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Quem acompanha meus artigos e postagens no Instagram sabe que, quando falo de comércio exterior, gosto de tratar com clareza, equilíbrio e principalmente diplomacia. Afinal, o mundo dos negócios internacionais se parece muito com um grande tabuleiro de xadrez: cada movimento precisa ser pensado, cada decisão tem consequência. E no meio desse tabuleiro, Donald Trump mexe suas peças com ousadia – e com risco.
Quando Trump decide impor tarifas sobre produtos de países parceiros como China, Brasil, União Europeia e Canadá, ele não está apenas subindo o tom nas negociações. Ele muda as regras do jogo. Pula a etapa do diálogo e joga a partida no modo “cada um por si”.
Essa estratégia agressiva, conhecida como “tarifaço”, desorganiza cadeias produtivas, pressiona preços e gera desconfiança nos mercados globais. Em vez de construir pontes, ele levanta muros. E o resultado disso é uma guerra comercial onde ninguém sai ganhando – nem mesmo os Estados Unidos.
Um dos argumentos usados para justificar essa postura é a tentativa de reindustrializar os Estados Unidos, trazendo fábricas de volta ao território americano e reduzindo a dependência da produção asiática. No entanto, essa volta ao passado ignora a lógica atual das cadeias globais de valor, que são interconectadas e altamente especializadas. Forçar uma industrialização à base de tarifas pode até gerar manchetes, mas não garante competitividade — e muito menos sustentabilidade a longo prazo.
As tensões comerciais não afetam apenas os gigantes. Elas respingam nos pequenos exportadores, nos consumidores comuns e nas economias que ainda estão tentando ocupar espaço nesse tabuleiro internacional. O Brasil sente o impacto. Empresas perdem mercado, projetos são adiados, investidores recuam.
Mais do que uma briga entre potências, o que vemos é um alerta sobre os perigos de decisões unilaterais, tomadas sem escuta e sem base técnica. E esse alerta ainda ecoa. Até hoje, os efeitos dessa postura protecionista ainda estão sendo digeridos por quem vive o dia a dia do comércio global.
No Brasil, é hora de aprender com o jogo. Defender a indústria nacional é necessário, sim. Mas isso se faz com estratégia de longo prazo, inovação, inteligência comercial e, principalmente, negociação com maturidade. Não se vence uma partida de xadrez apenas com força – vence-se com visão.
Fica aqui o recado: no comércio exterior, quem joga sozinho perde a chance de construir soluções duradouras. E o custo, cedo ou tarde, vem bater à porta.
*Especialista em Comércio Exterior
Presidente do Conselho de Relações Internacionais e Comércio Exterior da ACRJ
Mediadora e Professora de International Business Plan na BSSP
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