Rússia diz que 'adesão da Ucrânia à Otan é inaceitável' em reunião com os EUA para discutir guerra

Encontro em Riade, na Ar

Rússia diz que 'adesão da Ucrânia à Otan é inaceitável' em reunião com os EUA para discutir guerra

O ministro das Relações Exteriores da Rússia , Sergei Lavrov, senta-se ao lado do conselheiro de política externa do presidente russo Vladimir Putin, Yuri Ushakov — Foto: REUTERS/Evelyn Hockstein/Pool

Autoridades dos Estados Unidos e da Rússia estão reunidas nesta terça-feira (18) na Arábia Saudita para falar sobre a guerra na Ucrânia.

O encontro marca primeira discussão oficial entre os dois países sobre um acordo para o fim do conflito e ocorre menos de uma semana após os presidentes dos EUA e da Rússia, Donald Trump e Vladimir Putin, falarem pelo telefone e concordarem em iniciar "imediatamente" as negociações pelo fim do conflito.

Como as tratativas ocorrem sem a presença de um representante ucraniano, no entanto, são invalidadas pelo presidente Volodymyr Zelensky e também por líderes da Europa.

Durante o encontro, segundo a agência de notícias Reuters, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, reafirmou a posição do governo russo contra a promessa de adesão da Ucrânia à Otan.

A adesão da Ucrânia à aliança é inaceitável para a Rússia, mas uma simples recusa em aceitar o país também não é suficiente, afirmou ela.

"Uma recusa em aceitar Kiev na OTAN não é suficiente. A aliança deve repudiar as promessas de Bucareste de 2008. Caso contrário, esse problema continuará a envenenar a atmosfera no continente europeu", disse ela, referindo-se a uma cúpula em Bucareste, em abril de 2008.

Além da Ucrânia, na ocasião, a Otan também prometeu à Geórgia que o país se juntaria à aliança de defesa liderada pelos EUA, mas nenhum plano de como e quando isso ocorreria foi divulgado.

Zakharova ainda disse que a Ucrânia precisa retornar à posição adotada em sua declaração de soberania de 1990 em relação à União Soviética, na qual Kiev disse que se tornaria um estado permanentemente neutro, não participaria de blocos militares e permaneceria livre de armas nucleares.

"O que a Ucrânia precisa fazer é retornar às origens de seu próprio Estado e seguir a letra e o espírito dos documentos. Esta seria a melhor garantia de sua segurança", disse ela, acrescentando que nem a adesão à Otan nem a intervenção ocidental "sob o disfarce de um contingente de manutenção da paz" poderiam dar à Ucrânia tal segurança.

De acordo com a agência de notícias TASS, a reunião entre a Rússia e os Estados Unidos durou entre quatro e cinco horas. O assessor de política externa do presidente russo,Yuri Ushakov, disse que "as negociações correram bem" e que é improvável que o encontro entre Trump e Putin aconteça já na semana que vem, mas que ele irá ocorrer.

À Reuters, o chefe do fundo soberano da Rússia, Kirill Dmitriev, disse que as delegações russa e norte-americana começaram a ouvir uma à outra, mas é muito cedo para falar sobre compromissos:

"Podemos dizer que as partes começaram a se comunicar, começaram o diálogo".

Autoridades dos EUA, Rússia e Arábia Saudita reunidas em Riade em 18 de fevereiro de 2025. — Foto: Evelyn Hockstein/Pool Photo via AP

Autoridades dos EUA, Rússia e Arábia Saudita reunidas em Riade em 18 de fevereiro de 2025. — Foto: Evelyn Hockstein/Pool Photo via AP

A reunião é um marco na reversão da política de isolamento da Rússia aplicada pelo governo dos EUA desde a invasão russa em território ucraniano, em 2022.

A reunião também tem como objetivo tratar sobre a restauração das relações bilaterais entre EUA e Rússia e a preparação de um encontro entre o Trump e Putin, segundo o Kremlin. A presidência russa afirmou nesta terça-feira que espera que a reunião desta terça dê maior perspectiva sobre o possível encontro entre os presidentes.

Do lado americano, secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, lidera a delegação e representa Trump nas conversas. Também participam o enviado especial de Trump para assuntos no Oriente Médio, Steve Witkoff, e o assessor de segurança nacional Mike Waltz.

Do lado russo, o ministro russo das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, e o assessor de política externa da presidência russa, Yuri Ushakov, representam o presidente Putin.

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse na segunda-feira (17) que não participará do diálogo entre Estados Unidos e Rússia para discutir propostas para o fim da guerra na Ucrânia. Zelensky afirmou também que não aceitará essas propostas.

 

 

Durante a reunião entre as autoridades dos EUA e da Rússia, o Kremlin afirmou em coletiva de imprensa em Moscou que os países discordam em questões como a segurança da Ucrânia e alianças militares do país. A presidência russa também disse que não vai ditar questões relativas à soberania ucraniana.

O presidente ucraniano visitará a Arábia Saudita na quarta-feira (19), em agenda que já estava prevista antes do encontro bilateral EUA-Rússia ser anunciado.

A ligação entre Trump e Putin reverteu anos de política dos EUA, encerrando o isolamento de Moscou após a invasão da Ucrânia em 24 de fevereiro de 2022, e foi um choque à Europa, que agora se movimenta para não ficar de fora das negociações para um acordo de paz no conflito.

Fonte G1

Por Ultima Hora em 18/02/2025

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