O Eclipse e a corrida pelas armas

Por Jorge Tardin

O Eclipse e a corrida pelas armas

Na tarde de 2 de outubro de 2024, ao observar o eclipse solar parcial no Porto da Barra, em Armação dos Búzios, fui envolvido pela serenidade e beleza daquele momento único, onde o sol e a lua se alinham em perfeita harmonia.

Esse espetáculo natural oferece uma pausa na correria do cotidiano e nos convida à reflexão sobre a natureza e nosso papel no universo. No entanto, ao voltar às notícias econômicas, o contraste era perturbador: as ações de grandes empresas americanas de armamentos estavam disparando, impulsionadas pelos conflitos e tensões globais.

De um lado, o eclipse simboliza equilíbrio e paz, lembrando-nos de que o universo funciona em uma ordem perfeita. De outro, o cenário mundial parece caminhar na direção oposta, onde empresas como Lockheed Martin, Raytheon Technologies, Northrop Grumman e Boeing prosperam com a venda de armas e tecnologias militares. Essas empresas, que produzem desde mísseis até drones e aviões de combate, veem suas ações subirem na medida em que os conflitos se intensificam.

Essa valorização das indústrias bélicas é como um agricultor que decide plantar espinhos em vez de alimentos. Os espinhos crescem rapidamente e trazem lucros imediatos, mas causam ferimentos em quem se aproxima. Da mesma forma, a corrida por armamentos pode parecer economicamente vantajosa no curto prazo, mas suas consequências são profundas e devastadoras.

Enquanto isso, investidores também buscam refúgio no mercado de criptomoedas, como Bitcoin e Ethereum, que são vistas como “ouro digital” em tempos de crise.

Assim como alguém que corre para se abrigar debaixo de uma árvore durante uma tempestade, muitos acreditam que as criptomoedas podem oferecer proteção contra as incertezas políticas e econômicas. No entanto, assim como o abrigo sob a árvore é frágil, o mercado de criptomoedas é instável, sujeito a flutuações e riscos imprevisíveis.

Hugo Grotius, filósofo que escreveu sobre o direito à guerra e à paz , nos ensina que a força só deve ser usada em última instância. No entanto, o que vemos hoje é uma crescente dependência da guerra como uma indústria lucrativa.

A guerra, que deveria ser o último recurso, tornou-se um dos maiores motores econômicos do mundo, movimentando bilhões de dólares e afetando milhões de vidas.

O eclipse de hoje nos oferece uma oportunidade de reflexão. Ele nos lembra que, assim como o sol e a lua se alinham em harmonia, a humanidade também pode encontrar seu caminho para a paz.

No entanto, enquanto o espetáculo celeste nos inspira, o aumento das ações de empresas de armas e o crescimento do mercado de criptomoedas revelam uma sociedade que ainda se alimenta do medo e da incerteza.

Assim como na fábula de um fazendeiro que, em vez de plantar trigo para alimentar sua comunidade, constrói muros ao redor de suas terras temendo ataques, a humanidade parece preferir se armar e se isolar, em vez de buscar soluções pacíficas.

O eclipse nos lembra que a harmonia é possível, mas também nos faz questionar: até quando seremos dominados pela indústria da guerra e pela imposição do medo?

Este momento nos convida a uma escolha: seguir o caminho do equilíbrio e da cooperação, ou continuar presos no ciclo destrutivo alimentado pela guerra e pela especulação financeira.

O eclipse, com sua beleza e simplicidade, nos oferece uma lição clara de que a verdadeira força está na união, e não na divisão.

 

Por Ultima Hora em 02/10/2024
Publicidade
Aguarde..