Pai transforma vigília solitária em símbolo de resistência pelo filho morto há 29 ano

Pai transforma vigília solitária em símbolo de resistência pelo filho morto há 29 ano

Na manhã do dia 15 de abril de 2025, Adriano Dias, fundador da ComCausa, testemunhou mais uma vez um dos atos mais solitários e simbólicos da luta por justiça no Brasil: o protesto solitário de José Luiz Faria da Silva diante da sede do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro.

Há 29 anos, em 1996, o filho de José Luiz, o pequeno Maicon de Souza da Silva, foi morto por um disparo de fuzil durante uma ação da Polícia Militar no conjunto de favelas de Acari. Tinha apenas dois anos e meio de idade. O tiro foi desferido a poucos metros de sua casa, na presença do pai, e até hoje, nenhuma responsabilização efetiva foi realizada. O caso, que simboliza a impunidade crônica do Estado, prescreveu — e deve ser arquivado definitivamente nos próximos meses.

Segundo Adriano Dias, José Luiz repete esse ato todos os anos, no mesmo dia, no mesmo local, desde o assassinato do filho. Com cartazes nas mãos e a dor no peito, ele mantém uma vigília silenciosa e contínua, que se tornou um marco da memória coletiva de Acari e de todas as vítimas da violência de Estado.

Com o passar dos anos, José Luiz tornou-se conhecido entre os seguranças e servidores do Ministério Público. Muitos já o cumprimentam com respeito, oferecem café e palavras de solidariedade. Contudo, apesar do reconhecimento humano, a ausência de justiça permanece. Para Adriano, “o gesto de José Luiz é um lembrete incômodo, mas necessário, de que o tempo da dor das famílias é diferente do tempo do Estado”.

A ComCausa, que há anos acompanha casos de violência institucional, esteve presente nesta vigília de abril. Embora em outros momentos ele tenha sido acompanhado por movimentos sociais, familiares de vítimas e defensores de direitos humanos, neste ano, José Luiz estava sozinho. Estar ao seu lado, neste dia, foi para Adriano mais do que solidariedade: foi reafirmar um compromisso com a memória, com a denúncia e com o direito de não esquecer.

Por Neno Ferreira 'No social' em 16/04/2025
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