O primeiro dia do resto da vida de Bolsonaro

O primeiro dia do resto da vida de Bolsonaro

 

'A Justiça é cega, mas não tola'

A frase é do presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes, dita quando proferia seu voto a favor da condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), nesta sexta-feira, 30, na corte do tribunal, encorpando o placar em 5 a 2 pela inelegibilidade do ex-presidente. Bolsonaro está inelegível por 8 anos, até 2030.

Fissura política

Para o economista da UnB, professor Newton Marques, a perda dos direitos políticos do ex-presidente traz uma certa tranquilidade às instituições democráticas. À Coluna, ele afirmou que Bolsonaro pode até fazer campanha ou apoiar algum candidato, mas sem a transferência do capital político que lhe levou à presidência da República.

Cabo eleitoral de 'luxo'

Assim se autodenominou o ex-presidente ao comentar e criticar o resultado do julgamento do TSE. Segundo ele, "fui julgado pelo conjunto da obra". Em frases de efeito, Bolsonaro - que estava em Minas Gerais quando saiu o resultado do julgamento, disse que em 2018 levou uma facada na barriga, lá. E hoje, uma facada nas costas. Disse ainda que, quem foi apunhalada foi a dedemocracia.

Bolsonarismo

Em conversa com a Coluna, o cientista e analista político, Guilherme Soares, afirmou que a condenação de Bolsonaro é uma derrota para ele, mas não necessariamente o é para o bolsonarismo.

Fora, Bolsonaro!

A expressão é uma das mais entoadas na política quando adversários e seus eleitores e aliados entram em rota de colisão. A história está aí pra contar. Com o ex-presidente sem poder entrar numa disputa eleitoral e, testar sua força nas urnas, Guilherme Soares assinala que isso acaba dando espaço para figuras alinhadas a Bolsonaro, como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas.

Sucessor 

O analista salientou que Bolsonaro vai estar impossibilitado de concorrer em 2026, como Lula esteve em 2018, mas deverá utilizar narrativas parecidas para se defender, como perseguição e injustiça. "A diferença entre os casos, no ponto de vista político, é que Bolsonaro terá muito mais tempo para gerar o seu sucessor, algo que não foi possível com Lula e Haddad anteriormente."

Reação 

O presidente nacional do PL, Valdemsr Costa Neto, foi ao Twitter externsr apoio ao aliado e afirmar que "vamos trabalhar dobrado e mostrar lealdade ao presidente Bolsonaro". Se mostrando indignado com o resultado, Costa Neto afirmou que é a primeira vez na história que um ex-presidente perde os direitos políticos por falar. Bolsonaro, por sua vez, disse que vai recorrer da decisão ao STF e os aliados na Câmara dos Deputados já preparam um projeto de lei para anistiar políticos que pode beneficiar o "chefe".

O que diz a lei eleitoral?

Procurado pela Coluna, o especialista em direito eleitoral, advogado Alberto Rollo, disse que o recurso é natural, mas do ponto de vista jurídico os dois pontos que permearam a discussão no TSE: se a minuta é correta ou não e, a gravidade dos fatos, conforme preconiza a lei 64/90, devem ser mantidas no Supremo. "Os dois ministros que divergiram entenderam que não houve gravidade de Bolsonaro; já os outros cinco, entenderam que sim, os fatos foram graves." Para Rollo, a decisão do TSE deve ser confirmada no STF.

À disposição

Michelle Bolsonaro, ex-primeira-dama e presidente nacional do PL Mulher foi às redes sociais informar que está "às ordens, capitão". O nome dela vem sendo ventilado, vez ou outra, no meio político como uma possível sucessora de Bolsonaro na disputa presidencial. Retsa saber se ela terá envergadura até lá e se vai ter força para derrotar os "amigos-aliados" que estão de olho nessa oportunidade.

Ação judicial 

O ministro da Justiça, Flávio Dino, já externou que pretende acionar a Advocacia-Geral da União para processar judicialmente Bolsonaro e cobrar indenização pelos danos causados ao Poder Judiciário e à sociedade.

Por Coluna Valéria Costa em 30/06/2023
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