Protestos e missa marcam os quatro anos do assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes

Protestos e missa marcam os quatro anos do assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes

Nesta segunda-feira (14), completam quatro anos dos assassinatos da vereadora Marielle Franco (Psol) e do motorista Anderson Gomes sem perspectiva de que o crime seja resolvido. Para homenageá-los, haverão atos durante todo o dia em diversos locais.

As homenagens começaram às 8h, com o “Amanhecer com Mariele, Anderson e todas as vítimas de violência”, na Cinelândia e um ato no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ). Um pouco mais tarde, às 10h30, foi realizada uma missa em memória da vereadora e do motorista na igreja da Candelária.

Durante o primeiro ato, a vereadora Mônica Benício (Psol), viúva de Marielle, declarou que vai continuar lutando para descobrir quem foi o mandante do crime que assassinou a vereadora em 2018.

“Estamos aqui perguntando quem mandou matar Marielle porque infelizmente foi um crime muito sofisticado, muito bem elaborado, e a gente consegue ter compreensão razoável sobre isso, mas também é preciso compreender que não há crime perfeito. Quatro anos depois sem respostas para um assassinato que abalou democracia do país. Ou o governador e a instâncias envolvidas são muito incompetentes ou existe uma força por trás disso que faz com que não cheguemos a resposta. É escandaloso em qualquer um dos casos, tanto na incompetência do governador e das instituições, quanto entender que, hoje no Brasil, existe um grupo político capaz de assassinar como forma de fazer política na certeza da impunidade. Nenhuma das opções é razoável”, disse.

Na parte da tarde, a partir das 16h, começa o Festival Justiça por Marielle e Anderson, no Circo Voador, na Lapa. O evento vai contar com uma programação cultural em homenagem a vereadora e o motorista, com oficinas e apresentação de artistas. A entrada é gratuita.

Marinete da Silva, mãe de Marielle, que esteve presente no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ), informou a Redação O Dia que a família protocolou um pedido para ter acesso aos autos dos mandantes, pois não tem informações sobre como anda a investigação;

“Nós estamos aqui mais uma vez, com quatro anos de perguntas sem respostas, nosso objetivo hoje é protocolar um mandado de segurança para assegurar o nosso direito de acesso aos autos dos mandantes [do crime], a gente sabe que tem duas pessoas presas, mas a gente quer ter acesso a esse processo porque queremos saber como está esse processo, saber quem mandou e porque mandaram matar Marielle Franco”, expôs.

Investigações ainda podem ser longas
Após quatro anos do crime, a polícia segue sem saber quem é o mandante do assassinato e suas motivações. Até o momento, somente os dois acusados de serem executores do tiros estão presos.

Os ex-PMs Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz foram denunciados pelo Ministério Púbico do Rio de Janeiro (MPRJ), pelo assassinato da vereadora e de seu motorista. Os acusados vão a júri popular, que ainda não está marcado. A polícia, por sua vez, afirma ter descoberto a dinâmica realizada pelos criminosos no dia 14 de março de 2018 para execução do crime.

Durante todos esses anos, o comando das investigações sofreu diversas alterações. Na Polícia Civil, o caso já mudou de delegado cerca de cinco vezes, o quinto assumiu há pouco mais de um mês, já no MPRJ, três grupos de promotores diferentes ficaram à frente das investigações. Para a mãe de Marielle, as trocas podem ter interesse por trás, mas o importante é que a família confie em quem quer que esteja no comando.

“Eu não tenho nenhuma dúvida de que nessas trocas tem alguém que tem interesse na não resolução do caso. A gente está aí em mais uma troca, teve mudança de delegado, teve mudança no Ministério Público. Temos que estar sempre atentos ao que vai acontecer, acho que o importante é que essas pessoas tenham o compromisso de manter esse trabalho, independente de quem esteja no poder, é fundamental que a família tenha confiança”, deixou explícito.

Apesar da prisão dos dois executores, a maior pergunta ainda segue sem resposta: Quem mandou matar Marielle? Para a polícia e o MP, as investigações contam com muitas possíveis linhas, mas nenhuma foi para frente. Sem a principal resposta, busca pela motivação do crime também não consegue ser concluída.

Porém, uma das principais linhas de investigação, para o MP, é que a motivação tenha sido política, já que Marielle foi uma vereadora com bastante expressão de votos, ser ativista e uma forte figura na política carioca. A Polícia Civil discorda da questão.

De acordo com Mônica Benício, nem o fim do inquérito e a descoberta do mandante do assassinato serão suficiente para fazer justiça por Marielle. Para ela, é necessário que as lutas da vereadora continuem por meio de outras pessoas.

“Fazer justiça por Marielle é possível de muitas formas, cada um faz do seu lugar de luta, isso é imprescindível de ser compreendido. Mas eu entendi que Justiça por Mariele não termina com final de um inquérito, isso o estado deve a sociedade, deve aos familiares, deve a comunidade internacional. Justiça por Marielle é a gente viver em uma sociedade onde as mulheres tenham os mesmos direitos que os homens, onde a população negra possa ser respeitada com igualdade, onde a população LGBT possa amar sem temer, essa é a minha luta, esse é o meu compromisso com a memória da minha mulher”.

Até o momento, a busca pela resolução do crime já solucionou também qual foram as armas usadas no crime: uma submetralhadora MP-5 com munição UZZ-18, mas os investigadores não encontraram os armamentos e nem descobriram qual o destino das mesmas.

O policial militar reformado Ronnie Lessa, um dos acusados de ser executor do crime, foi condenado pela Justiça do Rio de Janeiro por ocultação e destruição de provas do caso. Além dele, a mulher e o cunhado do suspeito, Elaine Lessa e Bruno Figueiredo, e outras duas pessoas também foram condenadas. Segundo a Justiça, todos participaram de uma ação, em 13 de março de 2019, para destruir armas que estavam escondidas em um apartamento de Ronnie no Rio. A operação aconteceu praticamente um ano depois das mortes de Marielle e Anderson. (Do Jornal do O DIA)

Por Ultima Hora em 14/03/2022

Comentários

  • Nenhum comentário. Seja o primeiro a comentar!

Notícias Relacionadas

André Lazaroni, articulador chave de Zito, quer saber para onde foram os 700 milhões da privatização da CEDAE em Duque de Caxias
04 de Junho de 2024

André Lazaroni, articulador chave de Zito, quer saber para onde foram os 700 milhões da privatização da CEDAE em Duque de Caxias

PGR pede abertura de inquérito para investigar interferência de pastores no MEC
23 de Março de 2022

PGR pede abertura de inquérito para investigar interferência de pastores no MEC

Veredora Rosa Fernandes lutou para construção de veterinário público para cuidar dos bichos e tranquilizar tutores
07 de Maio de 2024

Veredora Rosa Fernandes lutou para construção de veterinário público para cuidar dos bichos e tranquilizar tutores

Em festa do PT, Lula fala como candidato: “Pesadelo está perto do fim”
11 de Fevereiro de 2022

Em festa do PT, Lula fala como candidato: “Pesadelo está perto do fim”

Aguarde..