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Victor Marques, o "braço direito" de Campos, é o nome da vez para 2026
O prefeito do Recife, João Campos (PSB), não quis dar o braço a torcer e escolheu seu amigo pessoal Victor Marques, recém-filiado ao PCdoB, como vice na chapa para a reeleição em 2024. O anúncio foi feito logo após encontro feito com diretores do Ultima Hora em Brasília, durante reunião com o presidente Lula (PT) e a presidenta nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann.
Como diz o ditado, "amigo é para essas coisas". E Campos mostrou que preza muito a amizade com Marques, seu fiel escudeiro desde 2017. O prefeito não cedeu nem mesmo aos apelos de Lula para emplacar o nome de Mozart Sales (PT) como vice. Parece que, para João, o que vale é o "amigos, amigos, negócios à parte".
Qualquer coincidência com Paes no Rio de Janeiro é pura especulação
Mas não pensem que essa escolha foi aleatória. Campos é um rapaz esperto e já está de olho em 2026, quando pretende deixar a prefeitura antes da metade do mandato para disputar o governo do estado. E nada melhor do que ter um vice 100% alinhado para assumir a cadeira e apoiar sua empreitada rumo ao Palácio do Campo das Princesas, não é mesmo?
Enquanto isso, o PT ficou a ver navios. Mesmo sendo o partido do presidente, os petistas não conseguiram emplacar um nome na chapa de Campos.
Victor Marques é amigo e braço direito de Campos desde 2017; ele se filiou ao PCdoB em abril por ordem do prefeito
João Campos (ao centro), ladeado por Marília Dantas e Victor Marques, principais cotados para a vice - Prefeitura do Recife/divulgação
O nome de Victor Marques é um “meio termo”. Campos não dá o cargo para o PT, mas deixa a cadeira de vice dentro da Federação Brasil da Esperança, que une juridicamente PT, PCdoB e PV. O fato de Marques não ser uma figura com histórico de militância ou envolvimento com partidos de esquerda reforça que ele será um nome fiel e vinculado a João Campos.
Caso reeleito, o prefeito do Recife tem planos para deixar a prefeitura em abril de 2026, antes da metade do mandato, visando disputar a eleição para governador. A escolha do vice carrega esse peso, já que o nome assumirá a cadeira por quase três anos, no mínimo. E Campos espera ter apoio total do sucessor na sua empreitada pelo Palácio do Campo das Princesas.
João Campos hoje é largamente favorito nas pesquisas, com intenções de voto variando entre 65% e 75% - números que lhe conferem certa “autonomia” para escolher o vice sem depender do crivo de aliados. No círculo próximo ao prefeito, o nome de Victor já era tido como “o favorito” desde o início de junho.
O prefeito, por outro lado, afirmou a intenção de apoiar a reeleição de Humberto Costa para o Senado em 2026. Os petistas do Recife não gostaram, mas o apoio está selado.
Caso se confirme a tendência eleitoral deste ano e o movimento de Campos em 2026, Victor Marques assumirá a cadeira de prefeito e será uma das figuras mais poderosas do PCdoB no estado, abaixo apenas da presidenta nacional do partido, a ministra Luciana Santos, e talvez do deputado federal Renildo Calheiros. Isso tudo, claro, se Marques se mantiver no PCdoB. Uma migração para o PSB não seria surpresa.
No PT havia esperanças, ainda que remotas, de emplacar o nome do médico Mozart Sales. Sales é próximo ao ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha (PT), que também esteve na reunião com João Campos. No entorno do prefeito ainda eram citados os nomes de sua ex-secretária Marília Dantas (recém-filiada ao MDB), que esteve à frente da maior parte das obras na cidade, e o nome do padrinho dela, o engenheiro civil Roberto Gusmão, próximo a Campos.
Camisa da união
É importante entender que, apesar de nacionalmente o PCdoB ser aliado de primeira hora do PT, em Pernambuco os comunistas são mais ligados ao PSB, que tem no estado o seu principal reduto. O PCdoB teve, de 2013 a 2020, Luciano Siqueira como vice do prefeito Geraldo Julio (PSB) e a atual ministra Luciana Santos foi, de 2015 a 2022, vice do governador Paulo Camara (PSB).
Na disputa de 2012, o PSB tinha a vice-prefeitura na gestão petista e decidiu lançar um nome próprio e foi acompanhado pelo PCdoB, o que foi visto pelo PT como traição. O sentimento foi reforçado quando o então governador Eduardo Campos (PSB) lançou seu nome, em 2014, como candidato à Presidência da República, em oposição a Dilma Rousseff (PT).
Nas eleições municipais seguintes, 2016 e 2020, o PT encabeçou chapas adversárias à aliança PSB-PCdoB. Em 2014, pelo Governo do Estado, o PT apoiou Armando Monteiro contra a chapa Paulo-Luciana. Mais de uma década após as alegadas traições, a relação entre PSB e PT ainda não é ponto pacífico em nenhum dos partidos. Tanto Lula (PT) como o PCdoB, liderado por Luciana Santos, são há anos os articuladores e entusiastas da aliança entre petistas e o PSB em Pernambuco.
Hoje há no PT movimentações para uma aproximação com a governadora Raquel Lyra (PSDB), que estuda migrar para o PSD, partido da base de Lula e liderado em Pernambuco pelo ministro da Pesca, André de Paula. Assim, os petistas teriam duas opções de alianças em 2026, tentando “valorizar o passe” do partido no estado natal do presidente da República.
Perfil - Ainda desconhecido para os recifenses, Victor Marques é engenheiro civil, assim como João Campos. Enquanto Marques é formado na UPE, Campos fez sua graduação na UFPE. Victor é o braço direito de João desde que este ocupou seu primeiro cargo público, como chefe de gabinete do governador Paulo Camara (2017-2018). Em seguida Marques foi chefe de gabinete de Campos na Câmara Federal (2019-2020) e na Prefeitura do Recife (2021-2024).
Edição: Helena Dias
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