No Mês da Mulher, Clube de Leitura CCBB 2025 aborda transformações sociais via literatura

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No Mês da Mulher, Clube de Leitura CCBB 2025 aborda transformações sociais via literatura

 

Igiaba Scego e Márcia Tiburi levam vozes poderosas e plenas de lucidez para evento que completa quatro anos e se firma como um encontro internacional de leitura

Credito de Simona Filippini.jpeg

Escolha do livro a ser debatido acontece em 13/02

O Clube de Leitura CCBB 2025 traz - em sua primeira edição do ano - duas vozes femininas e feministas, numa homenagem ao Mês Internacional das Mulheres: a italo-somali Igiaba Scego, com seu texto forte e lírico sobre a condição humana de imigrante somali na Europa, mulher, herdeira de tantas tradições familiares, junto da romancista e filósofa Márcia Tiburi, para um diálogo com o público sobre suas obras.

Com patrocínio do Banco do Brasil, Scego será a primeira convidada internacional deste ano, que trará nomes bastante diversos da literatura brasileira e mundial para a Biblioteca Banco do Brasil em encontros mensais.No dia 13/02, o público escolhe em votação aberta pelo instagram.com/ccbbrj  os livros que serão temas do debate entre Scego e Tiburi. Será escolhida uma obra de cada escritora e elas se encontramdia 19 de março de 2025, a partir das 17h30, no Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro (CCBB RJ). A entrada é gratuita e os ingressos ficam disponíveis a partir das 9h da manhã do dia do evento.

Estão no páreo os títulos Complexo de Vira-lata e Com os sapatos aniquilados, Helena avança na neve, de MarciaTiburi, e Minha casa é onde estou e Cassandra em Mogadício, da Igiaba Scego.  

*Clube de Leitura CCBB completa quatro anos reforça a interface entre as artes por meio de palavras e se firma como evento internacional de leitura

Com mediação de Suzana Vargas, também curadora do evento, e do poeta Rámon Nunes Mello, a edição de 2025 do Clube de Leitura CCBB pretende trabalhar as relações da literatura com as outras artes: música, teatro, cinema. O objetivo, segundo Suzana, é levar o público leitor a perceber como a palavra rege quaisquer manifestações artísticas.

“Clássicos da literatura, autores contemporâneos, dramaturgos, escritores que expressam parte da alma brasileira, poetas do cotidiano estão programados para essa nova temporada. Com ela pensamos atingir um público mais amplo, diverso, bem como fazer com que os livros sejam compreendidos mais além de suas fronteiras escritas”, antecipa a curadora.

No ano em que a cidade do Rio de Janeiro recebe a nomeação de Capital Mundial do Livro, o Clube de Leitura CCBB, com patrocínio do Banco do Brasil, trará ao país outros escritores internacionais ao longo do ano nos seus encontros mensais, como mais uma forma de contribuir para a visibilidade da leitura como importante veículo de conhecimento e cidadania. “A Biblioteca Banco do Brasil, instalada no 5º andar do Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro hoje disponibiliza mais de 250 mil títulos ao público frequentador, gratuitamente, e é uma das bibliotecas com maior extensão de funcionamento diário – das 9h às 20h, incluindo sábados, domingos e feriados. Em 2024, foram mais de 126 mil leitores atendidos. A iniciativa do Clube de Leitura CCBB, criado em 2022, tem se mostrado cada vez mais relevante para aproximar o público frequentador do CCBB das artes literárias, popularizando o tema, o tornando acessível e contribuindo para a reflexão sobre a importância da leitura no mundo contemporâneo”, afirma Sueli Voltarelli, Gerente Geral do CCBB Rio de Janeiro.

Os vídeos dos encontros ficarão disponíveis, na íntegra, no YouTube do Banco do Brasil. O projeto vai até dezembro de 2025,  e os encontros presenciais são realizados na segunda quarta-feira de cada  mês. Entre os autores já confirmados estão Ney Matogrosso, Marcelo Rubens Paiva, José Miguel Wisnik, Daniel Munduruku e Scholastique Mukasonga.

Sobre os livros:

Complexo de vira-lata foi escrito com linguagem acessível como um processo de busca pela verdade em tempos nos quais o manifesto ódio à verdade vem destruir as chances de se construir uma comunidade humana. Conciso, nasce na urgência de uma análise sobre a humilhação nacional, interiorizada pelas pessoas e institucionalizada em nível social e político por meio da colonização, que não é apenas coisa do passado.

Com os sapatos aniquilados, Helena avança na neve: Helena, uma brasileira misteriosa e silenciosa, passa a viver em Paris, no apartamento de Chloé, uma mulher solitária, mas combativa, com um doloroso passado do qual não pode se livrar ou esquecer. Aos poucos, o passado também fantasmagoricamente real de Helena vai se desvelando, evidenciando um traço comum entre elas. Vivendo entre maridos flagrantemente abusadores, pais assassinos, irmãos patologicamente evangelizados e policiais corruptos e monstruosos, Helena e Chloé se voltam contra a barbárie do feminicídio alimentadas por um desejo de vingança. Neste thriller feminista nem um pouco conciliador, Márcia Tiburi alegoriza o turbilhão de violências vivido pelas mulheres de todas as épocas e lugares, lançando um olhar impiedoso para as grandes instituições garantidoras do extermínio das mulheres: a família, a igreja, a polícia, isto é, o patriarcado e seu truculento projeto de poder.

Minha casa é onde estou: Três primos, com três diferentes cidadanias, tentam juntar as memórias de toda a família desenhando o mapa da sua cidade de origem, Mogadíscio. Quando Igiaba Scego, sentada àquela mesa, tem que desenhar o seu mapa pessoal, fica perplexa. Ela se dá conta de que não conhece a cidade onde sua família viveu antes de se mudar para a Itália. A sua Mogadíscio é Roma, cidade onde nasceu e cresceu. Por isso, àquele mapa familiar, ela junta os lugares da sua vida italiana. Através de seis estágios romanos, cada um dos quais correspondendo a uma parte de sua vida, a autora delineia uma topografia afetiva autobiográfica, que se torna, a um só tempo, o desenho de uma memória pessoal e coletiva. Se o livro de Igiaba Scego se assemelha a um mapa, é também porque nos leva à descoberta de um tesouro precioso: uma nova perspectiva sobre a condição humana de imigrante, que é a de todos nós. Em Minha casa é onde estou, a autora nos ajuda a nos deslocarmos do nosso lugar de origem, e assim desenvolvermos um novo olhar – geográfico, linguístico, psíquico, literário – para enxergar melhor o outro. Atualíssimo, o livro é uma espécie de antídoto para o ódio que se alastra pelo mundo contra aqueles que definimos como estranhos-estrangeiros, seja porque vêm de outro país, seja porque carregam em si traços que consideramos inferiores, apenas porque diferentes.

Cassandra em Mogadício: Em Cassandra em Mogadício, Igiaba Scego, filha de imigrantes exilados na Itália durante a ditadura de Siad Barre na Somália, mistura seu italiano de origem com os sons da língua somali para compor ao mesmo tempo uma carta a uma jovem sobrinha, um relato histórico, uma genealogia familiar e um laboratório alquímico no qual o sofrimento se transforma em esperança graças às palavras. Este romance envolvente nos revela como acontecimentos do mundo nos constituem intimamente e une o que a história gostaria de separar: seu avô, intérprete do General Graziani durante os anos infames de ocupação italiana na Somália; seu pai, diplomata e homem de cultura; sua mãe, criada num clã nômade e então engolida pela guerra civil; as humilhações da vida como imigrantes em Roma nos anos 90; a falta de uma língua comum numa grande família espalhada entre diferentes continentes; uma doença que dia após dia sequestra a humanidade dos olhos. Como uma Cassandra moderna, Igiaba Scego faz da visão turva pela dor uma lente benevolente sobre o mundo, escrevendo um grande romance sobre nosso passado e nosso presente e que celebra a irmandade, a possibilidade de perdão, cuidado e paz .

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Sobre o Clube de Leitura CCBB

Os encontros do Clube acontecem no Salão de Leitura da Biblioteca Banco do Brasil, localizada no quinto andar do CCBB Rio, até dezembro, sempre na segunda quarta-feira de cada mês, com entrada gratuita, mediante retirada dos ingressos na bilheteria do CCBB RJ ou pelo site bb.com.br/cultura. A mediação é da curadora Suzana Vargas e do poeta Ramon Nunes Mello e o microfone será aberto para a plateia nos 30 minutos finais dos encontros. A gravação integral será disponibilizada no canal do Banco do Brasil no YouTube, na semana seguinte ao evento. Em 2024, 2515 pessoas participaram presencialmente do Clube e foram feitos milhares de acessos na playlist dele. A edição do ano passado recebeu os escritores Marilene Felinto, Eliana Alves Cruz, Viviane Mosé, Eliane Potiguara, Eliane Brum, Anapuaká Tupinambé, Lilian Schwarcz, Beatriz Resende, Luiz Fernando Soares, Nadia Batella Gontlib, Melina Dalboni, Tom Grito, Rita Von Hunty e Ramon Mello, Luiz Eduardo Soares, MV BillLeonardo Padura, Rodrigo Labriola, Pepetela, Carmen Tindó, Jeferson Tenório e Itamar Vieira Jr., Frei Betto e Magali Cunha.

A Biblioteca Banco do Brasil foi fundada em 1931, voltada para as áreas de Administração, Finanças e Economia. Com a criação do Centro Cultural, em 1989, o acervo foi ampliado para as áreas de Artes, Literatura e Ciências Sociais e hoje possui mais de 250 mil exemplares, em constante atualização, ocupando todo o quinto andar deste prédio centenário.

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Sobre as convidadas

Igiaba Scego - Filha de imigrantes somalianos, graduou-se em Línguas Estrangeiras na Universidade La Sapienza de Roma e doutorou-se em Pedagogia na Universidade de Roma Tre. Suas obras têm um forte enfoque no diálogo entre culturas e na dimensão da transculturalidade e das migrações. Em 2018, sua participação programação principal da Festa Literária Internacional de Paraty contribuiu para a difusão de sua obra no Brasil.

Marcia Tiburi - é escritora. Autora de diversos livros entre romances e ensaios. Marcia foi professora universitária por 30 anos e atualmente se dedica à literatura e as artes visuais.  Marcia fez parte do elenco do programa de televisão Saia Justa, do canal por assinatura GNT de 2005 a 2010.

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Sobre os mediadores

Suzana Vargas é poeta, ensaísta, escritora e professora e mestre em Teoria Literária pela UFRJ. Publicou 16 livros, entre os quais Caderno de Outono, finalista do prêmio Jabuti. Tem poemas traduzidos em países como Itália, Estados Unidos, Espanha, Alemanha e França. Fez a curadoria de importantes projetos literários para feiras e eventos nacionais e internacionais como as Bienais do Livro do Amazonas, do Rio de Janeiro e de São Paulo, a Primavera dos Livros, a campanha Paixão de Ler e os Encontros com a Literatura Latino-Americana do Centro Cultural do Banco do Brasil. Assina a coluna mensal “Escrever para Lembrar” no portal Publishnews - 2021. Há 29 anos criou e coordena o espaço de oficinas de criação literária Estação das Letras, único no país.

Ramón Nunes Mello  é poeta, escritor e ativista dos direitos humanos. Autor dos livros Vinis mofados, Poemas tirados de notícias de jornal, Há um mar no fundo de cada sonho e A menina que queria ser árvore. Organizou Tente entender o que tente dizer: poesia + hiv / aids (2018), Ney Matogrosso, Vira-Lata de Raça – memórias (2018) e Escolhas, autobiografia intelectual de Heloisa Buarque de Hollanda. Poeta convidado do Rio Occupation London no Battersea Arts Centre (Londres, 2012) e da Festa Literária Internacional de Paraty (2016).

 

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SOBRE O CCBB RJ

Inaugurado em 12 de outubro de 1989, o Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro marca o início do investimento do Banco do Brasil em cultura. Instalado em um edifício histórico, projetado pelo arquiteto do Império, Francisco Joaquim Bethencourt da Silva, é um marco da revitalização do centro histórico da cidade do Rio de Janeiro. São 35 anos ampliando a conexão dos brasileiros com a cultura com uma programação relevante, diversa e regular nas áreas de artes visuais, artes cênicas, cinema, música e ideias. Quando a cultura gera conexão ela inspira, sensibiliza, gera repertório, promove o pensamento crítico e tem o poder de impactar vidas. A cultura transforma o Brasil e os brasileiros e o CCBB promove o acesso às produções culturais nacionais e internacionais de maneira simples, inclusiva, com identificação e representatividade que celebram a pluralidade das manifestações culturais e a inovação que a sociedade manifesta. Acessível, contemporâneo, acolhedor, surpreendente: pra tudo que você imaginar.? 

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SERVIÇO:

Clube de Leitura CCBB 2025 – Igiaba Scego e Márcia Tiburi

 

Votação no Instragram @ccbbrj – 13 de fevereiro

Encontro presencial - 19 de março de 2025

Às 17h30

Evento Gratuito

Classificação indicativa: Livre

Ingressos disponíveis na bilheteria do CCBB ou pelo site bb.com.br/cultura a partir das 9h do dia do encontro.

Centro Cultural Banco do Brasil

Rua Primeiro de Março, 66, Centro, Rio de Janeiro.

Biblioteca Banco do Brasil – 5º andar

Contato: 21 3808-2020 | ccbbrio@bb.com.br

bb.com.br/cultura | x.com/ccbb_rj | facebook.com/ccbb.rj | instagram.com/ccbbrj

 

Foto: Credito de Simona Filippini

 

 

Por Coluna João Costa em 06/02/2025
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