Política de Segurança Alimentar da Prefeitura de Niterói é referência na Região Metropolitana

Restaurante Popular Jorge Amado oferece aproximadamente 2 mil refeições por dia. Quase metade do público vem de outras cidades

Política de Segurança Alimentar da Prefeitura de Niterói é referência na Região Metropolitana

Em busca de uma alimentação mais saudável e com preço acessível, o Restaurante Popular Jorge Amado, no Centro de Niterói, recebe, diariamente, muitos moradores de cidades vizinhas. Uma pesquisa realizada com frequentadores, em 2021, revela que 47,7% são moradores de outros municípios, sendo 31,8% dos usuários entrevistados moradores de São Gonçalo, seguidos de 4,7% da cidade do Rio de Janeiro, 3,7% do município de Itaboraí e 3,7% também de Maricá.

Também apareceram no estudo moradores de Mesquita, São Fidélis, Quissamã e até de São Paulo. Outro dado significativo está no número de desempregados, que somam 40,2% dos usuários.

O Restaurante Popular, municipalizado em 2017 pela Prefeitura de Niterói, ajuda a promover a segurança alimentar da população, principalmente em um período onde uma pesquisa recente realizada pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede PENSSAN) apontou que 33,1 milhões de pessoas no Brasil não tem comida na mesa. O espaço é uma referência na Região Metropolitana e já serviu mais de 2,72 milhões de refeições desde a sua reabertura.

O secretário de Assistência Social e Economia Solidária de Niterói, Elton Teixeira, alerta para o número crescente de pessoas que estão em vulnerabilidade social no país.

“O Restaurante Popular já forneceu mais de 300 mil refeições apenas em 2022. O equipamento é uma prova da preocupação da gestão com o aumento da fome no Brasil, que é latente. Em breve, teremos mais um equipamento como esse na Zona Norte. Por estar localizado no Centro, ele atende inúmeras pessoas de São Gonçalo, Itaboraí e mesmo do Rio de Janeiro. Aqui em Niterói, a segurança alimentar e nutricional é levada a sério", destaca o secretário.

Camila dos Santos Ferreira, 27 anos, é moradora de Itaúna, em São Gonçalo, e frequenta o restaurante diariamente com seus dois filhos: Alisson, de 4 anos, e Maria Clara, de 10 anos.

“Eu venho para cá há muitos anos. Já vinha com minha mãe, que faleceu, e agora com meus filhos. A comida aqui é boa e barata e estou desempregada no momento. O restaurante me dá a facilidade de uma comida boa e de qualidade. Adoro quando tem dobradinha na sexta-feira”.

Do outro lado da ponte, em Copacabana, vive Marina Rodrigues da Silva, 70 anos, que trabalha com vendas e quando está em Niterói almoça no Restaurante Popular.

“Eu sou vendedora de produtos naturais e faço muitas vendas em diferentes municípios da região de Niterói, Alcântara e Maricá. Eu preciso almoçar todo dia na rua e acabo gastando muito. Quando estou em Niterói, dou preferência a almoçar aqui. Já tem uns 5 anos que venho. Eu gosto da comida e ainda economizo”.

A Rede PENSSAN publicou a pesquisa onde foram coletadas informações sobre a fome no Brasil, entre novembro de 2021 e abril de 2022, a partir da realização de entrevistas em 12.745 domicílios, em áreas urbanas e rurais de 577 municípios, distribuídos nos 26 estados e no Distrito Federal. A Segurança Alimentar e a Insegurança Alimentar foram medidas pela Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (Ebia), que também é utilizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esses dados revelam que mais da metade (58,7%) do povo brasileiro vive a insegurança alimentar em grau leve, moderado ou grave (fome).

Morador da cidade vizinha, no bairro do Apollo, Wilson da Conceição tem 74 anos e é ambulante. Pulando de uma cidade para outra, ele sempre dá uma pausa em Niterói para fazer a refeição.

"A comida é muito gostosa. Eu trabalho vendendo as coisas na rua e sempre paro aqui para comer. O fígado, bolo de batata e frango são meus preferidos, mas gosto de tudo daqui”.

O Restaurante Popular oferece uma média de 2 mil refeições ao dia. Os números mostram um crescimento na procura. Comparado ao mesmo período de 2019, antes da pandemia, o espaço teve um aumento de quase 6% na busca por refeições. Pelo valor de R$ 2 no almoço e o desjejum por R$0,50, se torna uma opção boa e barata para a população. Com cardápio variado, preparado por nutricionista, o restaurante funciona de segunda a sexta-feira, de 6h às 9h, para o café da manhã e, de 11h às 15h, para o almoço.

Nova unidade na Zona Norte - Para 2023, a Prefeitura de Niterói se prepara para inaugurar uma nova unidade no Fonseca, que vai abrigar uma escola de gastronomia com cursos nessa área como de cozinheiro, auxiliar de cozinha, confeitaria e formação de garçom.

O restaurante vai funcionar na Alameda São Boaventura com capacidade para servir 2 mil refeições diárias. O local também vai abrigar a primeira Escola de Formação em Gastronomia Popular do Estado, onde jovens e adultos poderão obter qualificação profissional para o mercado de trabalho e para o empreendedorismo com diversos cursos na área de gastronomia, padaria e serviços para bares e restaurantes. O investimento anual no equipamento vai girar em torno de R$ 5 milhões.

Fotos: Bruno Eduardo Alves

Por Ultima Hora em 31/08/2022
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