Assine nossa newsletter e fique por dentro de tudo que rola na sua região.
A Polícia Militar de São Paulo iniciou uma investigação sobre a conduta de Policiais que foram filmados cantando e dançando uma música que exalta o massacre do Carandiru.
O vídeo, que circulou amplamente nas redes sociais, mostra os Policiais no pátio do batalhão de choque, no centro de São Paulo, entoando versos que se referem aos presos do pavilhão 9 como "escória" e "lixo", além de glorificar o massacre perpetrado pelos Policiais.
A Secretaria de Segurança Pública (SSP) afirmou que a conduta dos Policiais nas imagens não condiz com as práticas da instituição. O massacre do Carandiru, ocorrido em 1992, resultou na morte de 111 presos após uma intervenção Policial para conter uma rebelião no pavilhão 9 da Casa de Detenção de São Paulo. Este episódio é considerado o mais letal da história da Polícia Militar.
Entre 2013 e 2014, a Justiça Paulista realizou cinco Júris Populares, condenando 74 Policiais Militares pela morte de 77 Detentos. No entanto, os Policiais recorreram da sentença e permanecem em liberdade. Em dezembro de 2022, o ex-presidente Jair Bolsonaro concedeu indulto aos Policiais condenados, mas a ministra Rosa Weber anulou os efeitos do decreto, atendendo ao parecer da Procuradoria Geral da União, que afirmou que o perdão não poderia ser concedido para crimes hediondos.
Os Policiais que aparecem no vídeo são alunos do curso de formação de soldados da Polícia Militar. A filmagem, feita no quartel da cavalaria da PM, mostra os alunos cantando uma música que enaltece a ação dos Policiais no massacre do Carandiru. A letra da canção inclui refrões que mencionam o uso de bombas, facas, tiros e granadas contra os presos, além de fazer referências a corpos mutilados e cabeças decepadas.
A repercussão negativa do vídeo levou a SSP a determinar a instauração de uma investigação por meio do Comando do Policiamento de Choque da Polícia Militar (CPC-PM). A pasta afirmou que "medidas cabíveis serão tomadas" e que a conduta dos policiais "não condiz com as práticas da instituição".
Especialistas em Segurança Pública divergem quanto às possíveis infrações cometidas pelos Policiais e as punições cabíveis. Alguns consideram que os Agentes infringiram regras do Regulamento Disciplinar da PM e da nova regra de 2022 para uso das redes sociais, que proíbe a divulgação de informações sobre ações Policiais. Outros afirmam que dificilmente os Policiais serão punidos individualmente, sugerindo que a reprovação pública e a remoção de Comandantes seriam medidas mais adequadas.
Dos 74 agentes condenados pelo massacre do Carandiru, cinco já faleceram e 69 continuam vivos, respondendo pelos crimes em liberdade. O indulto concedido por Bolsonaro em 2022 está suspenso, aguardando julgamento de sua constitucionalidade pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
O tenente-coronel Ubiratan Guimarães, que comandou as tropas durante o massacre, foi condenado a 632 anos de prisão, mas absolvido em 2006 após se tornar deputado estadual. Ubiratan foi assassinado em seu apartamento no mesmo ano.
Nenhum comentário. Seja o primeiro a comentar!