Revelações da Operação Última Milha expõem perseguições e monitoramentos ilegais durante o governo Bolsonaro

 Revelações da Operação Última Milha expõem perseguições e monitoramentos ilegais durante o governo Bolsonaro

Recentes desdobramentos da Operação Última Milha da Polícia Federal (PF) trouxeram à tona um escândalo de espionagem e perseguição que abala a confiança em instituições públicas brasileiras. Jornalistas, servidores públicos e figuras opositoras ao governo Bolsonaro se dizem perplexos com as revelações da chamada 'Abin Paralela', um esquema que usava a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para monitorar e perseguir opositores.

A Operação Última Milha: Prisões e Acusações

Na segunda fase da Operação Última Milha, realizada na última quinta-feira (11), cinco pessoas foram presas: o policial federal Marcelo Bormevet, o sargento do Exército Giancarlo Rodrigues, os influenciadores Richards Pozzer e Rogério Beraldo de Almeida, e o ex-assessor de comunicação da Presidência Matheus Sposito. Segundo a PF, houve uso ilegal da Abin para alimentar uma campanha de desinformação contra diversas figuras públicas.

A 'Abin Paralela' e Suas Táticas

Conforme investigações, influenciadores como Pozzer e Beraldo disseminavam notícias falsas baseadas em informações fornecidas pela Abin. As vítimas incluíam ministros do STF, senadores da CPI da Covid, jornalistas e agências de checagem de notícias. A 'Abin Paralela' também enviava dados pessoais dos opositores do governo para influenciadores bolsonaristas, promovendo uma campanha de ataques e desinformação sistemática.

O Caso do Sleeping Giants

O coletivo Sleeping Giants, conhecido por suas campanhas contra fake news e discursos de ódio, foi alvo significativo desse monitoramento. Desde novembro de 2020, seus fundadores, Leonardo Leal e Mayara Stelle, sofreram perseguições intensas, incluindo ameaças e divulgação de dados pessoais. Em janeiro de 2021, Richards Pozzer atacou o casal nas redes sociais com informações supostamente extraídas pelo sistema First Mile, utilizado pela Abin para rastrear localização de celulares.

Impacto nas Vítimas

Leonardo Leal e Mayara Stelle enfrentaram uma mudança forçada de cidade e a necessidade de adotar medidas de segurança devido às ameaças recebidas. O jornalista Leandro Demori, alvo de monitoramento por sua atuação no The Intercept Brasil, precisou intensificar a segurança familiar e até mudou-se para a Itália temporariamente.

Repercussão e Reações

A operação expôs um sistema de espionagem e perseguição que abalou a confiança nas instituições brasileiras. Famílias de autoridades monitoradas sentiram revolta e insegurança. Mônica Bergamo, jornalista da Folha de S.Paulo, expressou "incredulidade completa" ao saber dos detalhes do relatório, que revelava uma tentativa de vinculá-la falsamente a Adélio Bispo, autor da facada em Bolsonaro.

As revelações da Operação Última Milha destacam um período sombrio de uso ilegal de instituições públicas para fins de perseguição política e desinformação. A investigação da PF continua, buscando esclarecer todos os envolvidos e as reais dimensões desse esquema, enquanto as vítimas tentam reconstruir suas vidas e recuperar a sensação de segurança e justiça.

Nota da Defesa

Em resposta às acusações, a defesa de Richards Pozzer nega qualquer perseguição ou envolvimento com autoridades e militares, alegando que ele apenas realizava pesquisas públicas sobre agentes públicos em seu tempo livre. Contudo, o relatório da PF contradiz essa afirmação, mostrando várias trocas de mensagens entre Pozzer e Giancarlo Rodrigues da Abin.

As investigações ainda estão em curso, e novos desdobramentos são esperados nos próximos meses. A sociedade brasileira acompanha atentamente, esperando que a justiça seja feita e que tais abusos não se repitam no futuro.

Fonte: UOL

 

Por Ultima Hora em 19/07/2024
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