Pandora Papers: a vez da família Marinho (Globo), Jovem Pan, Editora 3 e filhos do Ratinho

Nova reportagem da série aponta pelo menos oito empresários de mídia no Brasil ou seus parentes que têm relação com oito offshore em paraísos fiscais

Pandora Papers: a vez da família Marinho (Globo), Jovem Pan, Editora 3 e filhos do Ratinho

DA REDAÇÃO - A Imagem que ilustra a matéria foi usada diariamente durante a campanha para o golpe de Estado contra a ex-presidenta Dilma Rousseff e para a prisão sem provas do ex-presidente Lula. Hoje é de conhecimento público que Lula teve todos os seus processos anulados pelo Supremo Tribunal Federal e demais instâncias da Justiça e o que então ‘herói’ Sergio Moro foi considerado suspeito e incompetente pelo STF a partir das revelações do conluio entre juiz e Ministério Público de Curitiba.

Hoje também é público que o golpe de Estado penalizou uma mulher honesta, mas mais do que isso, colocou o país de volta à miséria e à fome. E no caso do ex-presidente Lula, privou de liberdade um homem de mais de 70 anos por 580 dias que jamais serão devolvidos e a sua reputação, que foi gravemente atingida, mas que hoje as pesquisas eleitorais mostram que não foi destruída, mas ao contrário, Lula lidera todas as pesquisas de todos os institutos com possibilidade vencer o pleito de 2022 no primeiro turno.

Agora, essa mesma imprensa que abraçou a pauta do combate à corrupção farsesca, tem seus nomes revelados na nova reportagem da série Pandora Papers publicada nesta quinta-feira (7), que aponta pelo menos oito empresários de mídia no Brasil ou seus parentes que têm relação com oito offshore em paraísos fiscais. Na lista aparecem pessoas da família Marinho (Rede Globo), Jovem Pan, Editora 3, além dos filhos gêmeos do apresentador Carlos Massa, o Ratinho.

Não é crime ter dinheiro em ‘paraísos fiscais’, que hoje são chamados mais adequadamente de ‘esconderijos fiscais' por especialistas em investigação de recursos alocados nesses países, mas quem usa desse expediente o faz por três razões, como observou o economista Eduardo Moreira:

  1. Não pagar impostos
  2. Ocultar patrimônio
  3. Se proteger de alguma ruptura econômica no país de origem.

A pergunta que deve ser feita aos ‘Barões da Mídia’, ao ministro da economia Paulo Guedes e ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto é: qual dos três motivos fez os senhores enviar dinheiro para os ‘Esconderijos Fiscais’?

Certamente hoje a Rede Globo e seus satélites não vão publicar nada sobre o escândalo que os envolve e muito menos colocar o duto com dólares jorrando porque os documentos da reportagem obtidos pelo ICIJ (Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos, na sigla em inglês), apontam mais de 300 nomes de sócios e dirigentes dos maiores grupos de jornalismo impresso, televisivo e radiofônico do país. Além disso, foram pesquisados sócios e diretores de empresas que se identificam como jornalísticas, mas que atuam em defesa de algum grupo partidário ou ideológico.

JOVEM PAN
Os irmãos e sócios da rádio, Antonio Augusto Amaral de Carvalho Filho, o Tutinha, e Marcelo Leopoldo e Silva de Carvalho, são ligados à offshore Myddleton Investments Limited. Ambos são diretores na empresa aberta nas Ilhas Virgens Britânicas.

GRUPO GLOBO
Paula Marinho, neta de Roberto Marinho (1904-2003), é listada como proprietária de duas empresas nas Ilhas Virgens Britânicas: Limozina Investing Limited e Ravello Holding Limited.

O objetivo da constituição das offshores era a compra de aeronaves nos Estados Unidos. Na sua ficha de abertura de 2011, a Limozina diz que comprará um helicóptero Grand Agusta. Não está claro se a compra foi efetuada.

Nessa empresa, Paula é sócia de Alexandre Chiappetta de Azevedo, seu ex-marido. Na época, seu nome constava como Paula Marinho de Azevedo. A empresa foi aberta em 31 de agosto de 2011, nas Ilhas Virgens Britânicas.

A Ravello informou que também tem como objetivo a compra de uma aeronave. Não cita o modelo, mas menciona o valor: US$ 5 milhões.

Foi aberta em 15 de junho de 2016, após a separação, e foi identificada pelo nome de solteira da neta de Roberto Marinho: Paula Mesquita Marinho. A empresa foi registrada nas Bahamas.

A assessoria de Paula foi procurada e disse que as empresas foram declaradas às autoridades brasileiras e que já foram encerradas.

EDITORA TRÊS
A família Alzugaray, dona da Editora Três, mantém uma offshore nas Ilhas Virgens Britânicas.

Controladores de revistas como IstoÉ e Planeta, os irmãos Carlos Domingo e Paula Alzugaray são filhos do fundador da Editora Três, o argentino Domingo Cecilio Alzugaray (1932-2017).

GRUPO MASSA
Gabriel Martinez Massa e Rafael Martinez Massa, os 2 filhos gêmeos do apresentador Carlos Roberto Massa, o Ratinho, são sócios em duas offshores nas Ilhas Virgens Britânicas. Eles são irmãos do governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD).

Eis os nomes das empresas: GRM2 Holdings Ltd e SMM Holding.

RBS
Eduardo Sirotsky Melzer é sócio e ex-presidente do conselho da RBS, grupo de mídia afiliado à TV Globo. Ele tem uma série de veículos de mídia impressa e radiofônica no Rio Grande do Sul. É acionista da FFM Holdings, trust registrado nas Ilhas Virgens Britânicas.

Sirotsky Melzer é sócio de Lisandra Goulart Melzer, sua mulher. A FFM Holdings emitiu 20.000 ações no valor de US$ 100 cada uma. Totalizam US$ 2 milhões.

TV VERDES MARES
Yolanda Vidal Queiroz foi a controladora do grupo cearense Edson Queiroz, que atua em pelo menos 6 diferentes setores.

Entre as empresas do conglomerado está a TV Verdes Mares, afiliada da TV Globo em Fortaleza.

Yolanda morreu em 2016. Uma empresa offshore registrada em seu nome, a Water Overseas S.A., consta no documento de transferência de suas ações para os filhos e netos.

(Da Revista Fórum com informações do Poder 360)

Por Ultima Hora em 07/10/2021
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