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O papa Francisco se reuniu neste sábado com crianças do Sudão do Sul, deslocadas pelo conflito, e ouviu sobre as dificuldades de suas vidas nos campos de refugiados, dizendo a elas que construiriam um futuro melhor para o país mais novo do mundo, substituindo ódio étnico por perdão.
O papa visita o Sudão do Sul com o arcebispo de Canterbury, Justin Welby, e o moderador da Igreja da Escócia, Iain Greenshields - em uma “peregrinação da paz” conjunta sem precedentes.
Os três homens lideraram cerca de 50 mil pessoas em uma oração ecumênica a céu aberto, ao anoitecer, em um mausoléu para o herói da libertação do Sudão do Sul, John Garang, que morreu em uma queda de helicóptero em 2005, antes de o país conquistar sua independência.
O Sudão do Sul se separou do Sudão em 2011, mas entrou em guerra civil em 2013, com grupos étnicos brigando entre si. Apesar de um acordo de paz em 2018 entre os dois principais antagonistas, os conflitos interétnicos continuaram a matar e deslocar muitos civis.
Em uma reunião na capital Juba mais cedo, os líderes cristãos ouviram depoimentos de crianças deslocadas, incluindo Johnson Juma Alex, 14 anos, que está vivendo em um campo desde 2014 após fugir da sua cidade natal por causa dos conflitos.
“A vida nos campos não é boa porque a área é pequena e lotada”, disse a eles, lendo um texto preparado em inglês, que não é sua língua nativa.
“Não há espaço suficiente para jogar futebol. Muitas crianças não vão à escola porque não há professores e escolas suficientes para todos nós”, disse. Depois que ele falou, o papa, o arcebispo e o moderador apertaram calorosamente a sua mão.
Há 2,2 milhões de pessoas deslocadas internamente no Sudão do Sul, de uma população de cerca de 11,6 milhões, e outras 2,3 milhões fugiram do país como refugiadas, segundo a ONU.
Pobreza extrema e fome são comuns. Dois terços da população precisam de assistência humanitária por causa do conflito e também por três anos de enchentes catastróficas.
“O futuro não pode estar em campos de refugiados”, disse o papa às crianças, após ouvir suas histórias no evento que foi realizado em uma estrutura pré-fabricada com capacidade para cerca de 2.500 pessoas.
“Como você disse, Johnson, há a necessidade de que todas as crianças como você tenham a oportunidade de ir para a escola - e ter um campo para jogar futebol!”
Francisco disse que a esperança para o futuro do Sudão do Sul está com as crianças de diferentes grupos étnicos, que sofreram e ainda estão sofrendo, mas que não querem responder o mal com mais mal.
Na manhã de domingo, os três líderes cristãos retornarão ao mausoléu para celebrar a missa, o último grande evento deles no Sudão do Sul antes de deixarem o país.
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