Um dia de cada vez

Um dia de cada vez

Muita coisa pra explicar

Embora tenha negado quaisquer adulteração ou falsificação em seu cartão de vacina e até se emocionado fortemente, hoje, ao se defender da operação da Polícia Federal em que é alvo, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tem muito, mas muito a explicar às autoridades, aos seus fiéis seguidores e à sociedade em geral. Diz um ditado clichê, mas muito certeiro: "onde há fumaça, há fogo".

Investigação

E é essa premissa que se revela nas apurações da Polícia Federal, por meio da Operação Venire, que cumpriu mandados de busca, apreensão e prisão nesta quarta-feira, 3 de maio, e prendeu o "sombra" do ex-presidente, o ajudade de ordens e "faz-tudo", coronel Mauro Cid. Para a PF, Bolsonaro tinha plena ciência destes fatos.

Lindôra pensa diferente

A vice-PGR, Lindôra Araújo, no entanto, se manifestou contra o mandado de busca e apreensão na residência de Jair Bolsonaro. Em seu entendimento, não tinha como vincular a fraude ao cartão de vacina ao ex-presidente. Mas estes argumentos não convenceram o ministro do Supremo, Alexandre de Moraes, que autorizou a operação da PF.

Vacinou ou não vacinou?

Não é de hoje que o mistério ronda o cartão de vacina do ex-presidente. Muito, inflamado por ele mesmo ao impor sigilo centenário ao documento. Muito também pelo seu negacionismo durante os momentos mais críticos da pandemia da Covid-19, em que mais de 600 mil pessoas morreram à revelia do Estado e de qualquer sensibilidade do chefe máximo da Nação. Bolsonaro continua afirmando com veemencia que não se vacinou. Tem caroço nesse angu.

Em tempo real

O deputado federal André Janones (Avante-MG) não se fez de rogado e nem perdeu a oportunidade de publicitar o que aconteceu durante todo este dia no âmbito da Operação Venire, principalmente no tocante ao ex-presidente Bolsonaro. O parlamentar usou suas redes sociais para deixar seus seguidores e eleitores informados do que estava acontecendo.

Pressão

Ao final, Janones informou que enviou ofício à PF para que mantenha sob custódia o aparelho celular de Bolsonaro - que também foi apreendido - até que seja instalada a CPI mista que vai investigar os atos de vandalismo praticados no dia 8 de janeiro à sede dos Três Poderes. Bolsonaro é investigado no inquérito que tramita no Supremo como um dos mentores e incentivadores da arruaça criminosa.

Dúvidas

Diante da ação federal que atinge diretamente Bolsonaro, sua família e aliados, surge um questionamento no ar: será se a oposição e os bolsonaristas ainda vão defender de olhos fechados a instalação da CPI mista para apurar os atos golpistas que ocorreram no país? Vamos ver o que acontece já nesta quinta-feira, 4.

'Não é sem lei'

Roberto Freire, presidente nacional do Cidadania, disse à Coluna que a internet não é terra sem lei e lembrou que, antes mesmo de toda essa celeuma em torno do PL das Fake News, o Congresso Nacional já havia aprovado o marco regulatório da internet, o que tem embasado inquéritos e investigações no STF de crimes que violam o que ficou definido nesta legislação. Mas ele pontuou que, o combate rígido e certeiro dos crimes cibernéticos, não se faz apenas com uma legislação rigorosa, mas sobretudo e, principalmente, por mais "efetivas e investigativas da polícia dos crimes cibernéticos".  

Sem debate

Na avaliação de Freire, hoje, o ponto polêmico do PL das Fake News é a monetização da imprensa e outros aspectos financeiros legítimos, mas que deveriam ter uma discussão mais expansiva e à parte. "O debate está desmantelado e isso fica evidente pelas palavras do próprio relator que ainda não tem um texto completo e por isso pediu inclusive a retirada de pauta". O político também criticou o governo Lula ao usar o conceito de segurança nacional, que se alude à ditadura militar de 64, colocando a democracia em risco nesse sentido.
 

Por Coluna Valéria Costa em 03/05/2023
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