Lula ‘’O Cara’’: 60 pedidos de reuniões bilaterais 1/3 dos países pedindo agenda com Lula

  Do prof. Dawisson B. Lopes da UFMG, especialista em RI e hoje assessor especial da Reitora da UFMG para Internacionalização. Falando sobre o impacto de Lula na ONU e o momento histórico do Brasil. 

O que aconteceu nas Nações Unidas, foi um negócio muito sério. Este país (Brasil) tem 523 anos. É independente há 201. A ONU existe faz 78 anos. Nunca uma fala de um mandatário brasileiro recebeu esse nível de atenção/acolhida. Eu fico com a sensação de que o presentismo afeta muito a capacidade de inteligir. Agora, objetivamente, foi inédito. Num auditório cheio de cobras criadas, com quase 200 chefes de Estado e governo, Lula era o cara que os presentes queriam ouvir. É inédito até para Lula. O cara foi interrompido 7 ou 8 vezes por aplausos. Isso não é padrão onusiano. Não conheço brasileiro que tenha colhido esse tipo de reação num fórum político tão universal quanto a ONU.
Não há. Nem Pedro II, nem Ruy Barbosa, nem Oswaldo Aranha, nem FHC chegaram sequer perto desse patamar.
Foi histórico. A gente só vai se dar conta disso daqui a um tempo. Pedro II era respeitado. Foi árbitro de disputas internacionais. Mas, claro, era só um monarca da periferia do sistema internacional; não liderava. Ruy foi respeitado. Tem a famosa atuação na conferência de paz de 1907, que lhe rendeu apelido de "águia de Haia". Mas, novamente, era uma coisa aristocrática, restrita aos juristas, fechada. Oswaldo Aranha foi presidente da Assembleia Geral da ONU na sessão que criou o Estado de Israel. Era função meio cerimonial, meio política. Não se compara. FHC também era respeitado, mas jamais liderou. *Ainda vamos dimensionar o que está acontecendo com o Brasil num momento futuro. 60 pedidos de reunião bilateral. 1/3 dos países do mundo fazendo solicitação formal ao Itamaraty de agenda com o presidente da nossa República. Isso não existe, meu amigo... * Estamos vivendo um período muito especial. É virtù, claro, mas tem também fortuna. Para o Brasil e os brasileiros.