Trump clama por União nos EUA, mas liga Imigração à Criminalidade em Discurso após Atentado

Ex-presidente evitou citar o nome de Joe Biden, mas criticou os democratas em diversas ocasiões e associou imigração à criminalidade

Trump clama por União nos EUA, mas liga Imigração à Criminalidade em Discurso após Atentado

Em sua primeira fala após ser alvo de um atentado, o ex-presidente Donald Trumpafirmou que a divisão nos Estados Unidosprecisa ser curada. No entanto, após adotar um tom moderado na primeira parte do discurso, o republicano atacou os democratas em diversas oportunidades e afirmou, sem apresentar provas, que a imigração provocou aumento na criminalidade. 

Contexto do Discurso 

Na quarta noite consecutiva de convenção, nesta quinta-feira (18), Trump apareceu com um curativo na orelha direita, que ficou machucada após o atentado de sábado (13). Antes do discurso, o Partido Republicano divulgou trechos do texto que seria lido porTrump. No entanto, o ex-presidente improvisou em vários momentos e evitou citar o nome de Joe Biden, referindo-se a ele como "atual administração". 

Principais Pontos do Discurso 

Durante o discurso, Trump: 

Relembrou o atentado na Pensilvânia;

Pregou união nos Estados Unidos, mas criticou os democratas;

Defendeu a proteção nas fronteiras e atacou imigrantes ilegais;

Fez promessas para a economia e controle da inflação;

Falou sobre a guerra na Ucrânia e no Oriente Médio.

Trump já foi oficializado como candidato doPartido Republicano na eleição presidencial marcada para novembroO vice na chapa será J.D. Vance, atual senador por Ohio. 

Relato do Atentado 

Trump relembrou o atentado que sofreu naPensilvânia, no sábado (13). Ele afirmou que esta será a única vez que comentará o assunto, por ser "muito doloroso". Agradeceu ao povo norte-americano pelo apoio dado após o ataque e afirmou que ficou a menos deum centímetro da morte. 

Trump relatou que estava falando sobre umgráfico de imigração quando se virou. Em seguida, ouviu um barulho de tiro e viu sangue ao levar a mão à orelha. O ex-presidenteagradeceu aos agentes do Serviço Secreto pela proteção e disse que sentiu a presença de Deus após o atentado. 

"Se eu não tivesse virado a cabeça naquele momento, aquele assassino teria atingido o seu alvo. E nós não estaríamos juntos aqui hoje. [...] Tive Deus do meu lado." 

Trump disse que fez um aceno ao público para demonstrar que estava bem e pediu para que as pessoas lutassem. O ex-presidentetambém relatou que conversou com as duas vítimas que se feriram no atentado. Em seguida, Trump levantou o capacete do bombeiro Corey Comperatore, que morreu no ataque, e fez uma homenagem, anunciando ajuda financeira à família. 

"Apesar de um ataque tão hediondo, nos unimos esta noite mais determinados do que nunca. Nossa determinação está intacta e nosso propósito permanece o mesmo: entregar um governo que sirva ao povo americano." 

Apelo à União 

No início do discurso, Trump defendeu a união, afirmando que todos são cidadãos de um mesmo país. Ele também disse que a eleição presidencial será sobre como resolver os problemas enfrentados pelos Estados Unidos.

"Estou concorrendo para ser presidente de toda a América, não da metade. Não há vitória em ganhar por metade da América."

O republicano também fez um aceno à diversidade, citando até mesmo o partido democrata e imigrantes. 

"A cada cidadão, seja jovem ou velho, homem ou mulher, democrata, republicano ou independente, negro ou branco, asiático ou hispânico, estendo a vocês uma mão de lealdade e amizade.

No entanto, logo em seguida, Trump disse que o Partido Democrata usa a Justiça dos Estados Unidos como arma e alegou que sofre uma "caça às bruxas" por parte dos opositores.

Imigração e Criminalidade 

No discurso, Trump prometeu fronteiras seguras, se for eleito. Ele afirmou que reestabelecerá a lei e a ordem, além do patriotismo. Além disso, o ex-presidenteligou a imigração ao aumento da criminalidade nos Estados Unidos, sem citar provas. 

"Temos uma crise de imigração ilegal. Uma invasão massiva em nossa fronteira sul que espalhou miséria, crime, pobreza, doença e destruição em comunidades por todo o nosso território." 

Esse tipo de discurso do ex-presidente já foi refutado outras vezes. Pesquisadoresafirmam que a proporção de crimes violentos cometidos por imigrantes irregulares não é maior do que a taxa registrada entre cidadãos norte-americanos

Trump prometeu ainda fechar a fronteira com o México e finalizar a construção de um muro entre os dois países. A obra foi iniciada na gestão dele, entre 2017 e 2021

O ex-presidente disse que as cidades dos Estados Unidos estão "inundadas de imigrantes ilegais", e que os americanos estão sendo "expulsos". 

"Eles [imigrantes] estão vindo de prisões e cadeias, de instituições mentais e asilos, e terroristas em níveis nunca antes vistos." 

Trump prometeu a maior operação de deportação da história do país. 

Economia e Inflação 

Trump fez críticas à gestão do presidente Joe Biden. Ele afirmou que os preços subiram durante o governo democrata e que empregos foram cortados. Em seguida, o ex-presidente prometeu redução nos impostos e nos custos para a produção de energia. 

"Sob meu plano, os rendimentos vão disparar, a inflação vai desaparecer, os empregos vão voltar com força total, e a classe média vai prosperar como nunca antes." 

Ele também afirmou que acabará com a política de incentivo à produção e uso de carros elétricos. Trump classificou leis ambientais adotadas recentemente como "ridículas". 

Trump também afirmou que vai trazer de volta o "sonho americano" e que os Estados Unidos estão à beira de uma nova "era dourada". 

Guerra na Ucrânia e no Oriente Médio 

Trump disse que o planeta está se encaminhando para a Terceira Guerra Mundial e prometeu acabar com as guerras na Ucrânia e no Oriente Médio. O ex-presidente disse que vai trazer paz e estabilidade para o mundo e afirmou que nenhum conflito foi iniciado durante a gestão dele. 

Além disso, o republicano criticou gestões anteriores, incluindo a do republicano George W. Bush. Ele afirmou que, nos mandatos passados, a Rússia promoveuinvasões em outros países. 

Trump também classificou a retirada das tropas dos Estados Unidos do Afeganistão, durante o governo Biden, como "desastrosa". 

"Encorajados por aquele desastre, a Rússia invadiu a Ucrânia. Israel sofreu o pior ataque de sua história. Agora a China está cercando Taiwan, e navios de guerra e submarinos nucleares russos estão operando a 60 milhas de nossa costa, em Cuba." 

Ao se referir à Coreia do Norte, Trump disse que conseguia lidar com o líder Kim Jong-unenquanto era presidente. Os dois chegaram a se reunir, em 2019. 

"É bom conviver com alguém que tem muitas armas nucleares", disse. "Ele [Kim] também gostaria de me ver de volta. Acho que ele sente minha falta", afirmou. 

Já em relação ao conflito no Oriente Médio, ele prometeu que o Hamas pagará um "preço alto" se os reféns mantidos pelos terroristas não forem libertados até que ele assuma a presidência. Por fim, Trump prometeu construir um "Domo de Ferro" para garantir que nenhum inimigo ataque os Estados Unidos. 

Relembre o Atentado 

Trump estava fazendo um comício na cidade de Butler, na Pensilvânia, quando foi alvo do atentado. Um vídeo registrou o exato momento em que o ex-presidente reage ao ouvir tiros de arma de fogo. Um espectador morreu e outros dois ficaram feridos. 

Durante os disparos, Trump levou a mão à orelha e se abaixou. Na sequência, agentes do Serviço Secreto dos Estados Unidos protegeram o republicano. Ele foi retirado do local instantes depois. Antes, acenou para o público e apareceu com a orelha ensanguentada. Trump foi levado para o hospital e recebeu alta cerca de três horas depois. 

O ex-presidente fez uma publicação horas após o atentado em uma rede social para comentar o ocorrido. 

"Eu levei um tiro que atingiu o pedaço superior da minha orelha direita. Eu soube imediatamente que algo estava errado quando ouvi um zumbido, tiros e imediatamente senti a bala rasgando a pele. Sangrou muito, e aí me dei conta do que estava acontecendo", escreveu Trump.

O atirador foi identificado como Thomas Matthew CrooksEle tinha 20 anos e foi morto por um sniper do Serviço Secreto dos Estados Unidos. Com ele, as autoridades encontraram um fuzil AR-15O FBI está investigando a motivação do atentado. Celulares e equipamentos eletrônicos de Crooks estão sendo analisados. As autoridades já revelaram que o atirador pesquisou sobre informações e datas envolvendo Trump e Biden.

 

 

Por Ultima Hora em 21/07/2024
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