Polêmica no Caso Marielle: Vice-Presidente nacional do PT Quaquá, defende Inocência de Acusados em Audiência

Quaquá defende inocência do conselheiro do TCE Domingos Brazão em audiência de instrução do Caso Marielle

Polêmica no Caso Marielle: Vice-Presidente nacional do PT Quaquá, defende Inocência de Acusados em Audiência

Deputado afirmou que, embora seu testemunho possa lhe causar prejuízo político, ele confia na inocência de Domingos Brazão e de seu irmão Chiquinho Brazão

Política

20 de setembro de 2024 – 18:17

A audiência de instrução e julgamento da ação penal contra os acusados de serem os mandantes do assassinato de Marielle Franco, realizada nesta sexta-feira (20), foi marcada pela defesa vigorosa do deputado federal Washington Quaquá (PT-RJ) em favor do conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio (TCE-RJ), Domingos Brazão.

Durante seu depoimento, Quaquá afirmou que, embora saiba que seu testemunho poderá lhe causar prejuízo político, ele confia na inocência de Domingos Brazão e seu irmão, Chiquinho Brazão. O parlamentar argumentou que, em sua visão, ordenar o assassinato da vereadora Marielle seria um ato de extrema imprudência, classificando tal ação como uma “burrice”.

Essa declaração reflete a polarização em torno do caso, que ainda levanta discussões acaloradas no cenário político e judicial.

— Eu sou um homem essencialmente de esquerda e democrata. Eu não estaria aqui prestando depoimento num crime contra uma mulher negra, política, sujeito a um desgaste político, se não acreditasse em Domingos Brazão. Matar a vereadora é burrice. Brazão é estrategista político, não faria isso. Brazão sempre agiu com a cabeça. Ele é inteligente acima da média — disse Quaquá, criticando o fato de se dar voz ao colaborador premiado e assassino confesso Ronnie Lessa, que atribuiu o mando do crime à família Brazão e ao ex-chefe de Polícia Civil, delegado Rivaldo Barbosa.

O deputado federal, que é candidato a prefeito da cidade de Maricá, foi convidado pelos advogados de Domingos Brazão como testemunha de defesa. Embora tenha dito ter convicção de que Domingos Brazão é inocente, Quaquá não apresentou qualquer evidência que comprovasse o que o levou a ter certeza de que os réus não deram a ordem para a execução de Marielle e do motorista Anderson Gomes. Segundo o parlamentar, Domingos e Chiquinho já foram condenados pela imprensa.

— Conheço bem Domingos. Quem não conhece Brazão, não conhece o Rio. Domingos era um polo de oposição a Sérgio Cabral (ex-presidente da Alerj e ex-governador do Rio). Foi daí que passei a conhecer Brazão. Domingos apoiou Lula e aproximou a direita da esquerda. Ele já apoiou gente nossa, mas nunca existiu proibição de fazer campanha em redutos dele — defendeu o deputado federal. — Infelizmente, ele já foi condenado pela imprensa, mas aqui estamos num julgamento e eu acredito na Justiça — disse o parlamentar.

O promotor Olavo Evangelista Pezzotti, que representa a Procuradoria-Geral da República, questionou Washington Quaquá sobre o motivo de sua convicção na inocência e se ele teria analisado as investigações da Polícia Federal sobre os mandantes. O deputado federal explicou que sua convicção vem do caráter do réu.

— Faço o meu juízo de valor, não sou policial. Eu disse que não acreditava, porque conheço o caráter dele e sua maneira de pensar. Além disso, esse crime bárbaro e desumano, um ponto fora da curva, contra Marielle, é coisa de gente burra, sem a mínima capacidade de discernimento, é coisa de miliciano vagabundo. No que está aparente, tenho certeza de que não são eles (Domingos e Chiquinho). Não fariam isso em razão de terrenos — afirmou o candidato a prefeito de Maricá.

A advogada Maria Victoria Hernandez Lerner, assistente de acusação por parte da sobrevivente Fernanda Chaves, perguntou à testemunha a razão de ele ter dito que a família Brazão tem perdido votos em seus redutos eleitorais. Washington Quaquá respondeu que o crescimento do bolsonarismo tem alterado a dinâmica da política tradicional no Rio:

— O Rio é complicado. Diferente de São Paulo, que tem uma única facção, no Rio há uma bagunça. Cada canto tem um vagabundo mandando. Há um fenômeno do bolsonarismo que entrou forte no Rio e os milicianos são fechados com esta corrente. Isso contribuiu para a perda de espaço da política tradicional. A pior desgraça é a milícia. Ela faz tudo o que o tráfico faz, só que tem ligação com policiais. Há um domínio de território perigoso e real no Rio — afirmou.

Com informações de O Globo.  

 

 

Por Ultima Hora em 21/09/2024
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