Mulheres e a Cultura

Por Rogeria Gomes

Mulheres e a Cultura

Uma cerimônia muito especial de posse na Academia Brasileira de Cultura presidida pelo Professor e acadêmico Carlos Alberto Serpa, aconteceu no início de dezembro fechando o ano em grande estilo. Além da bela cerimônia a noite ainda contou com coquetel de congraçamento entre convidados e acadêmicos. Ponto alto para a cultura brasileira foi a admissão de dez mulheres à Academia de diferentes saberes e representatividade.

Entre as novas acadêmicas estão duas Ministras; a da Cultura Margareth Menezes e dos Povos Indígenas Sonia Guajajara que se unem a um time respeitável de mulheres que representam dignamente o universo feminino. Ambas com trajetórias que alteiam tal espaço.  As demais, Alcione, Daniela Mercury, Glória Pires, Conceição Evaristo, Viviane Mosé, Juma Xipaia, Vanessa Giácomo, Luana Xavier, Liniker, formam um time de primeira, trazendo à realidade brasileira a igualdade de gênero tão discutida e pouco praticada. Nesse lugar onde a cultura é protagonista, novos olhares são sempre bem vindos na direção de um país mais justo, igualitário e fraterno. Tomaram posse também, José Luiz Ribeiro e Antenor Neto.

Do mesmo modo, em novembro ultimo, a Flip homenageou uma mulher a cara ao Brasil, a escritora Patrícia Galvão, conhecida como Pagu. Intelectual, feminista, jornalista, tradutora, ativista política dos anos 1930, 40, período impensável para que uma mulher se posicionasse sobre qualquer assunto. Pagu foi destemida, enfrentou preconceitos e não se limitou ao que lhe foi imposto. Rompeu e escreveu seu nome na história.

Merecida homenagem. Outro destaque foi a escritora Denise Carrascosa, doutora em crítica literária e cultural e pós doutorada em História da África que abordou temas pouco falado e muito pertinente ao feminino como a tortura de mulheres negras e a possibilidade de remissão de pena a mulheres encarceradas por meio da literatura. Artistas indígenas também estiveram presentes pelo viés da contação de história ‘Mulheres indígenas do Brasil’, que contou com projeção de imagens produzidas pelo VJ Suave e uma roda de conversas mediada pelo escritor indígena do povo tapuia, Kaká Werá, com participação da professora e ativista indígena Eliane Potiguara.

Em outro ponto temos a frente da Secretaria de Cultura e Indústria Criativa do RJ, Danielle Barros, professora que trouxe o olhar pedagógico e plural para a cultura carioca expandindo a voz e a vez de mulheres na cultura, além de propor a descentralização da cultura abrindo o leque cultural ao interior do Estado, fator imprescindível para que a cultura cumpra de fato seu papel transformador.

O pacote de 14 projetos de leis aprovados semana passada pela Câmara Federal para combater a violência contra a mulher, encerra o ano com mais esperança. A violência contra a mulher tem desafiado governo e sociedade. Algumas leis já foram implementadas, mas os índices de violência seguem em alta. Segundo pesquisas estupros cresceram 8,2% recorde dos últimos anos, agressões domesticas 3%, assedio sexual 50%, de 2022 até hoje.

Índices alarmantes. O projeto ‘não é não’, proteção contra o assédio, encabeça a lista desses projetos, o aumento de punição para casos de violência doméstica praticada na frente de filhos ou pais da vítima, estão entre os novos projetos, entre outro de igual relevância. É preciso não só maior cumprimento das leis em vigência como o aprimoramento, portanto, esses projetos chegam à boa hora e tempo mais que oportuno.

Espaços ainda precisam ser conquistados e os desafios são prementes, no entanto, iniciativas como essas hão de nos recobrar a esperança de um Brasil que não pode e nem suporta mais ser o país do futuro, precisa ser o Brasil de hoje com todas as brasileiras e respeitadas e reconhecidas. O futuro? É logo ali.

Por Ultima Hora em 14/12/2023
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