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Figura controversa e conhecida pela agressividade, o general Newton Cruz, que atuou na ditadura militar brasileira, morreu nesta sexta-feira (15), aos 97 anos. Um dos símbolos da violência do regime, ele enfrentou acusações de envolvimento em atentados e até mesmo assassinatos.
Cruz foi chefe do Serviço Nacional de Informações (SNI) entre os anos de 1977 e 1983 e atuou também no Comando Militar do Planalto. O nome do general foi envolvido na morte do jornalista Alexandre von Baumgarten, que dirigia a revista O Cruzeiro.
Baumgarten foi executado em 1982. O corpo dele apareceu boiando na Praia da Macumba, no Rio de Janeiro. Inicialmente, a morte foi registrada como afogamento. Mas, um ano depois, a revista Veja publicou um dossiê produzido pelo jornalista, que denunciava um esquema de lavagem de dinheiro entre o SNI, empresas privadas e a revista O Cruzeiro.
A partir da publicação, o laudo do Instituto Médico Legal (IML) sobre a morte de Baumgarten veio à tona, indicando que ele morreu vítima de três tiros. Newton Cruz chegou a ser investigado pela polícia como mandante do assassinato, mas foi absolvido em 1992.
O general também foi acusado de ter atuado no atentado à bomba no Riocentro, em 30 de abril de 1981. O local seria palco de um show em homenagem ao Dia do Trabalhador, que reuniria artistas nacionalmente conhecidos e contrários à ditadura, como Chico Buarque e Gal Costa.
Uma das bombas explodiu antes da hora dentro de um carro, matou um sargento e feriu um oficial. A ideia de culpar grupos de esquerda pelo atentado não deu certo e o crime virou um escândalo para o governo do general João Batista Figueiredo. O fato histórico é visto como um dos elementos que acelerou o fim do regime militar.
O jeito polêmico e os modos agressivos de Newton Cruz também ficaram marcados em frente às câmeras. Em 1983 ele agrediu o jornalista Honório Dantas na frente de diversos outros profissionais da imprensa que tentavam entrevistar o general. Descontente com questionamentos de Dantas, o general se descontrolou, mandou o jornalista calar a boca e o arrastou pelo braço e pelo pescoço.
Nascido em 1924 no Rio de Janeiro, Newton Cruz entrou para a carreira militar em 1941. Newton Cruz foi denunciado pela Comissão da Verdade em 2014, na lista de mais de 370 militares que praticaram crimes durante a ditadura, mas nunca recebeu nenhum tipo de condenação. Ele será velado na capital fluminense neste domingo (16).
Edição: José Eduardo Bernardes
Fonte: Brasil de Fato
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