionam? O SR. RODRIGO TACLA DURAN – Eu soube pela imprensa que esse curso existe, sim. O SR. WADIH DAMOUS (PT - RJ) – Oi? Eu não ouvi. O SR. RODRIGO TACLA DURAN – Eu soube pela imprensa da existência desse curso. Não sei se é dele ou do irmão dele, mas... O SR. WADIH DAMOUS (PT - RJ) – Em que membros, Procuradores da força-tarefa da Lava Jato, e o Dr. Sergio Moro lecionam. O senhor tomou conhecimento? O SR. RODRIGO TACLA DURAN – Pela imprensa. Mas depois que eu contratei o Marlus, o Dr. Marlus; não antes. Na verdade, eu contratei o Dr. Marlus porque ele é um especialista na matéria, em acordos, em Curitiba. O SR. WADIH DAMOUS (PT - RJ) – Não. O senhor disse ainda agora que lhe pareceu tentador contratar alguém da "panela de Curitiba". Não é isso? O SR. RODRIGO TACLA DURAN – Sim. E ele é um especialista nessa matéria, em acordos, em Curitiba. Isso é inquestionável. O SR. WADIH DAMOUS (PT - RJ) – Pois já temos agora especialistas em acordo de Curitiba. Perfeito. O senhor pagou honorários ao Dr. Marlus Arns? O SR. RODRIGO TACLA DURAN – Paguei. Paguei. O SR. WADIH DAMOUS (PT - RJ) – Eu sou advogado, ex-Presidente da OAB. A gente sabe que essa questão de honorários é resguardada... O SR. RODRIGO TACLA DURAN – Sim. O SR. WADIH DAMOUS (PT - RJ) – ... por sigilo, e o senhor responda se o senhor quiser e se sentir à vontade. O senhor se incomodaria em dizer qual foi o valor do seu contrato de honorários com o Dr. Arns? 10:13 R O SR. RODRIGO TACLA DURAN – Deputado, foi um contrato com parte em honorários fixos e parte por êxito. Então, como não teve êxito, eu paguei metade, que era a parte fixa. A outra metade, uma vez que não houve êxito, eu não paguei. Se eu não me engano, o valor era de US$1,5 milhão mais impostos. O SR. WADIH DAMOUS (PT - RJ) – Seria verdade que pelo menos parte desses honorários seriam destinados ao tal curso de Direito que é coordenado ou que é de propriedade do Dr. Marlus Arns, onde lecionam o Juiz Moro e os Procuradores? O SR. RODRIGO TACLA DURAN – Não sei dizer, Deputado. Não sei dizer. O SR. WADIH DAMOUS (PT - RJ) – Uhum. O Dr. Arns esteve reunido com que Procuradores para tentar fazer o seu acordo? O SR. RODRIGO TACLA DURAN – Pelo que ele me reportou, o Dr. Orlando Martello, o Dr. Roberson Pozzobon, o Dr. Julio Noronha, o Dr. Carlos Fernando Santos Lima. Em outra oportunidade, ele comentou que havia o Dr. Welter; em outra oportunidade, Paulo Galvão. E também esteve com Delegados da Polícia Federal, se não me engano, Drª... Não me lembro... O Dr. Márcio Adriano Anselmo, se não me engano, e uma das delegadas cujo nome eu não me recordo se era Drª Renata ou Drª Erika. O SR. WADIH DAMOUS (PT - RJ) – Drª Erika é aquela que agora está em Santa Catarina, envolvida lá... O SR. RODRIGO TACLA DURAN – Não sei. O SR. WADIH DAMOUS (PT - RJ) – ... no suicídio do Reitor Cancellier? Será? O senhor não sabe? O SR. RODRIGO TACLA DURAN – Eu não... Não. Estou comentando isso porque foram reuniões, tratativas tanto na Polícia quanto no Ministério Público. O SR. WADIH DAMOUS (PT - RJ) – E por que as tratativas também desse acordo não foram bem sucedidas? Essas que foram encaminhadas pelo Dr. Marlus Arns? O SR. RODRIGO TACLA DURAN – Veja bem, Deputado. Não foram só essas duas tratativas que não deram certo no meu caso. O Ministério Público Federal também interferiu na tentativa de acordo que eu estava fazendo com o DoJ (Department of Justice) nos Estados Unidos. O SR. WADIH DAMOUS (PT - RJ) – Esclareça o que é o DoJ, para as pessoas entenderem. O SR. RODRIGO TACLA DURAN – Seria, no Brasil, o Ministério Público Federal brasileiro. É o Departamento de Justiça americano. Os procuradores do Brasil foram convidados pelos procuradores americanos para uma reunião em agosto do ano passado, se não me engano entre 18 e 20 de agosto, e eles simplesmente nem responderam. Não compareceram. Eu sempre procurei ser o mais leal possível tanto com os procuradores brasileiros como com os procuradores americanos. Eles sabiam, no Brasil, desde o primeiro dia, a primeira reunião que eu teria em Washington. Para minha surpresa, Deputado, no dia em que eu chego a Washington para a primeira reunião, tem um vazamento, com cópia na íntegra, do depoimento do Sr. Vinícius Borin, tomado pelo Procurador Orlando Martello... O SR. WADIH DAMOUS (PT - RJ) – Ministro quem? Ministro? O SR. RODRIGO TACLA DURAN – Não, Vinícius. Vinícius Borin, que é o laranja da Odebrecht no Meinl Bank AG. No dia da primeira reunião que eu estive em Washington, a cópia do depoimento dele vazou em O Estado de S.Paulo, no blogue do Fausto Macedo, na íntegra. Quando eu chego à reunião em Washington, os procuradores americanos já tinham cópia traduzida da matéria. Isso, considerando o fuso horário, cheguei à conclusão de que eles leram O Estado de S. Paulo antes do Washington Post. 10:17 R O SR. WADIH DAMOUS (PT - RJ) – Parece também ser algo muito comum. Esses vazamentos parecem ter um padrão de... O SR. RODRIGO TACLA DURAN – Esse vazamento, pela coincidência de dados e por eles terem conhecimento, foi nitidamente para me prejudicar nas negociações. Eles não queriam que o meu acordo nos Estados Unidos saísse – nem eles, nem a Odebrecht. O SR. WADIH DAMOUS (PT - RJ) – A que o senhor atribui isso? Por que eles não queriam? O SR. RODRIGO TACLA DURAN – A Odebrecht não queria porque ... Eles queriam era precipitar o acordo, não tinham interesse, como estratégia, naquele momento, fazer nos Estados Unidos. Queriam resolver primeiro o problema no Brasil. O SR. WADIH DAMOUS (PT - RJ) – Há um processo ético disciplinar contra o senhor na OAB de São Paulo. É fato? Qual é o motivo? O SR. RODRIGO TACLA DURAN – É que se iniciou ex officio, em razão de uma entrevista que dei à Folha de S.Paulo, se não me engano em 13 de agosto. Iniciou-se ex officio, não tem razões de direito, pressupostos, nada. E depois houve uma sessão... Também isso me chamou a atenção, porque o senhor, que já foi colega, Presidente da Ordem, sabe que sessão especial não é sempre que acontece, e me incluíram na única sessão especial do ano. Eles me suspenderam por 90 dias cautelarmente. Eu estou cumprindo suspensão porque vou respeitar essa decisão. Achei que não devo questionar. Na verdade, é por conta da matéria, que, na sessão especial, eles entendem que houve quebra de sigilo. Isso realmente me chamou a atenção, porque a própria matéria tem a resposta da Odebrecht dizendo que eu não sou advogado deles. Eles sempre disseram isso, por nota de imprensa etc. Se o cliente diz que não sou advogado, como é que eu quebrei esse sigilo de um cliente? E no caso da Odebrecht também, Deputado, se o senhor me permite, eles fizeram um acordo de leniência. Quando eles fizeram o acordo de leniência, eles abriram mão de todo o sigilo, de todas as informações. Então, eu não tenho por que supor que o que eu estou falando eles não falaram. Se eles deixaram de falar, o acordo deles tem que ser cancelado. O SR. WADIH DAMOUS (PT - RJ) – Bom, o senhor está se defendendo lá no processo, enfim. O SR. RODRIGO TACLA DURAN – Como o da JBS. O SR. WADIH DAMOUS (PT - RJ) – Uhum. O senhor conhece o Sr. Maurício Ferro, que era ou é vice-presidente jurídico da Odebrecht? O SR. RODRIGO TACLA DURAN – Sim, conheço. O SR. WADIH DAMOUS (PT - RJ) – Qual era a participação do Sr. Maurício Ferro no suposto esquema de pagamento de propina da Odebrecht? Como ele atuava? O senhor tem conhecimento? O SR. RODRIGO TACLA DURAN – Bom, depois de iniciada a Lava Jato, que foi em 14, quando eu tive mais contatos com o Maurício, ele... Nós atuamos juntos na parte de coleta de informações, triagem, reavaliação de riscos. E ele me pedia muita informação justamente porque ele não tinha essas informações, porque ele era o responsável pelo desmonte do Departamento de Operações Estruturadas. Ele estava fazendo o desmonte. Ele mesmo já declarou isso em juízo. O SR. WADIH DAMOUS (PT - RJ) – Entre os 77 delatores da Odebrecht, existe algum acionista além da família Odebrecht? O SR. RODRIGO TACLA DURAN – Diversos. O SR. WADIH DAMOUS (PT - RJ) – Quais? O SR. RODRIGO TACLA DURAN – Citar como exemplo o Hilberto Silva, Luiz Eduardo da Rocha Soares, Fernando Migliaccio, Marcos Faria. 10:21 R Eles têm acordo... Não sei bem como é: se é opção de ações ou se são ações, enfim. Benedito Júnior também. Era uma praxe lá ter um acordo de opções, seja na admissão ou na demissão. Principalmente no caso aí dos delatores, muitos acho que fizeram... No caso do Departamento de Operações Estruturadas foi feito na época da demissão. O SR. WADIH DAMOUS (PT - RJ) – Só para encerrar... O SR. RODRIGO TACLA DURAN – A demissão...Só para esclarecer, Deputado. Essas demissões dos funcionários no departamento já fazem parte da estratégia, fazem parte da atuação do Dr. Maurício Ferro no desmonte do Departamento de Operações Estruturadas. O SR. WADIH DAMOUS (PT - RJ) – Desmonte programado. O SR. RODRIGO TACLA DURAN – Que era, na verdade, um desmanche. Foi nesse momento aí... O SR. WADIH DAMOUS (PT - RJ) – Para apagar provas, forjar provas? O SR. RODRIGO TACLA DURAN – Exato. Foi nesse momento que eles manipularam sistemas etc. O SR. WADIH DAMOUS (PT - RJ) – Diga-me uma coisa: o senhor tem... Eu, eu, eu... O SR. RODRIGO TACLA DURAN – Existe uma outra perícia que eu estou fazendo, Deputado, que ainda não está pronta – vai ficar pronta em breve - , que comprova... Porque as minhas contas no Meinl Bank Antígua, em que eu recebia honorários da Odebrecht, sempre foram declaradas. Então, eu tenho os extratos verdadeiros. O SR. WADIH DAMOUS (PT - RJ) – Sim. Diga-me só ,mais... O SR. RODRIGO TACLA DURAN – E tenho minha vida normal. O SR. WADIH DAMOUS (PT - RJ) – Perfeito. O SR. RODRIGO TACLA DURAN – Só para o senhor entender. O SR. WADIH DAMOUS (PT - RJ) – Ah, sim. O SR. RODRIGO TACLA DURAN – Houve uma manipulação, também, no sistema do Banco, para que não seja possível determinar a origem o destino dos recursos. Porque a lavagem de dinheiro que eles praticaram era feita em diversos níveis, só que dentro do Meinl Bank Antígua através de transferências internas. Essas transferências internas foram apagadas no sistema de uma forma que não se identificasse o destinatário. Na verdade, é muito pouco provável que se chegue a conseguir provar, por meio do sistema o Meinl Bank, que é o direito que se originou da Odebrecht, em origem, que se destinou a determinado beneficiário. O SR. WADIH DAMOUS (PT - RJ) – Sim. Só mais... O SR. RODRIGO TACLA DURAN – Fora do banco; dentro do banco é impossível. O SR. WADIH DAMOUS (PT - RJ) – Perfeito. Só vou lhe fazer mais duas perguntas. Vou fazer um esforço de memória aqui. Quando houve a busca e apreensão de documentos do Sr. Marcelo Odebrecht, presidente da Odebrecht, haveria uma conta bancária, o código seria TAO. Essa conta parece-me que está no Bank of China e não está aparecendo qualquer esforço da força-tarefa em ir atrás dessa conta que estaria lá no Banco da China. Isso remete-me também a fazer-lhe mais uma pergunta dentro dessa. O senhor tem conhecimento de vistas grossas da Operação Lava Jato no sentido de premiar, com recursos que não serão apreendidos, contas, empresas offshore, enfim, recursos financeiros para conseguir a delação? Parece-me que o casal Mônica Ramos e João Santana seria um exemplo disso também. Então, gostaria que o senhor me respondesse isso: o senhor tem conhecimento da possibilidade da existência dessa conta TAO, do Sr. Marcelo Odebrecht, possivelmente no Bank of China? E também do episódio envolvendo as delações de Mônica Ramos e João Santana? Até porque se sabe – e acho que o senhor também tem conhecimento disso – que um dos Procuradores da operação Lava Jato é irmão do advogado do casal. O senhor poderia falar sobre isso conosco? 

10:25 R O SR. RODRIGO TACLA DURAN – Sim. Sobre essa conta no Bank of China, por essa identificação TAO, eu não me recordo. Se V. Exª

Por Ultima Hora em 11/06/2023
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