Parlamentares repudiam deboche de Eduardo Bolsonaro à tortura sofrida por Miriam Leitão na ditadura

Parlamentares repudiam deboche de Eduardo Bolsonaro à tortura sofrida por Miriam Leitão na ditadura

Os substantivos masculinos “nojo e asco”, que iniciam o título da matéria, fazem parte da frase usada por Ulysses Guimarães para definir seu sentimento em relação à criminosa ditadura militar que durou 21 anos no Brasil e hoje tem remanescentes da época no governo atual.

Seja de membros do governo que participam do primeiro escalão ou de admiradores confessos da época marcada por torturas e cerceamento de liberdades, como o próprio presidente da República, Jair Bolsonaro, e seus filhos.

Nesta segunda-feira (4), parlamentares repudiaram o deboche de um dos filhos do presidente, no caso o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) com relação à tortura sofrida pela jornalista Miriam Leitão durante a ditadura militar (1964-1985).

Nas redes sociais, o parlamentar publicou uma resposta a um artigo compartilhado pela jornalista, na tarde deste domingo (3).

Ela escreveu que o presidente da República Jair Bolsonaro, pai de Eduardo, é um inimigo confesso da democracia. Miriam comentava declarações recentes de ataque de Bolsonaro às instituições democráticas. O deputado então respondeu: "Ainda com pena da [e acrescentou um emoji de cobra]".

Miriam Leitão foi presa e torturada pelo governo militar durante a ditadura. A jornalista estava grávida. Em uma das sessões de tortura foi deixada nua em uma sala escura com uma cobra.

A líder do PSOL na Câmara, Sâmia Bomfim (PSOL-SP), disse que vai entrar com uma representação no Conselho de Ética da Casa contra Eduardo Bolsonaro. O PC do B informou que também vai acionar o Conselho de Ética.

“Miriam Leitão estava grávida quando usaram uma cobra numa sala escura para torturá-la. Um homem que faz piada com essa situação é desumano, repugnante”, afirmou Sâmia. “O deputado Bolsonaro, assim como seu pai, precisa responder pelos seus atos”, completou a parlamentar.

A deputada Maria do Rosário (PT-RS) disse que a Câmara não pode aceitar as declarações do deputado.

“Minha solidariedade à Miriam Leitão, pelos ataques recebidos do filho de Bolsonaro. A Câmara dos Deputados não pode aceitar que um parlamentar faça uma declaração tão absurda e se mantenha impune. Foi assim que Bolsonaro abriu a Caixa de Pandora do fascismo no Brasil. Gravíssimo”, escreveu.

Veja mais manifestações de parlamentares e políticos:

Randolfe Rodrigues, senador (Rede-AP)
"Miriam Leitão foi torturada grávida pela ditadura que a família Bolsonaro apoia. Esse comentário é nojento, covarde e asqueroso, o que reflete o que é essa família. Está chegando a hora de mandar esses bichos escrotos de volta para o esgoto. Minha solidariedade à Miriam Leitão."

Alessandro Vieira, senador (PSDB-SE)
"A estratégia dos Bolsonaros é clara: usar falas polêmicas para desviar a atenção da fome, da miséria e dos casos de corrupção que vêm surgindo no noticiário. A última foi um ataque grosseiro e inaceitável contra a jornalista Miriam Leitão, profissional com histórico impecável."

Bohn Gass, deputado (PT-RS)
"Presa na ditadura, Miriam Leitão foi posta numa cela escura onde havia uma jiboia. Tortura! Terror! Mas Eduardo Bolsonaro fez um post inacreditável dizendo ter pena da cobra. O rapaz é tão monstruoso quanto o papai. Muitas vezes discordo da Miriam, mas ela tem a minha solidariedade."

Professor Israel, deputado (PV-DF)
"O deboche de Eduardo Bolsonaro sobre a violência sofrida por Míriam Leitão mostra que tipo de gente chegou ao poder, em 2018. O Brasil precisa derrotar este pensamento no primeiro turno das eleições."

Orlando Silva, deputado (PC do B-SP)
"Consultei o @PCdoB_Oficial e faremos representação contra Eduardo Bolsonaro no Conselho de Ética da Câmara pelo deboche afrontoso e desumano à tortura sofrida pela jornalista Miriam Leitão. Esse canalha sórdido não ficará impune!"

Alice Portugal, deputada (PC do B-BA)
"Repugnante, asquerosa e cruel a fala de Eduardo Bolsonaro sobre Miriam Leitão, que foi torturada grávida na ditadura. É inaceitável debochar das agressões sofridas pela jornalista no regime militar. Meu total repúdio e minha integral solidariedade à Miriam Leitão."

Ivan Valente, deputado (PSOL-SP)
"Na mesma semana em que o partido do presidente filiou um estuprador, o filho do presidente fez referência covarde à ditadura. É civilizatório varrer essa gente do poder!"

Paulo Teixeira, deputado (PT-SP)
"Tenho nojo do que falou o Eduardo Bolsonaro sobre a Miriam Leitão. Fala de delinquente, de miliciano, de covarde!"

Alessandro Molon, deputado (PSB-RJ)
"Que tipo de monstro é capaz de debochar da tortura de uma mulher grávida?"

João Amoêdo, fundador do partido Novo
"Esse tuíte deveria servir de alerta para todos os eleitores paulistas. Não seremos uma nação decente e próspera elegendo pessoas que fazem declarações inaceitáveis como essa. O respeito ao cidadão está acima de qualquer ideologia e é o mínimo que se espera de um parlamentar." (Da redação, com G1)

Por Ultima Hora em 04/04/2022
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