MAMATA DO JUDICIARIO: Juíza recebe R$ 722 mil para cursar mestrado e sua dissertação é classificada como ‘ruim’

MAMATA DO JUDICIARIO: Juíza recebe R$ 722 mil para cursar mestrado e sua dissertação é classificada como ‘ruim’

A juíza titular da Vara do Trabalho de Santa Inês (interior do Maranhão, a 250 quilômetros da capital, São Luís), Fernanda Franklin da Costa Ramos, foi à Justiça garantir a realização da banca do mestrado que cursa junto à Universidade Federal do Maranhão. A instituição pediu que a data fosse prorrogada por causa da quantidade de páginas do trabalho, 88, e porque a dissertação ‘estava ruim’.

Durante os dois anos do mestrado, Fernanda recebeu seus subsídios normalmente, somando mais de R$ 700 mil. Esse é um direito da magistrada.

Entenda o caso

Em março de 2021, a juíza entrou em licença remunerada no Tribunal Regional do Trabalho da 16.ª Região, onde é lotada, para que pudesse cursar a pós-graduação. De abril de 2021 a março de 2023, as remunerações da juíza somam R$ 722.304,98.

O caso foi parar na Justiça no dia 15 de março, quando Fernanda impetrou mandado de segurança pedindo à Justiça Federal do Maranhão que obrigasse a Universidade a realizar a sua banca no prazo máximo de 30 dias. A magistrada fez o exame de qualificação no dia 26 de janeiro e pretendia defender seu trabalho em 2 de março.

O programa de mestrado, contudo, decidiu postergar a banca, para que Fernanda aprimorasse a dissertação.

Perseguida?

Ela afirma, no mandado de segurança, que a instituição exigiu que apresentasse no mínimo 100 páginas de texto, o que não consta no regimento do programa.

A magistrada sustenta, por meio de seus advogados, ‘que a criação de um sistema de avaliação de trabalho diferente do aplicado a todos os discentes da mesma turma da mestranda é um ato de assédio moral e arbitrário’.

Em nota enviada ao Estadão, Fernanda afirma ser vítima de uma ‘perseguição’, devido à ‘imposição de critérios inexistentes’.

O juiz José Walterson de Lima, da 13ª Vara Federal Cível, responsável pelo mandado de segurança, concedeu uma liminar a favor de Fernanda, obrigando a Universidade a realizar a banca da juíza no prazo máximo de 30 dias.

“A esse respeito, entendo que, obtida a aprovação em exame de qualificação, e marcada a data da defesa pública, com definição de banca avaliadora, a presunção que daí decorre é a de que a dissertação foi produzida em consonância com as normas do Programa”, afirmou o magistrado.

A Universidade recorreu da decisão. O caso foi distribuído para a 6ª Turma do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, que ainda não deliberou sobre a concessão de efeito suspensivo.

No último dia 3, a instituição prestou informações no processo da 13ª Vara Federal Cível sobre o caso de Fernanda.

De acordo com a manifestação, assinada por Paulo Roberto Barbosa Ramos, coordenador do mestrado, e José Eugenio Serra Munir, procurador da Universidade, um prazo de mais três meses foi concedido para que Fernanda adequasse o texto às exigências acadêmicas.

“Sem meias palavras, o trabalho apresentado por Fernanda Franklin da Costa Ramos estava ruim e necessitava de tempo suficiente para que a pesquisadora implementasse as melhorias. Esta é toda a verdade dos fatos!”, diz a manifestação.

A instituição também refutou a acusação de que estaria perseguindo a magistrada com a imposição de novos critérios.

“Não é razoável crer que deliberadamente os cinco professores do Colegiado do PPGDIR (Programa de Pós-graduação em Direito), sendo todos doutores em direito, a maioria pós-doutores, sendo um professor titular em direito constitucional e dois professores metodólogos, todos com mais de década de magistério, dos quais três são promotores de Justiça e um juiz federal, pudessem articular suposta perseguição em face de mestranda.”

O próximo passo do caso será o julgamento do mérito do mandado de segurança. Até esta terça, 11, ainda não havia sentença.

COM A PALAVRA, A JUÍZA DO TRABALHO FERNANDA FRANKLIN DA COSTA RAMOS

Questionada sobre o caso, a juíza do Trabalho Fernanda Franklin da Costa Ramos enviou uma nota, por meio de seus advogados. Ela afirma ser vítima de uma ‘perseguição’ pela Universidade.

COM A PALAVRA, A UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO

A reportagem entrou em contato com a Universidade Federal do Maranhão. Até a publicação deste texto, não houve resposta. O espaço está aberto para manifestação.

*Conteúdo Estadão

 

 

Por Ultima Hora em 14/04/2023

Comentários

  • Nenhum comentário. Seja o primeiro a comentar!

Notícias Relacionadas

Caso Marielle: delação de Ronnie Lessa envolverá clã Bolsonaro
22 de Janeiro de 2024

Caso Marielle: delação de Ronnie Lessa envolverá clã Bolsonaro

Deputado Nikolas Ferreira apresenta denúncia contra Lula no STF
24 de Março de 2023

Deputado Nikolas Ferreira apresenta denúncia contra Lula no STF

Congresso Nacional aprova PL que dispensa licenciamento para silvicultura em meio a crise ambiental no RS
08 de Junho de 2024

Congresso Nacional aprova PL que dispensa licenciamento para silvicultura em meio a crise ambiental no RS

OAB solicita ingresso como amicus curiae em ação em favor dos Yanomamis
24 de Fevereiro de 2023

OAB solicita ingresso como amicus curiae em ação em favor dos Yanomamis

Aguarde..