Vereador de Niterói Leonardo Giordano quer o fim do silêncio dos bolsonaristas sobre os furtos de joias, ASSISTA

Quais são e quanto valem as joias que auxiliares de Bolsonaro tentaram vender?

Vereador de Niterói Leonardo Giordano estranha o silêncio dos bolsonaristas sobre os furtos de joias.

Quais são e quanto valem as joias que auxiliares de Bolsonaro tentaram vender?

Presentes dados por autoridades estrangeiras incluem kit da grife de luxo Chopard, dois relógios (um Rolex e um Patek Philippe) e duas esculturas folheadas a ouro. Objetos de alto valor devem ser entregues ao acervo da Presidência – ou seja, são bens públicos, e não pessoais.

Um kit da grife de luxo Chopard, dois relógios (um Rolex e um da marca Patek Philippe) e duas esculturas douradas folheadas a ouro. Esses são os itens que, dados por delegações estrangeiras ao governo durante gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro, teriam sido desviados e negociados por seus auxiliares, segundo uma investigação da Polícia Federal.

Objetos de alto valor devem ser obrigatoriamente entregues ao acervo da Presidência da República – ou seja, são bens públicos, e não pessoais.

Veja, abaixo, detalhes dos presentes oficiais cuja negociação ilegal foi identificada pela PF:

Joias e Rolex

Joias e Rolex de Bolsonaro — Foto: Reprodução

Joias e Rolex de Bolsonaro — Foto: Reprodução

Em outubro de 2019, durante outra viagem oficial de Bolsonaro à Arábia Saudita, o governo recebeu um kit com:

  • anel;
  • abotoaduras;
  • um rosário islâmico ("masbaha”);
  • e um relógio da marca Rolex, de ouro branco com diamantes.

O relógio em ouro branco foi negociado junto com o relógio Patek Philippe (veja mais abaixo). Ao todo, os dois foram vendidos por US$ 68 mil (pouco menos de R$ 347 mil na cotação da época, segundo a PF). A investigação não aponta estimativa de valor para os outros itens.

O relógio Rolex negociado ilegalmente nos Estados Unidos é fabricado em ouro branco cravejado em diamantes e com mostrador em madrepérola branca, também cravejado em diamantes.

Já nos Estados Unidos, após ter sido transportado em voo oficial no fim de 2022, o kit foi desmembrado pelos assessores de Bolsonaro. O relógio foi vendido a uma empresa especializada, e as joias, entregues para venda em outra firma.

Assim como o kit de ouro rosé, esse kit de ouro branco teve de ser resgatado pelos aliados de Bolsonaro depois que o TCU determinou a devolução dos itens ao governo federal.

A operação de resgate envolveu Frederick Wassef, advogado e amigo de Jair Bolsonaro, e o ex-ajudante de ordens Mauro Barbosa Cid. Cid chegou ao Brasil em 28 de março com as joias, e Wassef, no dia seguinte, com o relógio.

O kit foi remontado e entregue em uma agência da Caixa, em Brasília, em 4 de abril de 2023.

Kit da Chopard

Joias da Chopard recebidas como presente oficial pelo governo Jair Bolsonaro e levadas a leilão nos EUA — Foto: Fortuna Auction/Reprodução

Joias da Chopard recebidas como presente oficial pelo governo Jair Bolsonaro e levadas a leilão nos EUA — Foto: Fortuna Auction/Reprodução

Em outubro de 2021, durante viagem do então ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, à Arábia Saudita, o governo brasileiro recebeu um kit com itens da marca Chopard que tinha:

  • uma caneta;
  • um anel;
  • um par de abotoaduras;
  • um rosário árabe ("masbaha");
  • e um relógio.

Segundo o relatório da PF, esse kit deixou o Brasil no mesmo voo oficial que levou Jair Bolsonaro e assessores à Flórida, nos Estados Unidos, no penúltimo dia do mandato presidencial.

O pacote foi anunciado por uma casa de leilões sediada em Nova York com valor inicial de US$ 50 mil (R$ 245 mil) e valor estimado entre US$ 120 mil (R$ 588 mil) e US$ 140 mil (R$ 686 mil). Ele não chegou a ser arrematado.

O anúncio feito pela casa de leilões indica que o relógio da Chopard foi fabricado em ouro rosé 18 quilates (o mesmo das outras peças) e faz parte de uma série limitada – apenas 25 desse modelo foram produzidos.

O anúncio feito pela casa de leilões indica que o relógio da Chopard foi fabricado em ouro rosé 18 quilates (o mesmo das outras peças) e faz parte de uma série limitada – apenas 25 desse modelo foram produzidos.

Além do ouro rosé, há diamantes no rosário e na caneta. Nas abotoaduras e no anel, a superfície mais destacada é lisa – "ideal para um monograma de prestígio", sugere a empresa de leilões.

Depois que o Tribunal de Contas da União (TCU) mandou Bolsonaro entregar esse kit à Caixa Econômica Federal, em março, os bens foram "resgatados" na casa de leilão e devolvidos ao governo.

Veja abaixo o vídeo de divulgação do "lote":

Casa de leilões em Nova York mostra kit de joias que aliados de Bolsonaro tentavam vender

Casa de leilões em Nova York mostra kit de joias que aliados de Bolsonaro tentavam vender

Esculturas folheadas

Bolsonaro recebe palmeira folheada a ouro como presente oficial em evento no Bahrein — Foto: PF/Reprodução

Bolsonaro recebe palmeira folheada a ouro como presente oficial em evento no Bahrein — Foto: PF/Reprodução

Em novembro de 2021, Bolsonaro recebeu, segundo a PF, uma escultura de barco folheada a outro em um seminário com empresários árabes e brasileiros no Bahrein. Quanto à outra escultura, de palmeira e também folheada a ouro, a PF não identificou a origem.

A investigação não identificou valores, mas mensagens de Mauro Cid, principal ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, indicam que as peças foram avaliadas com valores baixos porque eram apenas "folheadas", e não de ouro maciço.

As duas estatuetas recebidas por Bolsonaro como presentes oficiais também foram levadas no voo oficial para Orlando, na Flórida, na véspera do fim do mandato em 2022. De lá, seguiram para Miami, no mesmo estado.

Relógio Patek Philippe

Relógio Patek Philippe negociado por assessores de Bolsonaro, ilegalmente, nos Estados Unidos — Foto: PF/Reprodução

Relógio Patek Philippe negociado por assessores de Bolsonaro, ilegalmente, nos Estados Unidos — Foto: PF/Reprodução

Segundo a PF, possivelmente na mesma visita oficial de Bolsonaro ao Bahrein em novembro de 2021, o governo recebeu um relógio Patek Philippe. O item foi negociado junto com o Rolex de ouro branco que fazia parte de um dos kits dados pela Arábia Saudita.

Ao todo, os dois foram vendidos por US$ 68 mil (pouco menos de R$ 347 mil na cotação da época, segundo a PF).

O Patek Philippe foi negociado junto com o relógio de ouro branco de um dos kits da Arábia Saudita. Ao todo, os dois foram vendidos por US$ 68 mil (pouco menos de R$ 347 mil na cotação da época, segundo a PF).

O item da marca suíça, uma das mais tradicionais grifes do setor em todo o mundo, não foi sequer registrado oficialmente no acervo do governo federal.

Segundo a PF, a peça foi extraviada do acervo oficial "diretamente para a posse do ex-presidente Jair Bolsonaro".

A PF destacou que fotos do relógio foram enviadas por Mauro Cid para um contato cadastrado em sua agenda como "Pr Bolsonaro Ago/21" em 16/11/21, ainda durante a viagem ao Bahrein.

Também foi enviada ao mesmo contato uma fotografia do certificado do relógio, indicando que ele era original de uma loja daquele país.

Como o relógio não havia sido registrado, no entanto, não foi necessária uma "operação" para "recuperar o referido bem, pois, até o presente momento, o Estado brasileiro não tinha ciência de sua existência."

Joias na Receita

Polêmicas envolvendo joias dadas ao governo durante a gestão Bolsonaro, entretanto, não vieram à tona apenas agora.

Como revelado pelo jornal "O Estado de S. Paulo" em março de 2023, um kit de joias dado pela Arábia Saudita ao governo Bolsonaro ficou retido no Aeroporto de Guarulhos, na Receita Federal, desde o fim de 2021.

Os itens foram encontrados na mochila do militar Marcos André dos Santos Soeiro, que assessorava o então ministro Bento Albuquerque.

A perícia da Polícia Federal nas joias que estavam com a comitiva e foram apreendidas pela Receita no aeroporto em Guarulhos indicou que o colar, o par de brincos, o anel e o relógio estão avaliados em R$ 5,1 milhões.

Agora, o Ministério Público Federal de São Paulo pediu à Justiça que o inquérito sobre as joias sauditas recebidas passe a tramitar no Supremo Tribunal Federal (STF). No pedido feito à Justiça, o MPF de SP afirmou que o caso sob investigação em Guarulhos tem conexão com os fatos em análise no STF.

Joias apreendidas pela Receita Federal chegaram a ser incluídas no acervo pessoal do então presidente Bolsonaro

FONTE G1

Por Ultima Hora em 17/08/2023
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