Quando Belford Roxo virou divisor de águas na política fluminense? Danielzinho virou a bola da vez e colocou Fred Pacheco na disputa a Vereador

BELFORD ROXO, de terras habitadas por índios Jacutingas à potência econômica e politica da Baixada Fluminense

Quando Belford Roxo virou divisor de águas na política fluminense? Danielzinho virou a bola da vez e colocou Fred Pacheco na disputa a Vereador

A candidatura de Danielzinho, agora primeiro suplente, teve seu registro indeferido em 2022, e desde então ele vem recorrendo contra essa decisão.

Ele não podia ser candidato, pois seu mandato como vereador de Belford Roxo havia sido cassado em 2021 pelos seus colegas da Câmara Municipal da cidade. Essa decisão foi posteriormente anulada pelo Poder Judiciário.

Interessante notar a mudança para dois atores políticos que não estão diretamente envolvidos na ação:

Eduardo Paes (PSD) e Cláudio Castro (PL). Enquanto Comte é um importante aliado de Paes, tendo sido seu candidato a vice-governador em 2018, Pacheco é um grande aliado de Castro, cujo governador foi assessor do seu irmão no início de sua carreira política e essencial para sua trajetória na politica, tanto é que como gratidão e respeito, indicado por ele assumiu uma vaga vitalícia como conselheiro do Tribunal de Contas do Estado.

BELFORD ROXO no Divã: Paradoxos e Desafios de um Município em Transformação

BELFORD ROXO encontra-se imerso em um processo contínuo de transformação e desafios. Desde seu povoamento no século XVII, marcado pela presença dos índios Jacutingas, até sua emancipação em 1990, a cidade tem navegado pelas águas da história, deixando um legado indelével na região da Baixada Fluminense.

A emancipação de BELFORD ROXO em 1990, foi um marco na sua trajetória, remete ao brocardo jurídico "Ubi societas, ibi jus" (Onde há sociedade, há direito), refletindo a aspiração dos cidadãos por autodeterminação e governança própria.

Contudo, a história de BELFORD ROXO é também uma narrativa de contrastes. Enquanto o município se orgulha de ser o sétimo mais populoso do estado do Rio de Janeiro e de possuir um dos maiores valores de PIB estadual, enfrenta paradoxos significativos. A renda per capita, uma das mais baixas do estado, junto a um Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de 0,684, revela uma realidade de desigualdades e desafios socioeconômicos.

Comparativamente, ao lado de cidades como Niterói e Petrópolis, BELFORD ROXO evidencia disparidades em infraestrutura e serviços básicos, uma situação que clama por intervenções estratégicas e políticas públicas eficazes. Este cenário evoca o princípio "Justitia est fundamentum regnorum" (A justiça é a base dos reinos), destacando a justiça social como pilar para o desenvolvimento sustentável e harmonioso.

Diante dos desafios e das conquistas, BELFORD ROXO se mantém firme, guiada pelo princípio "Audaces fortuna iuvat" (A sorte favorece os audazes). E com a era de sucesso dos novos governantes a cidade, está em um ponto de inflexão, buscando equilibrar seu rico legado histórico com a necessidade premente de desenvolvimento social e econômico inclusivo.

A Ruptura WAGUINHO-CANELLA: Fim de uma Era ou Estratégia Política em BELFORD ROXO?

A cidade, conhecida como "Formigueiro humano" devido à sua densidade populacional, com cerca de 450 mil habitantes, abriga a escola de samba Inocentes de BELFORD ROXO, que virou um símbolo da atual divisão dos belford-roxenses, quando na Sapucaí seu presidente externou seu apoio a Canella contra Waguinho, para o mundo inteiro ouvir.

A disputa entre Waguinho e Canella, que passou de uma aliança para uma rivalidade, reflete a natureza volátil das relações políticas.

A decisão de Waguinho de apoiar Lula, divergindo da base conservadora da Baixada, e a fidelidade de Canella a Bolsonaro, demonstram como as escolhas políticas podem redefinir trajetórias e alianças.

Waguinho e Canella estiveram juntos na Criação do União Brasil e a dupla fez a maior votação de Deputado Estadual e Deputado Federal do estado, assumindo protagonismo no União Brasil estadual e Nacional, ocorre que de repente a dupla dinâmica Prefeito e vice-prefeito, romperam laços após alcançarem o auge da carreira política juntos, mediante a polarização Lula x Bolsonaro.

 Waguinho foi na contra mão do logico, e declarou suporte a Lula, ganhando destaque nacional e virando a estrela de Lula no estado do Rio, que passou a ter uma base na baixada, reduto que era dominado somente por Bolsonaristas, tal fato foi essencial  para campanha de Lula ganhar força no estado do Rio, inclusive após vitória como gratidão Lula consagrou sua esposa a primeira ministra da baixada fluminense e trazendo dezenas de programas de governo federal, que antes inexpressivos em Belford Roxo. Adiante por causa da suposta divergência com Canella, Waguinho deixou o União e assumiu o Republicanos, perdendo o Ministério, mas expandindo seus tentáculos e influencia pelos 92 municípios do Estado.

Por outro lado Marcio Canella manteve fidelidade a Bolsonaro e junto com o Presidente da Alerj que ajudou a eleger Bacellar virou o querido de Claudio Castro, nomeando secretários e cargos estratégicos no estado e também expandindo sua força politica através do União Brasil por todo o território do Estado, chegando a vice-presidência Nacional do União Brasil.

Já existem os que acreditam na teoria da conspiração, e dizem que o rompimento politico de Canella e Waguinho é mera estratégia política, o famoso dividir para somar e que no fundo continuam amigos, e a disputa em Belford Roxo é para polarizar e não deixar ou grupos políticos crescerem em seus redutos. Será? Mentira ou verdade, Assis candidato do PSB , única alternativa colocada fora do antigo grupo que venceu as eleições passadas, ocupa a terceira posição segundo enquetes internas no município.

Carreira política de Waguinho              

Começou a trabalhar na Câmara dos Vereadores de Belford Roxo como faxineiro. Foi aprovado em concurso e designado como assessor para a presidência da Câmara.

Em 2008, foi eleito vereador pelo Partido Renovador Trabalhista Brasileiro com um total de 5 413 votos, sendo o mais votado da história da cidade até então. Logo no começo do seu mandato, foi eleito Presidente da Câmara Municipal.

Casou-se com Daniela de Souza Mothé Carneiro, sua primeira e única namorada, em 1999,[carece de fontes] com quem teve dois filhos — Nathan e Calebe.

Publicou um livro de autopromoção, De faxineiro a presidente, minha luta por Belford Roxo, contando sua história de ascensão política a partir da pobreza.

Candidatou-se a deputado estadual em 2010, se elegendo com 34 820 votos. Foi reeleito em 2014 com 53.835 votos pelo PMDB. Foi quando se tornou presidente da Comissão Permanente de Minas e Energia na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro e se tornou vice-líder do PMDB.

Se candidatou à prefeitura de Belford Roxo pela primeira vez em 2012, quando chegou ao segundo turno, mas foi derrotado por Dennis Dauttmam (PCdoB).

Na eleição de 2016, concorreu pela segunda vez e conseguiu se eleger se consagrando prefeito no segundo turno com 56,99% (117 352 votos). Waguinho chegou a ter a vitória proclamada ainda em primeiro turno, mas, em 10 de outubro de 2016, o TRE-RJ determinou a realização do segundo turno após deferir através de recurso a candidatura de seu oponente, o também deputado estadual Deodalto José Ferreira (DEM).

Ao assumir a prefeitura, Waguinho exonerou mais de dois mil funcionários, numa tentativa de conter gastos. A imprensa destacou, no entanto, que tanto sua esposa quanto os funcionários da sua pasta foram mantidos. O prefeito decidiu parcelar os salários atrasados dos funcionários públicos, para conseguir garantir seu pagamento.

Em novembro de 2017, a primeira-dama, Daniela Carneiro, foi nomeada para a Secretaria de Assistência e Cidadania, enquanto a irmã do prefeito, Fabiane dos Santos Carneiro, foi nomeada para a Secretaria de Proteção aos Animais.

Em março de 2018, Waguinho e seu vice tiveram os diplomas eleitorais cassados por caixa dois. Durante as eleições de 2018, Waguinho recebeu voz de prisão pelo crime de boca de urna; o prefeito fugiu do local e não foi preso, já que não foi expedido nenhum mandado de prisão.

Waguinho aliou-se a primeira vez com o Partido dos Trabalhadores durante as eleições de 2020. Várias tendências menores do PT foram contrárias à aliança, preocupadas especialmente com possível eleição de Benedita da Silva à prefeitura do Rio. A decisão de aliança com Waguinho foi afinal aprovada no PT em agosto, por 29 votos a 25 (com onze abstenções). Washington Quaquá, o principal apoiador da aliança, respondeu críticas internas dizendo que: "A política brasileira é absolutamente contraditória. A base da sociedade é pura contradição. […] Essa turma [do PT] que é contra adora teorizar a Baixada tomando chope em Ipanema".

Na eleição municipal de 2020, Waguinho se tornou o primeiro prefeito reeleito da história de Belford Roxo, ao obter 80,40% dos votos válidos (162 720 votos), sendo o mais votado da região metropolitana do Rio de Janeiro.

Em 2023 após ajudar a sua esposa e seu vice a serem o mais votados no estado, declarou apoio ao PT que o apanhou em 2020, e venceu as eleições com Lula.

Em 29 de outubro de 2023, Clayton Damaceno, um aliado de Waguinho e pré-candidato a vereador, foi assassinado em Queimados. Segundo o Metrópoles, Waguinho teria avisado o governo Lula que temia por sua vida e pedido por proteção.

Waguinho deixa a presidência do União Brasil para Canella e assume o partido Republicanos, chegando a tirar fotos de reconciliação com Canella.

Mas não demorou muito com divergência sobre a sucessão, em dezembro, Waguinho invadiu uma sessão da Câmara de Vereadores na qual seriam vereadores da oposição seriam eleitos para a Mesa Diretora. Durante a confusão, Waguinho deu um tapa em um homem.

O Supremo Tribunal Federal, por meio de uma liminar do ministro André Mendonça, suspendeu a sessão e determinou nova eleição. Em nota de sua assessoria ao G1, o prefeito diz ter ido à Câmara para "para fazer um balanço de como foi o exercício de 2023 e mostrar os avanços ocorridos no município", quando surpreendido com as agressões e injúrias: "Sem alternativa, o prefeito reagiu à injusta agressão enquanto objetos eram arremessados em sua direção. Waguinho sustenta que não agrediu nenhuma pessoa no recinto."

Em seu segundo mandato consecutivo, Waguinho não poderá participar da eleição de 2024, mas apoiará seu sobrinho, Matheus Carneiro, como sucessor.

Carreira política de Márcio Canella

Márcio Correia de Oliveira, filiado ao União Brasil (UNIÃO). Está no terceiro mandato como deputado estadual do Rio de Janeiro.

Em 2012, Márcio Canella foi eleito vereador de Belford Roxo com 5.683 votos, sendo o mais votado no pleito.

Elegeu-se deputado estadual no Rio de Janeiro em 2014, para a legislatura de 2015–2019, pelo Partido Social Liberal, com 34.495 votos.

Em 2016, foi eleito vice-prefeito de Belford Roxo, junto a Waguinho. Obtiveram o primeiro lugar no primeiro turno, com 102.777 votos e venceram no segundo turno com 117.352 votos.

Em março de 2018, ele e Waguinho tiveram seus diplomas cassados pelo Tribunal Regional Eleitoral por irregularidades na campanha eleitoral.

Em 2018, reelegeu-se deputado estadual para a legislatura 2019–2023 pelo MDB com 110.167 votos, o segundo mais votado para este cargo. Em 2022 obteve um terceiro mandato para a legislatura 2023–2027 pelo União Brasil, recebendo a maior votação no estado com 181.274 votos.

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A saga política de Belford Roxo, uma cidade que se transformou em um divisor de águas na política fluminense, é uma história repleta de reviravoltas, alianças inesperadas e desafios contínuos.

A história política da cidade é também uma história de contrastes e paradoxos. Apesar de ser uma das cidades mais populosas e economicamente significativas do estado do Rio de Janeiro, Belford Roxo luta contra desigualdades profundas e desafios socioeconômicos, refletindo a complexidade de equilibrar crescimento econômico e justiça social.

A política de Belford Roxo, com suas histórias de superação, alianças e desafios, serve como um microcosmo da política brasileira. A cidade, com sua rica história e desafios atuais, continua a ser um palco importante para as reviravoltas políticas do estado do Rio de Janeiro.

A saga de Belford Roxo não é apenas uma crônica política; é uma ode à capacidade humana de enfrentar adversidades, adaptar-se e avançar. É um convite à reflexão sobre como, em meio às tempestades, a comunidade e seus líderes podem encontrar a luz da transformação e seguir em frente, sempre guiados pela esperança de dias melhores.

Por Ralph Lichotti

Com informações de Felipe Estruch (Paquito de Belford Roxo)

 

 

 

Por Ultima Hora em 10/04/2024
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