Sob parceria do governo Paes, Disque-Denúncia está ajudando mais mulheres vítimas de violência

Sob parceria do governo Paes, Disque-Denúncia está ajudando mais mulheres vítimas de violência

Disque Denúncia do Rio de Janeiro (2253-1177), em quase 30 anos de funcionamento, identificou que as denúncias de agressões contra mulheres são mais frequentes nos fins de semana, principalmente a partir da noite de sexta-feira. No entanto, em 2016, devido à falta de verba, o serviço precisou reduzir seu horário de funcionamento, operando apenas de segunda a sábado, das 7h às 15h, sem atendimento noturno.

Há dois meses, um convênio com a Prefeitura do Rio, sob a gestão do Prefeito Eduardo Paes, tornou possível restabelecer o atendimento 24 horas por dia, sete dias por semana. Desde a retomada do serviço, foram registradas 300 denúncias de violência contra a mulher — um número que, segundo os diretores, seria muito menor se o atendimento permanecesse limitado ao horário antigo.

Renato Almeida, diretor-geral do Disque Denúncia, ressaltou a importância da ampliação do horário: “Vimos que 40% das denúncias contra as mulheres acontecem aos finais de semana e nas madrugadas. E era justamente nesse horário que não atendíamos desde 2016. O retorno do Disque Denúncia 24 horas veio para mitigar essa falha.”

Um exemplo da gravidade das ocorrências atendidas foi o caso de Nádia Aparecida Alves Laje, uma empregada doméstica de 50 anos, que foi esfaqueada na Praia da Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, na noite de 9 de agosto. O principal suspeito é Eduardo Henrique Teixeira Lage, de 56 anos, ex-companheiro de Nádia, que não aceitava o término do relacionamento. A Justiça expediu um mandado de prisão, e ele é considerado foragido.

Bairros da Zona Oeste, como Campo Grande, Santa Cruz e Bangu, lideram o ranking de ligações ao Disque Denúncia desde que o serviço voltou a funcionar 24 horas por dia. O maior volume de queixas ocorre nas madrugadas de sábado para domingo e entre 13h e 20h dos domingos.

Apesar de não ser um serviço governamental, o Disque Denúncia já operou em parceria com a Secretaria de Segurança do Rio de Janeiro, mas os repasses estaduais foram interrompidos em setembro de 2015, resultando na redução do programa. Nos últimos anos, a central foi mantida por doações de empresários e parcerias com prefeituras como Angra dos Reis, Maricá, Niterói e Paraty. Com o novo convênio com a Prefeitura do Rio e a colaboração com a Central de Inteligência, Vigilância e Tecnologia de Apoio à Segurança Pública (Civitas), o número de funcionários foi dobrado, de 41 para 82.

Almeida enfatizou os resultados já alcançados com a ampliação do horário de atendimento. “Nos últimos anos, estávamos recebendo 6 mil denúncias por mês. Nos últimos dois meses, já ultrapassamos 9 mil denúncias/mês, um aumento de 50%. Durante o período em que o serviço ficou inoperante nas madrugadas, finais de semana e feriados, deixamos de receber 200 mil denúncias.”

A retomada do atendimento 24 horas por dia proporciona uma importante ferramenta de denúncia junto aos órgãos de segurança, garantindo 100% de anonimato aos denunciantes e monitorando os resultados das denúncias, o que dá esperança à população e oferece um retorno àqueles que denunciam anonimamente.

Desde sua criação, o Disque Denúncia do Rio de Janeiro já recebeu mais de 3 milhões de denúncias, resultando na apreensão de mais de 100 toneladas de drogas, prisão de 26 mil criminosos e apreensão de mais de 42 mil armas.

Os dados sobre violência contra a mulher no Rio de Janeiro continuam preocupantes. De acordo com o Instituto de Segurança Pública (ISP), nos primeiros sete meses de 2024, 67 mulheres foram mortas por companheiros ou ex-companheiros, enquanto em 2023, 99 foram vítimas de feminicídio em todo o estado, além de 309 tentativas de feminicídio.

O Observatório Judicial da Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher revelou que, nos primeiros sete meses de 2024, a Justiça do Rio expediu 25 mil medidas protetivas de urgência e registrou 43 mil novos casos de violência doméstica nos 92 municípios do estado. Quase 10 mil mulheres foram atendidas em dois núcleos do Tribunal de Justiça.

O 18º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado no mês passado, destacou que, em 2023, todas as modalidades de violência contra mulheres aumentaram no país. No ano passado, 258 mil mulheres foram agredidas, e 1.467 foram vítimas de feminicídio — o maior número já registrado desde a criação da lei.

Por Ultima Hora em 27/08/2024
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