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Entre janeiro de 2014 e dezembro de 2024, 430 coletivos foram incendiados, a maioria na capital
O nome não deixa dúvidas: “Ônibus em chamas”. Dados da plataforma digital lançada no início de dezembro pela Federação das Empresas de Mobilidade do Estado do Rio de Janeiro (Semove) revelam que, entre janeiro de 2014 e dezembro de 2024, 430 coletivos foram incendiados em ataques criminosos no estado. Significa dizer que, em média, a cada nove dias, um ônibus foi queimado. A maioria dos casos aconteceu em áreas próximas a comunidades. As motivações para as investidas criminosas, segundo o material apresentado na plataforma, variaram de manifestos por mortes e represálias a operações policiais a protestos contra fornecimento de energia e de água.
Segurança pública
A maior parte dos ataques (239) ocorreu na cidade do Rio de Janeiro e está relacionada a problemas de segurança pública. Mas em pelo menos um dos casos, no dia 17 de janeiro, na Estrada de Sepetiba, em Santa Cruz, pessoas não identificadas atearam fogo em um coletivo durante um protesto por falta de energia elétrica e água em uma comunidade.
Em segundo lugar na lista das investidas criminosas que deixam os passageiros a pé, aparece Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Na cidade, 55 coletivos foram incendiados entre 2014 e 2024. Também há registros em outras localidades da Região Metropolitana. A prática delinquente atingiu, no período alcançado, um total de 25 cidades do estado, incluindo municípios do interior, como Macaé, no Norte Fluminense, Paraty, na Costa Verde, e Barra Mansa, no Sul Fluminense.
Em média, são necessários seis meses para a reposição de um coletivo incendiado: é o tempo para um veículo semelhante ser encomendado, construído e legalizado. Como as empresas não trabalham com seguro, cada ônibus novo significa um prejuízo de R$ 850 mil (preço atual de uma unidade). Segundo cálculos da Semove, considerando que um veículo transporta até 70 mil passageiros em seis meses, mais de 30 milhões de lugares deixaram de ser oferecidos no sistema de linhas municipais e intermunicipais desde 2014. O número de usuários não transportados é equivalente à soma do total de habitantes dos estados do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul, segundo dados divulgados pelo IBGE.
Quem acessa a plataforma (onibusemchamas.semove.org.br) pode, com um clique, ou por QR code, consultar cada caso registrado no estado, com acesso a informações como data, local, a quantidade de ataques, a empresa responsável pela operação da linha e os custos para reposição dos coletivos destruídos. Em alguns dos casos, consta ainda a provável causa que motivou a ação criminosa. Segundo a Federação das Empresas de Mobilidade, os dados serão atualizados toda vez que um ônibus for incendiado. Além das redes sociais, a divulgação da campanha também é feita em outdoors espalhados pela região metropolitana e em terminais de ônibus. Nos primeiros, há um QR code que acessa o caminho do site da Semove.
Nos terminais rodoviários de Nova Iguaçu e de Nilópolis, adesivos do tamanho de um coletivo, com a inscrição “quando as chamas consomem um ônibus, a sua liberdade vira cinzas”, foram colocados no chão de plataformas de embarque.
— É um crime recorrente (queima de ônibus) e que muitas vezes é minimizado. Então, o objetivo é que as pessoas tenham essa informação. É uma plataforma, um website, que tem estatísticas com dados desde 2014. Você, de fato, tem um raio-x, vamos dizer assim, do que está acontecendo. A ideia é que a gente mostre que esses números são alarmantes e que, a partir dessa plataforma, a gente consiga mostrar quanto isso prejudica a população— disse Eunice Horácio, gerente de mobilidade da Semove.
Procurada, a Polícia Militar esclarece que o comando da corporação está engajado em coibir tais práticas criminosas, assim como prender os seus respectivos autores. Segundo a PM, em outubro deste ano foi criado o Batalhão Tático de Motociclistas (BTM), com 210 motocicletas, que visa tornar mais ágil e dinâmico o deslocamento das equipes policiais pelas vias do espaço urbano, inclusive em ocorrências que possam tornar vulneráveis os coletivos. A PM também relembrou a importância de a população colaborar, repassando informações sobre os atos criminosos para o Disque-Denúncia (2253-1177) ou para a central 190.
Com informações do Extra online.
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