Samamba Rock Mais Festival em Samambaia celebra a identidade roqueira de Brasília e busca reconhecimento nacional

A crítica construtiva ao Rock in Rio reflete um debate mais amplo sobre a identidade do rock e sua evolução ao longo do tempo. Isso levanta questões interessantes sobre autenticidade, tradição e inovação no gênero musical. Afinal, o que define o rock hoje em dia? Quais são os limites da experimentação e da fusão com outros gêneros?

O Última Hora entrevistaram Paulo Atos, organizador do festival Samamba Rock Mais, durante as celebrações do Dia do Rock em Brasília. O festival, que acontece há 27 anos em Samambaia, a cidade-satélite mais populosa do Distrito Federal, com cerca de 300 mil habitantes, tem se tornado um marco importante na cena cultural da região, promovendo não apenas a música, mas também debates sobre questões sociais relevantes. A escolha de Samambaia como palco do festival é estratégica, visando descentralizar o acesso à cultura e fortalecer a identidade local.

1. História e identidade do festival:
  • O Samamba Rock Mais foi criado em 1998, inicialmente para comemorar o aniversário de Samambaia. O nome "Samamba" é uma forma carinhosa de se referir à cidade, refletindo a identidade local e o orgulho de seus moradores.
  • O festival está em sua 27ª edição, demonstrando sua longevidade e importância para a comunidade. Esta continuidade é um testemunho do comprometimento dos organizadores, que enfrentam desafios como a captação de recursos e a burocracia, e do apoio da comunidade local, que comparece em massa a cada edição.
  • Ao longo dos anos, o festival se consolidou como um espaço de encontro para roqueiros de todas as idades e estilos, desde o rock clássico até o metal, o punk e o hardcore. Bandas locais e de outras regiões do país têm a oportunidade de se apresentar e divulgar seu trabalho.

2. Expansão e diversificação do projeto:

- Além do festival anual, o projeto agora inclui um podcast e um programa de rádio na Nativa FM 98,1, ampliando seu alcance e impacto. O podcast, disponível em plataformas como Spotify e Deezer, apresenta entrevistas com músicos, produtores culturais e outros personagens da cena rock de Brasília e do Brasil.
  • Estas plataformas adicionais permitem que o Samamba Rock Mais aborde temas como inclusão social, empoderamento feminino, educação e cultura de periferia, indo além da música e contribuindo para o debate social. Por exemplo, o programa de rádio pode dedicar um episódio para discutir a importância da representatividade feminina no rock, convidando musicistas e pesquisadoras para compartilhar suas experiências e perspectivas.

3. Compromisso com o legado cultural:

- Paulo Atos enfatiza que o objetivo do festival vai além do entretenimento, buscando deixar um legado duradouro para a comunidade. Isso inclui a formação de novos públicos para o rock e o incentivo à produção cultural local.
  • O projeto desenvolve trabalhos de políticas públicas e fomento à cena cultural local, contribuindo para o desenvolvimento social e cultural da região. Um exemplo concreto é a realização de oficinas de música e produção cultural para jovens de Samambaia, oferecendo a eles a oportunidade de aprender um instrumento, gravar suas músicas e produzir seus próprios eventos.

4. Brasília como capital do rock brasileiro:

- Atos reafirma a posição de Brasília como berço do rock nacional, lembrando a importância da cidade na cena roqueira dos anos 80, com bandas como Legião Urbana, Capital Inicial e Plebe Rude.
  • Ele menciona tentativas de outras cidades, como Rio de Janeiro e Curitiba, de reivindicar o título de "capital do rock", mas insiste que "a raiz é aqui" em Brasília, onde o rock surgiu como forma de expressão e resistência durante a ditadura militar.
  • A arquitetura modernista de Brasília, com seus espaços amplos e abertos, também contribuiu para a efervescência da cena rock local, proporcionando palcos improvisados e encontros espontâneos entre músicos e fãs.

5. Articulação nacional do rock:

- Paulo Atos revela seu envolvimento no Setorial Cultura Rock DF e no Setorial Cultura Rock Brasil, trabalhando para desenvolver políticas públicas para o gênero em nível nacional. O Setorial Cultura Rock Brasil, por exemplo, busca articular os diferentes atores da cena rock em todo o país, desde músicos e produtores até jornalistas e pesquisadores, para defender os interesses do setor e promover o desenvolvimento da cultura rock.

 

 

  • Ele defende a ideia de que cada estado poderia ter seu próprio dia do rock, reconhecendo as particularidades regionais da cena roqueira brasileira. Isso permitiria que cada estado celebrasse sua própria história e seus próprios artistas, fortalecendo a identidade local e regional do rock.

6. Busca por reconhecimento oficial:

- Há um movimento para que o rock seja reconhecido como patrimônio cultural do Brasil, destacando sua importância histórica e cultural para o país. Esse reconhecimento poderia abrir portas para a obtenção de recursos públicos e privados para o setor, além de fortalecer a imagem do rock como um importante elemento da identidade nacional.
  • Atos menciona Nora Ney, considerada a primeira roqueira brasileira nos anos 50, reconhecendo a contribuição histórica de diferentes regiões para o rock nacional. Nora Ney, com sua voz potente e suas letras ousadas, desafiou os padrões da época e abriu caminho para as futuras gerações de roqueiras brasileiras.

7. Crítica construtiva ao Rock in Rio:

- Paulo Atos faz uma crítica sutil ao Rock in Rio, sugerindo que o festival carioca está "perdendo a ideia do que é o rock" ao misturar diversos gêneros musicais. Ele argumenta que o Rock in Rio, ao se tornar um evento de entretenimento de massa, dilui a essência do rock e se distancia de suas raízes.
  • Ele reconhece a existência de uma lei que institui o Dia do Rock Brasileiro por conta do Rock in Rio, mas reafirma a importância de Brasília na história do rock nacional. A lei nº 13.460/2017, que institui o Dia Nacional do Rock, é um reconhecimento da importância do gênero para a cultura brasileira, mas Paulo Atos defende que Brasília merece um reconhecimento especial por sua contribuição histórica para o rock.

Esta entrevista com Paulo Atos destaca a importância do Samamba Rock Mais não apenas como um festival musical, mas como um projeto cultural abrangente que busca impactar positivamente a comunidade de Samambaia e contribuir para o reconhecimento do rock como parte fundamental da cultura brasileira. A longevidade do festival e sua expansão para outras mídias demonstram o compromisso dos organizadores com a cena cultural local e com o desenvolvimento de políticas públicas para o setor.

A defesa apaixonada de Brasília como a verdadeira capital do rock brasileiro reforça a identidade cultural da cidade e sua contribuição histórica para o gênero. Ao mesmo tempo, a articulação nacional mencionada por Atos sugere um movimento de unificação e fortalecimento da cena rock em todo o país, respeitando as particularidades regionais.

O Samamba Rock Mais se destaca por sua abordagem holística, que vai além da música para abordar questões sociais relevantes. Isso demonstra como eventos culturais podem ser plataformas poderosas para promover o debate e a conscientização sobre temas importantes para a comunidade.

A busca pelo reconhecimento do rock como patrimônio cultural brasileiro é uma iniciativa importante para preservar a história do gênero no país e garantir seu lugar na identidade cultural nacional. Isso pode ter implicações significativas em termos de políticas públicas e investimentos no setor cultural. Por exemplo, o reconhecimento do rock como patrimônio cultural poderia facilitar o acesso a linhas de financiamento específicas para projetos culturais relacionados ao gênero.

A crítica construtiva ao Rock in Rio reflete um debate mais amplo sobre a identidade do rock e sua evolução ao longo do tempo. Isso levanta questões interessantes sobre autenticidade, tradição e inovação no gênero musical. Afinal, o que define o rock hoje em dia? Quais são os limites da experimentação e da fusão com outros gêneros?

Por Robson Talber @robsontalber

Repórter Ralph Lichotti - Advogado e Jornalista, Foi Sócio Diretor do Jornal O Fluminense e acionista majoritário do Tribuna da Imprensa, Secretário Geral da Associação Nacional, Internacional de Imprensa - ANI, Ex- Secretário Municipal de Receita de Itaperuna-RJ, Ex-Presidente da Comissão de Sindicância e Conselheiro da Associação Brasileira de Imprensa - ABI - MTb 31.335/RJ

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Por Ultima Hora em 29/03/2025

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