Rio Scenarium comemora 25 anos de muita música, arte e história nas noites cariocas

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Rio Scenarium comemora 25 anos de muita música, arte e história nas noites cariocas

Um dos points mais conhecidos da noite carioca na Lapa, o famoso Rio Scenarium, festeja seus 25 anos neste final de 2024, com uma programação especial que envolve muita música, como sempre, elegância e vibração. Localizado à Rua do Lavradio, nº 20, no Centro da cidade, têm se fixado como um dos mais longevos espaços de ponto de encontro de diversas gerações.

A comemoração terá seu ponto alto na noite de 14 de dezembro, um sábado, que promete ser inesquecível e que contará com a presença da bateria da Portela, shows de Thais Macedo e Noca Neto, além da presença luxuosa de Noca da Portela, um dos pilares do samba carioca.

O trio de sócios do Rio Scenarium, Plínio Fróes, Nelson Torzecki e Evandro Manoel, não para de investir na cultura da cidade. Acabam de reabrir a Galeria Scenarium, na mesma rua do Lavradio, em que também já comandam dois restaurantes de comida brasileira, o Mangue Seco e o Santo Scenarium. A galeria, que funciona aos sábados, estava fechada desde a pandemia e voltou com quatro exposições que têm atraído grande público, sem cobrança de ingressos. Entre as exposições, a primeira mostra de quadros de Jorge Sélaron, o artista chileno que cobriu de azulejos a escadaria que liga a Lapa a Santa Tereza, que leva seu nome e que se tornou patrimônio imaterial da cidade, mundialmente conhecido.

Música, culinária e artes

No térreo da galeria, está também a exposição individual “É você que me vê”, do artista plástico Charles Barreto, com assemblages e telas de grande impacto. No segundo piso, a mostra “Azul Cobalto, Azulejos e Memórias”, com mais de 600 azulejos do acervo de Nelson Torzecki, com peças dos séculos XVI (correspondente aos anos de 1501 a 1600) ao 20 (que corresponde ao período de 1901 a 2000). No terceiro piso, a coletiva de cinco grandes artistas: os mineiros Andrea Vasconcelos, Giancarlo Scapolatempore e Pompeia Scapolatempore, além de Brígida de Murtas e Edna Schonblum.

Plínio Fróes, aos 68, é um entusiasta das comemorações pelos 25 anos do Rio Scenarium. E com esse espírito de celebração que ele tem dedicado todas as quartas-feiras da casa ao público que aprecia a tradição das gafieiras. O requinte da dança de salão embala casais de todos os tipos e charmes, ao som de bandas que trazem o glamour dos metais para a pista.


 
“O Rio Scenarium é, desde os primeiros dias, um lugar de encontros e alegrias. Temos a certeza de que a cultura brasileira e o tempero carioca são ingredientes poderosos para fazer as pessoas vibrarem. Que venham mais 25 anos, com diversidade, elegância e descobertas”, comemora Plínio.

A casa, que funcionava desde 1990 como antiquário e locadora de móveis e objetos antigos para cenários do cinema, teatro e TV, quando foi criado um festival, homenageando Ariano Suassuna e sua obra, no início dos anos 2000. O palco e o bar que se tornaram um centro das noites do Rio nas três décadas seguintes. O escritor abrilhantou o evento e, até hoje, o terceiro andar do casarão do século 19 é chamado de Espaço Ariano Suassuna, em sua homenagem. Em todos os andares, há o equilíbrio do bom gosto com o glamour de diferentes épocas e ambientes da cidade.  

O sucesso do Pavilhão da Cultura, como passou a ser chamada a casa noturna, animou a revitalização das ruas próximas da Lapa, estimulando a abertura de vários outros estabelecimentos que fortaleceram a vocação do bairro como ponto de atração para visitantes e moradores da cidade. E histórias de visitantes, com várias celebridades, não faltam nas noites do Rio Scenarium.

Como a visita de John Travolta, em fevereiro passado, mês em que o astro completou 70 anos. Ou as vindas feéricas dos estilistas Calvin Klein, Valentino Garavani, Domenico Dolce e Stefano Gabbana. Ou a comemoração dos 90 anos do filósofo francês Edgar Morin, tão feliz pela festa que retornou no ano seguinte para festejar mais um aniversário e brilhou na pista - hoje ele tem 103. As presenças internacionais envolvem até a nobreza européia, como a do príncipe Albert II de Mônaco e da atriz italiana e princesa de linhagem austríaca, Ira Von Fustenberg. Ou da baronesa Hèlene Ludinghausen, que dirigiu a grife Yves Saint Laurent e é descendente dos aristocratas russos Stroganoff, criadores do famoso prato que alegra as mesas brasileiras. Noites com personalidades tão diversas quanto Matt Dillon, Sting, Laura Pausini, Will Smith (que se apresentou cantando no palco), Milton Nascimento, Ney Matogrosso, João Donato, Roberto Menescal, Hermeto Pascoal e Oscar Niemeyer, entre tantas outras que fizeram e participaram da história do Rio Scenarium. Tanto que foi eleito um dos 10 melhores bares do mundo pelo jornal inglês The Guardian

No ano passado as noites da casa ganharam a companhia do Dolores Clube, dedicado ao Jazz, MPB e Bossa Nova, que se comunica com o espaço original por meio de uma passarela. O Dolores tem se firmado com uma pegada mais intimista, em que o público comparece para apreciar a performance dos artistas e reviver o clima chique de um ambiente de boa música e comida contemporânea.

Lavradio: as noites cariocas na História
 
Em meio às comemorações pelos 25 anos do Rio Scenarium, Plínio Fróes gosta de lembrar que o espírito festivo e de polo cultural faz parte da rua do Lavradio desde o século 18, quando a via foi aberta em 1770 para abrigar a residência do vice-rei do Brasil, Luiz de Almeida Soares. O nobre português transformou sua residência em um centro de convivência, com festas e recepções, numa nova tendência que faria sucesso na então pacata capital da colônia portuguesa.
 
Luiz, que viera de Lisboa com o título de Marquês do Lavradio, não poderia imaginar que na sua rua, no século 21, teria vizinhos tão animados, apaixonados pela arte de receber e celebrar a vida.

 

*Todas as imagens utilizadas na matéria foram gentilmente cedidas pelo estabelecimento Rio Scenarium / Divulgação. 

 

 

Por Ultima Hora em 04/12/2024
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