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Dois empregados planejam matar o patrão. Este é o ponto de partida do espetáculo teatral “Voz surda”, que fará temporada, de 1º de novembro a 06 de dezembro, às sextas e sábados de novembro, em diversos equipamentos do Sesc, no Rio e na Região Metropolitana da Cidade. Dentre elas estão as cidades de Niterói, São Gonçalo, Duque de Caxias, Valença e Campos. O SESC Ramos, recebe a primeira a apresentação nesta sexta-feira (1/11).
A montagem, idealizada e desenvolvida pela Cia Coletivo sem Órgãos, é uma dramaturgia autoral de Rodrigo de Todos os Santos, construída durante o processo de ensaio e livremente inspirada na peça “As criadas”, do dramaturgo francês Jean Genet (19.12.1910 a 14.04.1986).
No original de Genet, as duas criadas se revezam no jogo de imitar a patroa, e assim as forças de opressão vão migrando entre elas. A escolha do tema, não foi gratuita, pois as relações entre empregado e empregador, oprimido e opressor, ainda continuam muito atuais no país e criam chagas severas de indiferenças que reforçam o preconceito racial e de classe de maneira violenta.
“O espetáculo propõe discutir as relações e situações que o corpo preto-periférico encontra em ambientes de trabalhos subalternos, levando em consideração as situações cotidianas, vivenciadas por pessoas que prestam serviços em casas e outros ambientes em que existe uma relação de poder e opressão explícitos”, pontua Rodrigo de Todos os Santos, diretor do espetáculo.
O trabalho de pesquisa do espetáculo começou em 2018 e, em 2021, foi selecionado para representar o Sesc Engenho de Dentro na Mostra Sesc Regional Zona Norte, e em 2022, foi contemplado pelo FOCA, quando teve uma temporada de um mês no teatro Ruth de Souza, em Santa Teresa, alcançando aproximadamente 500 pessoas. NA peça, muitas reflexões presentes no palco, surgiram a partir da pesquisa sobre relações de trabalho. Livros como “A elite do atraso”, de Jessé Souza, e “O que é lugar de fala?”, de Djamila Ribeiro, e também foram fontes de pesquisa, já que os autores se propuseram a investigar a construção do subalterno ao longo do tempo.
O nome do espetáculo é inspirado no artigo “Pode o subalterno falar”, da filósofa indiana Gayatri Spivak. No estudo, Spivak explica que em muitos momentos, nas relações de trabalho, o patrão parece induzir o funcionário a dizer as questões que lhe incomodam naquele ambiente.
"O opressor cria formas para que essas insatisfações sejam ditas nos momentos convenientes a ele; entretanto, o que é dito não passa dos locais e das pessoas selecionadas pelo patrão. Dessa maneira, a voz do empregado é impedida de perpetuar, ou seja, o chefe cria uma falsa sensação de poder de fala, fazendo da voz de seu empregado uma voz surda" complementa Rodrigo, o autor.
"Sem órgãos", mas com poder de alerta pela arte
A Cia Coletivo Sem Órgãos, fundada em 2015 no Méier, Rio de Janeiro, busca explorar poéticas do cotidiano. Seu primeiro espetáculo, "Casulo de Fogo", circulou pelo Rio, Niterói e Minas Gerais, participando de festivais e recebendo prêmios e indicações. Em 2018, o grupo, formado por moradores do subúrbio carioca, iniciou uma pesquisa sobre corpos pretos, periféricos e espaços de afeto. Em 2019, apresentou "Perifa", premiada no festival GTA. Em 2020, a revista Moringa da UFPB publicou um artigo sobre “Casulo de Fogo”.
Ficha Técnica
Direção: Rodrigo de Todos os Santos e Tatiane Santoro
Produção: Ralph Campos (Revés Produções)
Elenco: João Mabial, Gustavo Alves e Marcos Paulo Oliveira
Iluminação: Luan de Almeida
Social Media: Caio César
Design: Franco Albuquerque
Assessoria de Imprensa: Alessandra Costa
Fotos: Rodrigo Menezes
Serviço:
Espetáculo: Voz Surda
01/11 | Ramos | 19h - Sexta
R. Teixeira Franco, 38 - Ramos, Rio de Janeiro
09/11 | Duque de Caxias | 15h - sábado
Rua General Argolo, 47 - Centro, Duque de Caxias
16/11 | São Gonçalo |19h - sábado
Av. Pres. Kennedy, 755 - Estrela do Norte, São Gonçalo
22/11 | Niteroi | 19h - sexta
R. Padre Anchieta, 56 - São Domingos, Niterói
29/11 | Teatro Sesc Rosinha de Valença | 20h - sexta
Av. Profa. Silvina Borges Graciosa, 44 - Belo Horizonte, Valença
30/11 | Madureira | 16h - sábado
R. Ewbank da Câmara, 90 - Madureira, Rio de Janeiro
06/12 | Campos | 19h - sexta
Avenida Alberto Torres, 397 - Centro - Campos/Rio de Janeiro
Valores: R$ R$10 (inteira) / R$5 (meia entrada em casos previstos por lei) /
Gratuito (crianças e jovens até 16 anos, credencial plena)
Classificação: 14 anos
Duração: 50 minutos
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