Quais segredos republicanos ele carrega?

 

O 'rei' está nu 

Jair Bolsonaro nunca poderia imaginar, nem em seus piores pesadelos, que uma testemunha de todos os seus atos internos e externos, seria uma ameaça em tornar público o impublicável. Há um ano, o que perturbava o então presidente era tornar verossímil a historinha que criou em torno de uma urna eletrônica fraudulenta. E a ameaça, cada vez real, de uma derrota eleitoral.

Do anonimato às páginas 

Praticamente homem de confiança de Bolsonaro, o coronel do Exército Mauro Cid tudo sabia, tudo acompanhava e, como um servo, servia ao seu "senhor". Não apenas "carregava" a pasta do chefe, mas sabia o que haviam nos papéis. E essas informações valiosas serviram, no momento certo, para livrar-lhe da humilhação das grades e do julgamento das Forças Armadas. 

Moeda de troca 

Mauro Cid ficou quatro meses preso e, bem orientado por sua defesa, decidiu fazer uma delação em troca de uma "liberdade condicional". O seu depoimento deixou apreensivo o entorno bolsonarista. Resta saber se, o que ele revelou é realmente uma bomba, se incrimina o ex-presidente das denúncias e a acusações que pesam sobre Bolsonaro ou se é apenas uma fábula da Montanha e o Rato.

Fôlego 

O fato é que Mauro Cid saiu da prisão, embora será vigiado por uma tornozeleira eletrônica, e conseguiu convencer o ministro do STF, Alexandre de Moraes, do teor da delação, homologando o ato. O PGR, Augusto Aras, não gostou da movimentação e externou uma crítica sobre a competência do STF em homologar delação e disse não reconhecer legalmente essa delação. Mas Augusto Aras só tem mais dez dias à frente da Procuradoria-Geral da República, quando termina seu mandato.

Ponte aérea 

Ainda este mês o presidente Lula tem mais duas viagens internacionais: uma pra Cuba e outra para Nova York, onde participa da Assembleia-Geral da ONU. Lula tem sido alvo de críticas sobre os gastos excessivos na hospedagem em hotéis de luxo. 

Aparelho público 

Crítica do excesso de viagens e despesas internacionais do presidente e da ex-primeira-dama, Janja Lula, a deputada federal Rosana Valle (PL-SP) cobrar a tramitação e aprovação de seu projeto de lei 3551/2023, que prevê que o presidente da República se hóspede, prioritariamente nas embaixadas brasileiras nas viagens internacionais.

Sem moral 

Foi-se o tempo em que partidos políticos tinham assento e atenção cativa da população. Pesquisa "A cara da democracia" revela que quase metade dos entrevistados não confiam em partidos políticos e, aqueles históricos, que já tiveram poder e relevância na política brasileira, como o PSDB, PDT e PCdoB, só têm 1% da simpatia do brasileiro. O PT de Lula é o que mais tem a simpatia popular, com 65%, mas também o que mais tem a antipatia do povo: 54%. A pesquisa é do Instituto da Democracia e da Democratização da Comunicação.

Carta na manga 

Tarcísio de Freitas, do Republicanos, conquistou um grande feito político ao se eleger governador do maior colégio eleitoral do país, São Paulo. E agora, cautelosamente, ele "se trabalha" como uma alternativa forte da direita para a disputa presidencial em 2026, num impedimento eleitoral de Bolsonaro. Tarcísio tem praticado a inteligência, dia após dia, para ficar à margem dos mexericos e se capitalizar frente a potenciais adversários no grupo que milita. Se ele vai conseguir, os próprios aliados é que vão dizer.

Quem ganhou?

O presidente Lula não teve mais como segurar as mudanças em seu governo e, antes de viajar à Índia, na semana passada, teve que dar a canetada que o Centrão tanto esperava. Demitiu a ex-atleta Ana Moser do Ministério dos Esportes e oficializou o deputado federal André Fufuca (PP-MA); convenceu Márcio França a sair do Ministério dos Portos e Aeroportos para colocar o também deputado federal Sylvio Costa Filho (Republicanos-PE). E vai confirmar o novo ministério, o da Micro e Pequena Empresa, que vai ser comandada por França..

Expectativa 

Na próxima semana, o presidente Lula e comitiva vão participar da Assembleia-Geral da ONU, em Nova York, Estados Unidos, e já há uma apreensão, quase um temor de seu entorno de qual será a tônica das suas declarações. Há uma grande expectativa.