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Diretório estadual e municipal entram em rota de colisão, deixando eleitores confusos e candidatos em xeque
Em uma reviravolta digna das melhores novelas políticas, o Partido dos Trabalhadores (PT) protagoniza um espetáculo de indecisão e conflito interno em Itaguaí, município da Região Metropolitana do Rio de Janeiro. A comunicação entre as instâncias partidárias está mais embaraçada que fio de telefone antigo.
O cenário que se desenha é, no mínimo, peculiar: duas atas de convenção registradas na Justiça Eleitoral, cada uma apontando para uma direção diferente. É como se o partido estivesse jogando xadrez consigo mesmo, movendo as peças brancas e pretas simultaneamente.
De um lado, temos a ata do diretório municipal, datada de 4 de agosto, que apresenta como pré-candidatos a prefeito e vice, respectivamente, o ex-prefeito Luciano Mota e o médico Paulo Wesley. Do outro, a ata do diretório estadual, registrada um dia depois, declara apoio a Gil Torres (PRD) como candidato a prefeito, com Marco Barreto como vice.
O imbróglio não se limita apenas a Itaguaí. Como um vírus que se espalha, situações semelhantes foram identificadas em Vassouras, Teresópolis, São João de Meriti, Rio Bonito, Saquarema e Iguaba. A executiva estadual do PT RJ tem colecionado atritos com as representações municipais como quem coleciona figurinhas raras - só que, neste caso, as figurinhas são desavenças políticas.
Enquanto isso, Gil Torres, o candidato apoiado pelo diretório estadual, mantém-se em silêncio sepulcral sobre a escolha do vice, apesar de ter prometido um anúncio.
Marco Barreto, por sua vez, encontra-se em uma posição digna de um contorcionista político. Figurando como pré-candidato a vereador em uma ata e como vice-prefeito em outra, ele personifica o dilema do partido.
A situação é tão confusa que até mesmo os mais experientes analistas políticos coçam a cabeça, tentando decifrar esse quebra-cabeça partidário. Como bem observou Marcos Garcia, presidente do PT de Itaguaí.
Ulisses Guimarães dizia: "a política ama a traição, mas odeia o traidor". A questão que fica é: quem é o traidor e quem é o traído nessa história toda?
Para adicionar mais uma camada de complexidade a este bolo político já bem recheado, Gil Torres enfrenta seus próprios desafios. Com um mandato de vereador cassado e declarado inelegível por 8 anos, ele se encontra em uma situação jurídica delicada.
No entanto, mantém-se otimista, prometendo uma reviravolta em sua situação legal. Como diria o poeta Mario Quintana, "eles passarão, eu passarinho" - resta saber se Gil Torres será capaz de alçar voo ou se ficará engaiolado por suas pendências judiciais.
Enquanto o diretório estadual do PT mantém um silêncio ensurdecedor sobre a controvérsia, os eleitores de Itaguaí se veem diante de um cenário político que mais parece um tabuleiro de xadrez em 3D. A confusão é tanta que até o mais astuto dos estrategistas políticos teria dificuldade em prever o próximo movimento.
No fim das contas, esta situação nos lembra as palavras do escritor Millôr Fernandes: "Democracia é quando eu mando em você; ditadura é quando você manda em mim". Em Itaguaí, parece que ninguém sabe ao certo quem está mandando em quem.
Resta aos eleitores de Itaguaí aguardar os próximos capítulos desta novela política, na esperança de que, quando as cortinas se fecharem, a democracia seja a verdadeira protagonista. Afinal, como diria o imortal Machado de Assis, "a política é como a nuvem; muda a cada instante". E em Itaguaí, o céu está mais nublado do que nunca.
Ata registrada pela diretório municipal do PT (Itaguaí), em que figuram Luciano Mota e Paulo Wesley como pré-candidatos a prefeito e vice-prefeito de Itaguaí, respectivamente (Reprodução site do TSE)
Ata da estadual do PT, com o apoio a Gil Torres e a oficialização de Marco Barreto como vice dele na disputa pelo Executivo de Itaguaí (Reprodução TSE)
Com informações Jornal Atual
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