Sambar é uma terapia: trabalhadores da saúde falam sobre a paixão pelo Carnaval

Sambar é uma terapia: trabalhadores da saúde falam sobre a paixão pelo Carnaval

Profissionais contam como o samba os ajuda a relaxar e dão dicas de com6o manter a saúde durante rotina de ensaios

A rotina da técnica de enfermagem do Hospital NotreCare, no Andaraí, Ana Lúcia Siqueira, de 55 anos, muda radicalmente com a proximidade do Carnaval. Desde outubro, ela alterna a jornada de trabalho com os ensaios na quadra do Salgueiro, localizada a poucos metros da unidade hospitalar. Nascida e criada na Tijuca, ela desfila na ala da comunidade da Vermelha e Branca, uma das mais tradicionais do Carnaval carioca.

“A curta distância entre a quadra e o hospital facilita o meu deslocamento, pois ambos ficam na mesma rua. É com grande satisfação que depois de um dia de trabalho troco o jaleco de técnica de enfermagem, profissão que exerço com muito orgulho, pela fantasia. Nessa hora, me divirto e esqueço do cansaço. Sambar é uma terapia”, diz Ana.

E tem médico no samba também. Divaldo Filho é coordenador da emergência do Hospital do Coração de Duque de Caxias (HSCOR) e da Unidade Avançada da Hapvida NotreDame, na Cidade Nova, bairro onde está localizado o Sambódromo, palco dos desfiles das escolas do Rio de Janeiro. A maratona carnavalesca do profissional de saúde tem início em maio, quando acontecem as disputas dos enredos das agremiações.

Qual será o segredo para conciliar o trabalho com os ensaios em duas escolas de samba? “A paixão indissociável pela medicina e pelo samba”, responde Divaldo, que, desde 2010, participa do Carnaval na Marquês de Sapucaí e, neste ano, desfilará pelo Salgueiro e pela Paraíso do Tuiuti.

E por falar em paixão, foi durante um desfile da Mocidade Independente de Padre Miguel, em cima de um carro alegórico, que o médico conheceu há dois anos o marido, Igor Ricardo, hoje, enredista do Salgueiro - responsável pela pesquisa de base para o desenvolvimento do enredo da escola de samba.

O clínico geral não perde um ensaio e lembra que já foi chamado algumas vezes para socorrer componentes que acabam se sentindo mal durante os eventos pré-carnavalescos, principalmente devido às altas temperaturas registradas no Rio de Janeiro nesta época do ano.

“Desidratação, pressão alta e hipoglicemia são alguns dos sintomas que mais afetam os foliões no calor. É importante beber muita água, comer alimentos leves e fazer uma pausa para o descanso antes dos ensaios e no dia do desfile”, recomenda Divaldo, que segue as referidas orientações para atravessar os 700 metros da Marquês de Sapucaí.

Além dos cuidados com a alimentação e a hidratação, o ortopedista Paulo Frederico de Carvalho, que comanda o pré-carnaval do grupo Samba da Quinzena, do qual é cavaquinista, alerta para os cuidados com a saúde dos pés durante a folia. 

“Depois de muitas horas sambando, os pés podem sofrer com fadiga muscular, sobrecarga articular, bolhas, calosidades e até lesões mais graves. As mulheres geralmente gostam de sambar com salto alto, o que não é aconselhável. O sapato deve ser o mais confortável possível, leve e baixinho”, completa o chefe da ortopedia do Hospital NotreCare, que lembra que a sua história de amor pelo samba teve início nos anos 80, por intermédio da família, que ouvia bambas como Martinho da Vila, Paulinho da Viola e Almir Guineto.

Por Ultima Hora em 27/02/2025
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