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Se tem alguém que é a cara do carnaval, esse alguém é Neguinho da Beija-Flor. A voz dele, inconfundível, faz parte da Sapucaí tanto quanto os carros alegóricos e as fantasias. Mas agora, depois de 50 anos comandando o som da Beija-Flor, ele tá pendurando o microfone oficial. Calma, que ele não vai sumir! Vai continuar soltando o gogó em eventos e camarotes.
De Nova Iguaçu pro mundo
Neguinho nasceu em Nova Iguaçu, cresceu ouvindo samba no pé e no coração. Quando criança, já mostrava que tinha talento de sobra. Começou em festivais e logo chamou atenção. Em 1976, ele assumiu o microfone da Beija-Flor e nunca mais largou. Quem não lembra de sambas-enredo como "Aquarela Brasileira" e "O Mundo é uma Bola"? Ele fez história.
A vida real de um intérprete
Por trás daquele desfile glamouroso que a gente vê na TV, tem muito suor e esforço. Neguinho contou que o trabalho não para: ensaios, cuidados com a voz, consulta com médico... É uma maratona. “Tem desfile que você termina no chão, cansado. Já voltei pra casa de metrô com a minha mulher e minha filha, enquanto o carnaval girava milhões”, desabafa ele.
E, olha, o caminho até aqui não foi fácil. Antigamente, os intérpretes não eram nem reconhecidos. Chamavam de "puxadores", como se fosse só dar um grito e pronto. Mas Neguinho e outros monstros como Jamelão brigaram pra ganhar respeito.
O lado B do carnaval
Quem vê a folia não imagina o perrengue. Neguinho falou sem papas na língua sobre as desigualdades do carnaval. “Os camarotes faturam alto, tem artista que ganha milhões, mas a gente, que carrega o samba na veia, sai sem um tostão no bolso. É triste demais.”
E teve batalha pessoal também.
Ele enfrentou o câncer de frente, sem abaixar a cabeça. “Já cantei com médico do lado, fazendo quimioterapia, mas o show tem que continuar. A gente não desiste.”
Despedida sem adeus
Depois de tanto tempo na avenida, Neguinho nunca pôde assistir a um desfile como espectador. “Eu vivo o carnaval com nervosismo, é trabalho o tempo todo. Meu lugar sempre foi ali, no meio da escola.” E, mesmo se despedindo, ele deixa claro que a Beija-Flor é sua vida. “A escola me deu tudo, e eu só tenho gratidão. Mas o grito de valorização dos intérpretes ainda precisa ser ouvido.”
O samba continua
Neguinho da Beija-Flor é mais que um intérprete; ele é um patrimônio do samba. A voz que embalou tantas gerações vai continuar viva, seja nos palcos, nos camarotes ou na memória de quem ama carnaval. Porque lenda não se aposenta – ela continua fazendo história.
E, no mais puro estilo Neguinho, ele deixa o recado: “Tô saindo do microfone oficial, mas o samba nunca vai sair de mim!”
Fonte: O Dia.
Por: Arinos Monge.
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