Tarcísio diz que não tem recursos para TV Cultura e pede que emissora busque setor privado

Em reunião após meses de atrito, o governador disse que 'não tem orçamento hoje' para a fundação; encontro abordou criação de taxa voluntária

Tarcísio diz que não tem recursos para TV Cultura e pede que emissora busque setor privado

Após meses de atritos, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) recebeu representantes da Fundação Padre Anchieta , que administra a TV Cultura , para uma reunião de "reaproximação", tal como foi definida pelos seus participantes.

Desde o ano passado, os membros do conselho da Fundação manifestaram preocupação com a possível interferência do governo na programação da emissora. Do lado da gestão estadual, o discurso é de que é preciso reduzir gastos e aumentar a eficiência em todas as áreas.

O encontro aconteceu em 30 de julho, no Palácio dos Bandeirantes, e contou com as presenças do governador, da secretária de Cultura, Marília Marton , e de José Roberto Maluf , presidente da fundação.

Bastidores do programa História em Debate, da TV Cultura, em foto de 1973

Bastidores do programa 'História em Debate', da TV Cultura, em fotografia de 1973 - Armando Borges/Acervo TV Cultura

Duas semanas depois, a secretária e Maluf retomaram o encontro em reunião do conselho curador da fundação.

A ata inclui o relato de Maluf, segundo o que Tarcísio enfatizou que queria eficiência e que "não tem orçamento hoje" para aumentar a receita da fundação.

O governador teria dito ainda que contava com a Fundação para obter recursos junto a terceiros, setor privado, Lei Rouanet e “outras coisas mais”.

Marton, por sua vez, afirmou que Tarcísio deixou claro que "não há nenhum movimento pessoal contra nenhuma entidade ou órgão do estado" e que "não há nenhuma intenção do governo com relação a ditar regras dentro da fundação".

A entrevista ainda descreveu uma proposta mencionada por Maluf na reunião de criar uma taxa que seria embutida nas contas de serviços como água e luz, semelhante ao pagamento pelos britânicos para financiar a estatal BBC.

A diferença é que seria paga voluntariamente pelo voluntário para custear a TV Cultura. A ideia surgiu na gestão de Mário Covas (PSDB), em 1998, mas nunca foi rompida .

Tarcísio de Freitas em 2024

Tarcísio de Freitas em 2024

 

“O governador [Tarcísio] falou que propostas que vinham do Covas sempre foram muito inovadoras, e que inclusive ele ia ver com a Procuradoria da possibilidade ou não”, disse Marton, que voltou a frequentar reuniões do conselho após quase um ano de ausência . Segundo apurou o Painel, no entanto, o governo estadual não cogita a criação da taxa.

A situação financeira da TV Cultura foi descrita em tom crítico na reunião do conselho, com destaque para o contingenciamento de quase R$ 13 milhões , recurso que desde então o governo Tarcísio liberou.

Nesse contexto, os membros do conselho chegaram a discutir um plano de comunicação para informar o público sobre a descontinuação de programas da TV Cultura devido a uma questão orçamentária.

Marton ainda disse, no debate sobre publicidade, que a TV Cultura precisa ter maturidade para "não chegar ao extremo de ter termos comerciais como a TV comum e também não achar que esse recurso não é importante em um momento em que a gente fala sobre eficiência" .

Marília Marton, secretária de Cultura, durante evento no Museu do Futebol

Marilia Marton, secretária de Cultura, durante evento no Museu do Futebol - Ronny Santos-15.jul.2024/Folhapress

Em nota, a Secretaria de Cultura afirma que “na composição de receitas [da Fundação Padre Anchieta] são recursos provenientes de apoio do governo, de leis de incentivo e venda de serviços. registrou um crescimento real de aproximadamente 10% ante o de 2023. Todos os recursos foram liberados e não há nenhum contingenciamento”.

Maluf, por sua vez, confirma ter conversado com o governador sobre a proposta de gestão Covas e diz que "a TV Cultura estuda uma nova alternativa, ainda embrionária".

Com informações Estadão

 

Por Ultima Hora em 04/11/2024
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