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O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, se reuniu nesta quarta-feira (17) com lideranças dos petroleiros e dos caminhoneiros autônomos. Ambas as categorias comemoraram a nova política de preços que a estatal anunciou nesta semana, colocando um ponto final no Preço de Paridade de Importação (PPI). O encontro ocorreu na sede da estatal, no Rio de Janeiro. De acordo com Prates, o novo modelo vai evitar flutuações “especulativas” no preço do petróleo internacional. Mas disse que a Petrobras vai seguir acompanhando o preço “consolidado” da commodity.
“Não fazia sentido, na Petrobras, praticar o preço do concorrente. Quem é o concorrente? O cara que traz petróleo de fora, o cara que traz o diesel de fora”, disse Prates. Imprevisível era quando a gente tinha por ano mais de 110 reajustes nos preços dos combustível, agora a gente estará imune daquelas oscilações diárias, eventuais, especulativas e vai oscilar quando tiver que acompanhar patamares já consolidados de preço lá fora”, pontuou.
Nesse sentido, Prates disse que o fim do PPI e a nova política de preços representam uma “nova era” de competitividade interna. “O nosso País é autossuficiente, essa foi uma conquista histórica”, afirmou.
“O presidente da Petrobras anunciou aquilo que vínhamos buscando desde o fim de 2017: o fim do PPI”, saudou o diretor da diretor da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística (CNTTL-CUT) Carlos Alberto Litti Dahmer.
“Com o fim do PPI, teremos redução nos preços dos combustíveis, com reflexos positivos para a economia e para a redução da inflação, que é fortemente pressionada pelos combustíveis”, afirmou o coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar. Ele lembrou que os preços dos combustíveis têm impactos diretos e indiretos de até 40% na inflação geral, de acordo com cálculos do Dieese. “Aumenta o diesel, aumentam frete, comida, vestuário, transporte.”
Refino e cooperativas de transporte
No encontro, o presidente da Petrobras se comprometeu a adotar medidas para restabelecer contratos com cooperativas de caminhoneiros autônomos. O governo Bolsonaro cortou os contratos da estatal com as cooperativas, a fim de privilegiar as grandes transportadoras, apoiadoras do ex-presidente. Prates prometeu criar um canal de comunicação direto entre os caminhoneiros e a diretoria de Logística, Comercialização e Mercados da companhia.
Para Litti Dahmer, a decisão é crucial para garantir a sobrevivência da categoria. “Caminhoneiros autônomos se organizarem em cooperativas novamente é um grande passo para que a gente sobreviva, não só no transporte líquido, em todo o Brasil. E essa construção que se deu hoje aqui vai ter desdobramentos”.
Prates também falou do fortalecimento do refino no país e da possibilidade da Petrobras voltar a participar dos segmentos de distribuição e comercialização de combustíveis. Para Bacelar, a integração vertical da empresa contribui para amortecer a volatilidade no mercado de petróleo. “A Petrobras saiu de vários segmentos do mercado, desde 2016, com a ideia equivocada de se tornar apenas uma exportadora de óleo cru. Isso é um risco estratégico para a empresa”.
Alerta na Bahia
Nesta quinta (18), a FUP emitiu nota para alertar a população da Bahia para os preços praticados pela Acelen. De capital árabe, a empresa adquiriu a Refinaria Landulpho Alves (Rlam)– atual Mataripe –, que a Petrobras privatizou em 2021. Nesta semana, a Acelen afirmou que não vai seguir a nova política de preços da estatal, mantendo critérios semelhantes ao PPI.
Bacelar afirmou que “o povo baiano tem que ficar atento, pois, infelizmente, não poderá comemorar a boa notícia” do fim do PPI. “A Acelen já disse que vai continuar praticando preços de PPI. O que a empresa está dizendo, na realidade, é que vai seguir adotando referências internacionais para reajustar seus produtos. Ou seja, sobem os preços do petróleo, do dólar e os custos de importação, sobem também os preços dos derivados da Acelen no mercado interno”, afirmou o dirigente da FUP.
Ele também lembrou que, desde a privatização, a Mataripe pratica os preços mais altos do país, em média. “Nem mesmo a queda do preço da gasolina nacionalmente, no ano passado, em função da redução do cálculo do ICMS, tirou da Bahia o título do combustível mais caro do Brasil, com o litro custando, na ocasião, R$ 0,50 a mais do que no resto do país”, disse Bacelar. Ele ressaltou ainda que a Bahia também já passou por desabastecimento de alguns produtos – como gás de cozinha e combustível para navios. Isso porque a empresa decidiu exportar os produtos, em vez de abastecer o mercado interno.
Com informações da FUP e CNTTL
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