Retrospectiva 2024 - 05 Revelações Científicas que prometem impactar a saúde

Retrospectiva 2024 - 05 Revelações Científicas que prometem impactar a saúde

Foi um ano empolgante de descobertas para a medicina. A rápida evolução das IAs fez com que muitas equipes de pesquisadores fizessem novas descobertas, desde desenvolvimento de produtos farmacêuticos até aplicações para assistência médica e pesquisas ambientais. Além disso, houve muitas outras descobertas fascinantes na biologia e na ciência médica. Por exemplo, os cientistas desenvolveram novas vacinas com a tecnologia de RNAm e conseguiram a reversão do diabetes tipo 1 após transplante, um feito inédito.

Vacinas revolucionárias para o Câncer – Ao longo de todo o ano de 2024, diversos grupos de pesquisadores de vários países anunciaram vacinas baseadas na tecnologia de RNAm para combater o câncer. Essas vacinas fornecem informações para ensinar o sistema imunológico do paciente a encontrar e destruir as células cancerosas, eliminando as chances de uma recidiva e até mesmo a própria doença. Os primeiros resultados foram animadores e os ensaios clínicos continuam ao redor de todo o mundo.

Exame de sangue para detecção de Alzheimer – Apesar de extensivamente estudado, ainda não existe um teste de triagem para detectar o Mal de Alzheimer e o diagnóstico definitivo é caro e invasivo, exigindo uma amostra de líquido cefalorraquidiano e um exame PET do cérebro. Mas, em 28 de julho de 2024 foi descrito no Journal of the American Medical Association, um exame de sangue que poderia prever melhor o diagnóstico da doença. O novo teste, denominado PrecivityAD2, mede a proporção dos biomarcadores da doença de Alzheimer no sangue, através de espectrometria de massa, o que torna o teste caro. Embora a ferramenta não possa ser usada para o teste de triagem antes do surgimento dos sintomas, pode colaborar no diagnóstico mais precoce, o que significa um tratamento também precoce e mais chances de melhor prognóstico. O teste já está disponível nos laboratórios.

Ferramenta de IA que analisa mamografias em busca de tumores. MIA, como é chamada, é utilizada em hospitais britânicos para analisar mamografias e colabora na identificação de pequenos indícios de câncer de mama que passaram despercebidos durante a análise dos médicos. Após analisar cerca de 10 mil mamografias, MIA conseguiu identificar com sucesso todos os pacientes que apresentavam indícios, incluindo 11 pacientes que haviam passado desapercebidos pelos médicos, mas foram tratados e salvos graças a MIA. Esses resultados refletem o enorme potencial das IAs para colaborar e potencializar o diagnóstico médico.

Mapeamento do cérebro da mosca-das-frutas – Em outubro foi a vez do mapeamento do cérebro da Drosófila adulta. Os pesquisadores já haviam completado os conectomas de um verme simples, com 300 neurônios, e de uma larva, com 3 mil, mas em 02 de outubro, pesquisadores do Laboratório de Biologia Molecular do MRC/Universidade de Cambridge, em conjunto com a universidade estadunidense de Princeton, dentre outras, publicaram na Nature a finalização do conectoma completo do cérebro adulto de uma fêmea da mosca das frutas, com aproximadamente 140 mil neurônios.  

A disponibilidade de um conectoma permite que circuitos que abrangem o cérebro sejam mapeados e vinculados à dinâmica e ao comportamento do circuito. Os pesquisadores identificaram circuitos separados para muitas funções individuais e demonstraram como eles são conectados entre si. Esse mecanismo de conexão é a base para compreender como o cérebro funciona. A pesquisa é realizada pelo grupo de cientistas do Consórcio FlyWire.

Tratamento com Células Tronco – Para fechar a lista, não poderíamos deixar de fora os mais de 100 ensaios clínicos desenvolvidos por todo o mundo, que exploram o potencial das células-tronco para substituir ou suplementar tecidos em doenças debilitantes ou fatais, incluindo câncer, diabetes, epilepsia, insuficiência cardíaca, Parkinson, dentre outras.

Os ensaios clínicos foram promissores, destacando-se a inédita reversão da diabetes tipo 1 de uma mulher através de transplante de células tronco. Os resultados de um ano do ensaio clínico foram publicados na Cell de 31 de outubro e são realmente impressionantes. Os pesquisadores chineses coletaram células do tecido adiposo da paciente e trataram quimicamente essas células, induzindo-as a uma transformação para um estado pluripotente, a partir do qual elas poderiam se transformar em qualquer tipo de célula do corpo. Então os pesquisadores usaram essas células-tronco pluripotentes induzidas quimicamente (da sigla em inglês, iPSC) para gerar aglomerados de células semelhantes à Ilhotas (CiPSC), que produzem a insulina. Depois, essas ilhotas foram transplantadas através de injeção guiada por ultrassom na bainha do reto abdominal anterior da paciente, que, após dois meses e meio, já produzia insulina suficiente para viver sem a necessidade de injeções periódicas suplementares. Os resultados são animadores e podem revolucionar o tratamento de diabetes tipo 1 nos próximos anos.

Profª. Drª. Adriana Pedrenho

Departamento de Ciências Fisiológicas, UFRRJ

Idealizadora da Nave Química Fisiológica

 

 

Por Ultima Hora em 31/12/2024
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