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Os riscos energéticos de abastecimento que recentemente vivenciamos pelo baixo-nível de acumulação hídrica em reservatórios em conjunto com a crescente dependência de expansão de geração térmica e pelo gás importado (GNL) e até pelo gás nacional com custos elevados e dolarizados, impactando não só os valores de investimentos (CAPEX), mas o custo operacional (OPEX), serão mitigados e melhor atrelados aos custos locais com o uso da energia nuclear e nesse sentido é correto o Plano Decenal de Expansão de Energia - 2031 sob Consulta Pública, apresentar a implantação de uma nova Planta Nuclear no país.
Uma nova usina nuclear também traz outros ganhos, conforme o Capítulo 3.6, pois contribui também para escala da verticalização de domínio do ciclo nuclear para a geração elétrica no país, e também para suportar o domínio em outras áreas de aplicação nuclear como na saúde, agricultura e até em sistemas de propulsão, como nos submarinos em construção pela Marinha em Itaguaí.
O cenário atual para uma nova usina na sugestão do Plano Decenal de Expansão de Energia - 2031 para comentário em Consulta Pública, portanto, é positivo, pois já foi superado, em muito, o discurso da reação ambiental que existia no passado, já que a geração de energia nuclear não emite gases que afetam o clima e a atmosfera, que é atualmente o maior agravante ambiental no cenário internacional. Assim, nesse contexto importante de verticalização de ciclo nuclear, e também estratégico para o Brasil que possui as maiores reservas de minério de urânio do mundo, em especial em Caetité, na Bahia
Como fator de contribuição, que favorece tal investimento através de grandes investimentos o país também desenvolveu a produção do combustível nuclear em uma moderna fábrica da Industriais Nucleares Brasileiras (INB), em Resende, no sul do estado do Rio de Janeiro, favorecendo a escala e a logística de suprimento ao complexo de geração nuclear, já instalado em Angra dos Reis. Além disso há também a disponibilidade de uma grande fábrica de equipamentos nucleares em Itaguaí, também no estado do Rio de Janeiro que é a NUCLEP.
Da mesma forma, o complexo formado por Angra I, Angra II e Angra III que está em construção, ainda possui espaço físico no seu site de arranjo para receber uma nova usina nuclear, o que barateará toda a geração e os custos fixos, como os de logística e em especial os de segurança e de escoamento populacional em caso de crises e que torna viável implantar esse sistema de geração nos prazos previstos no Plano Decenal até 2031 sob Consulta Pública, portanto, é importantíssimo desde já sinalizar essa microlocalização pois seria a única forma de torná-la viável nos prazos estabelecidos no Plano Decenal sob consulta pública.
Como outro argumento favorável, em Angra dos Reis, que virará um cluster de geração nuclear que trabalha com sistemas de refrigeração por água do mar, ao contrário de outros locais, especulados especialmente no interior do país, que colocariam sob risco recursos hídricos fluviais também utilizados para consumo humano e agricultura, dificultando extremamente o processo de licenciamento ambiental e logicamente com impacto nos custos para mitigar esses riscos.
Como outra vantagem, a instalação da sede da futura Agência Nacional de Segurança Nuclear - ANSN e a manutenção da CNEN – Comissão Nacional de Energia Nuclear no Rio de Janeiro, também favorecem institucionalmente a localização desse complexo nuclear integrado no estado do Rio de Janeiro.
Na mesma linha de reforço institucional do Estado do Rio de Janeiro, para localizar o novo empreendimento de geração nuclear, de sermos a localização do Escritório Administrativo da empresa que herdará a gestão dos ativos da Eletrobras em sua eventual privatização, como a Eletronuclear, o que também favorece a localização da quarta usina no Rio de Janeiro, em Angra dos Reis.
É importante portanto ter uma nova usina térmica no subsistema elétrico interligado Sudeste/Centro-oeste e o Plano Decenal sob Consulta Pública, acertar, já que é o principal centro de demanda do país e é o mais fragilizado em flutuações de reservatórios de hidrelétricas e a disponibilidade de espaços em linhas de transmissão não só no Sul Fluminense, mas em outros links de conexão como do linhão da State Grid, em Paracambi, que liga o norte ao sudeste do país, o que coloca o sul do estado do Rio de Janeiro em especial Angra dos Reis em uma condição geoelétrica imbatível com outros pontos do país além de mitigar riscos no cronograma de implantação que serão inviáveis em outros locais no prazo de 2031.
Na área de recursos humanos para a concentração e operação da nova usina o Rio de Janeiro, não só pelo seu notável parque de formação de pessoal de nível médio e superior se destacando a formação tradicional em Engenharia Nuclear, pela Escola Politécnica da UFRJ, e os excelentes cursos pós-graduação na COPPE e IME. Além disso, há um contingente de pessoal disponível que já atuou em outros empreendimentos como Angra I, II e III, mais a mão-de-obra oriunda de estatais como Eletronuclear, INB, CNEN, IRD, IEN e NUCLEP, entre outros. O Rio de Janeiro também abriga as sedes mais importantes e atuantes entidades representativas do setor como a ABDAN e a ABEN como reforços institucionais importantes.
(*) *WAGNER VICTER é Engenheiro, Administrador, Ex-Secretário de Estado de Energia, Indústria Naval e do Petróleo e Ex-Conselheiro do CNPE*
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